Vinte Cinco

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Henry Holloway

— Te dou duas semanas para se organizar. — Ryan diz enquanto se encostava na parede para me observar melhor.

Hoje era segunda, dia de treinamento físico. Consequentemente, dia de extravasar a raiva distribuindo socos.

Começo a socar o saco de boxer, com tanta força que as vezes tenho que cuidar para não voltar com tudo em minha direção.

Eu percebi que ultimamente estava mais forte, meus braços estavam mais resistentes desde os treinos.

Percebo pelo canto do olho que Ryan pensa a mesma coisa, pois ele sorri.

— Duas semanas pra nós irmos pra capital? — questiono a ele.

— Sim, lembrando que não é a cirurgia e sim exames pra ver se é possível fazê-la.

Assinto com a cabeça, totalmente focado no saco.

— Você está mais forte.— não foi uma pergunta, ele apenas afirmou.

— Estou, eu sinto isso também. — digo à ele tentando não me desconcentrar do exercício.

— Mas, nada das pernas?

— É, isso não. — digo frustrado.

— Tenho pensamentos positivos de que você vai conseguir Henry. — sinto o tom de sinceridade em sua voz, eu acreditava nele. Ou melhor, queria acreditar.

— Isso vindo de você é ótimo. — seguro o saco quando dou um último soco.— Bebidas para comemorar? — levanto uma sobrancelha à ele e o mesmo revira os olhos.

— Boa tentativa, já aprendi a lição. Nada de embebedar o cadeirante. — ele levanta as mãos em sinal de inocência.

Jogo minha toalha nele depois que eu seco meu suor.

— Eii. — ele grita e joga a tolha de volta para mim com cara de nojo.

— De quem você tem medo? Minha mãe? — olho para ele o desafiando a falar.

— Você sabe que não é ela.

Me faço de desentendido.

— Não sei do que você está falando.

Ele semicerra seus olhos e me encara por um segundo.

— Austin, tá legal? É ela. Tenho medo dela.

Caio na gargalhada, e ele fica apenas me observa com uma sobrancelha erguida.

— Não achei graça. — ele comenta irritado.

Eu não cesso minha risada.

— Desculpa, desculpa é que não da. Não acredito que ela amedronta você. — balanço a cabeça mordendo meu lábio inferior para conter o riso.

— Você não tem medo dela? Não tem medo que ela descubra que você bebeu de novo, uma coisa que obviamente ela te avisou para não fazer? — ele pergunta cruzando seus braços em tom de divertimento.

Eu travo, claramente eu tinha medo dela, mas ele não precisava saber disso. Tusso um pouco para limpar a garganta antes de responder ele.

— Por que eu teria? — uso minha melhor voz firme.

Mas ele apenas mexe a cabeça em negação com um sorriso no rosto.

— Mentiroso.

— Tanto faz. Não queria beber mesmo, só queria ver se você tinha aprendido a lição. — dou de ombros e vou com a cadeira até outro aparelho.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora