Quatro

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Austin Letter

A casa de Meredith era linda, a festa era basicamente no primeiro andar, onde tinha de tudo, desde a sala até cozinha e quartos.

Não achei o filho dela em nenhum lugar, infelizmente. Me pergunto que filho não vai na festa de sua própria mãe na sua própria casa.

Levando em consideração a primeira vez que conheci Meredith, dá para perceber que os dois tem alguns problemas de relacionamento.

— Vou aceitar dessa vez porque você já fotografou tudo, mas você precisa para com isso, é estranho demais. — diz Britannie me acordando de meu transe.

— Isso o que?

Ela solta uma risada fraca.

— Você observa demais, as vezes passa seu olhar por algumas pessoas e fica encarando. Agora mesmo você estava encarando o chão fixamente que eu até ia sair para deixar vocês a sós.

— Engraçadinha. — lanço um sorrio torto para ela e vou ate Meredith.

Ela estava com alguns amigos em volta, mas assim que me vê sai de sua rodinha.

— Austin minha querida, é tão bom recebe-la em minha casa. O que está achando da festa?

— Está adoravel, tudo escolhido a dedo. Muito obrigado por ter nos convidado. — sorrio para ela que me abraça confortavelmente.

— Sei que ainda não é seu aniversário, mas eu comprei algo a você.

Entrego para ela o embrulho, ela me olha com seus olhos brilhantes que posso ter certeza que foi dela que seu filho puxou.

Ela abre e a imagem dela sorrindo no casamento aparece. Eu tinha tirado uma foto tão linda, seu sorriso estava a mostra e ela estava radiante.

Ela se emociona.

— Muito obrigada Austin, eu amei. — diz sorrindo para mim.

Ela encara a foto por longos minutos apenas com um sorriso no rosto

Agora eu entendo o que Britannie quis dizer.

— O banheiro fica aonde? — pergunto e logo ela me da as instruções saindo de seu transe.

Acho que acabo me perdendo pelos corredores pois vou para um cheio de portas, não fazia ideia de qual delas era a certa.

Quando escolho finalmente uma e vou firme até ele, um barulho me faz parar.

Ouço um choro, um choro desesperado, vou em direção ao barulho e me deparo com uma porta. Ouço soluços, eu precisava ajudar quem quer que estivesse ali.

Abro a porta e a imagem de Henry deitado chorando aparece em minha visão.

Ele remexia sua cabeça e buscava ar, ele estava soando e seu peito estava contraindo.

Vou até ele e o toco, ele desperta e tenta procurar ar em seu pulmão.

— Ei, acalme-se. Respire fundo. Olhe para mim. — digo em um tom claro.

Ele vira seus olhos para mim, o medo atravessa seu rosto. Ele estava tentando processar quem eu era e porque eu estava ali.

Aquele mar azul me encarrava, se eu não estivesse sentada eu juro que estaria bamba. Levo minhas mãos ao seu cabelo depositando carinho e peço para que ele respire com calma.

— O que você.. você.. — ele tenta concluir, mas eu o impeço.

Faço um gesto para ele se calar e o mesmo para. Depois de alguns minutos Henry consegue se acalmar e finalmente alcançar meu olhos.

— O que você esta fazendo aqui? — perguntou com seus lábios trêmulos.

Sorrio amigavelmente a ele.

— Fotografei o aniversário de sua mãe.

Ele apenas assente com a cabeça e desvia seu olhar do meu. Eu não tinha percebido, mas eu ainda estava acaraciando seus cabelos, então eu paro e vejo que ele resmunga baixinho.

— Você está bem? — pergunto me certificando de seu estado.

Ele respira fundo novamente.

— Era apenas um pesadelo, to acustumado.

— Não pareceu. — ele me encarou com um olhar irritado e com a testa franzida.

Ele se arruma no colchão e puxa o travesseiro para poder sentar na cama.
Suas pernas estavam estranhas, ele não mexia elas, de certo tinha machucado ou algo do tipo.

Agoro percebo que ele estava sem camisa, meus olhos percorrem seu peito e seus músculos me fazem babar. Ele era extremamente gostoso.

— Encarar é feio, Austin. — ele diz com seus lábios inclinados em um sorriso calmo.

Eu precisava parar com isso.

— Já me disseram isso. — digo e minhas bochechas coram.

Ele solta uma risada baixa e semicerra seus olhos para mim.

— Você é muito bonitinha quando está corada, já é a segunda vez. E olha que só conversamos duas vezes.

— Cala a boca Henry. — digo e rio, mas ele automaticamente fecha sua cara. — Ei, eu estava brincando.

Ele balanca a cabeça.

— Está tudo bem.

O silencio tomou conta, nem ele nem eu sabíamos o que falar. Aproveitei para observar seu quarto, ele era grande. Tinha uns ferros em alguns lugares das paredes, era muito escuro com as paredes pintadas de preto. Sua cama era enorme, avisto uma cadeira de rodas no canto. Olho estranha para ela, por que ele tinha isso no quarto dele?

— Já que você está encarando, poderia pegar ela pra mim? Acho que joguei longe demais no calor da emoção.

Olho para ele com confusão aparente em meus olhos.

— Por que você quer ela?

Ele me olha, me olha por dentro. Profundamente. Agora ele estava me observando, um arrepio percorre pelo meu corpo.

— Se você não percebeu ainda, eu não consigo andar. Perdi o controle e a sensibilidade das minhas pernas em um acidente a mais ou menos dois anos. — me responde sem problemas com isso.

Meus olhos saltam de meu rosto e eu fico boquiaberta, agora tudo de encaixava. Eu conhecia ele, eu sabia sua história.

— Henry Holloway?

Ele sorri.

— O próprio.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora