Austin LetterAqueles segundos.
Aqueles malditos segundos, segundos de angústia enquanto o médico observava sua caderneta. Aqueles segundos que se alargam podendo definir seus próximos dias.
Eu não havia visto meu pai ainda, aquilo me deixou incomodada e me ponho a perguntar, meus lábios se mexem mas sou interrompida pelo médico, que acaba com o silêncio existente.
— Sinto muito, sua mãe acabou de perder o bebê. Ela não estava preparada fisicamente para isso, acabou não dando conta de tantas mudanças.
Sinto um peso em meu peito, meu estômago se contrai e uma lágrima solitária escorre pela minha bochecha.
— Sei que é um acontecimento muito triste, já estava com 12 semanas de gestação. Era uma menina.
Uma menina.
Eu iria ter uma irmã, uma parceira nesse mundo que eu nunca abandonaria, nunca deixaria faltar nada e que eu faria ser a pessoa mais amada de todo o mundo.
— Vocês podem entrar no quarto dela, é a primeira porta à esquerda. — o médico nos mostra o caminho e da um passo para trás.
Olho para meu ex namorado e atual vizinho, vejo tristeza em seus olhos também. Sei também que não é por minha mãe.
Ele me manda um sorriso fraco e vai caminhando na frente, provavelmente cansado de insistir em tocar em mim.
Entro no quarto e vejo minha mãe deitada na cama, seu rosto não expressava nenhum sentimento, nenhuma emoção. Apenas encarava a janela pensando longe.
Meu pai transmitia tristeza, ele segurava a mão dela por cima dos lençóis em sinal de apoio.
Assim que entro no quarto o rosto dois dois se viram para mim. Meu pai nem pensa duas vezes e vem até mim.
Seus braços em minha volta me afundam em seu abraço e eu aproveito para chorar. Chorar pela perda de uma possível felicidade em minha vida.
— Estamos todos muito tristes minha filha, mas eu sei que vamos todos ficar bem. — ele beija o topo da minha cabeça.
— Era uma menina. — digo em meio às lágrimas.
— Eu sei. — disse em um suspiro.
Me desfaço de seus braços e limpo as lágrimas que ali escorriam. Encaro minha mãe dessa vez e vejo que ela já estava nos observando.
— Você estava trabalhando? — foi a primeira e única coisa que ela disse.
— Estava parado hoje, então Britannie me deu folga. Ela também estava preucupada.
Ela solta uma risada irônica.
— É, e devia pelo jeito. — ela não estava mais me encarando.
Me aproximo.
—Não era um menino. — diz olhando pela janela.
Engulo em seco.
— Eu sei.
— Por isso eu perdi. Nunca me permitiria ter outra menina. — ela volta a me encarar, aqueles olhos cheios de fúria. — Porque você acha que eu tomava aquelas pílulas? Eu já sentia.
Olho abismada para ela, eu não estava acreditando nas merdas que ela estava falando.
— Lívia. — meu pai a chama em advertência.
— O que foi? Estou sendo sincera, não quero mais filhos, isso foi totalmente um erro. Eu já tenho uma e já é demais conseguir lidar com tanta rebeldia.
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Danificado
RomanceDuologia Destruicion Um acidente terrível acabou com a vida de Henry Holloway. Não teria como ser lutador, seus sonhos tiveram que ficar no passado. Não podendo mais andar, sua vida mudou drasticamente onde seus melhores amigos eram a solidão e a e...