Cinco

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Henry Hollaway

Era estranho pensar que eu falaria com uma pessoa que não fosse minha mãe, ainda mais uma pessoa que me conhecia antes do acidente.

Austin foi uma grande surpresa para mim. Quando ela soube quem eu era, ela não me olhou com pena, ela não me olhou julgando pelo meu passado que eu sei muito bem que ela conhecia, ela apenas olhou para mim. Esse Henry Holloway, que teve difucultades para conseguir se acustumar com essa nova vida.

Ela me ajudou com a cadeira, e passou a noite inteira conversando comigo. Ela era quieta na época da escola então não lembro de ter a visto, mas se eu estivesse também nunca repararia nela, Austin era legal demais para isso.

Minha mãe chegou logo depois, ela sorriu quando viu que eu tinha companhia, abracei ela e desejei feliz aniversário.

Não é que eu odiava ela, era muito pelo contrário. Eu me odiava, odiava o jeito que eu a travata, eu odiava o modo como a tratei naquele dia. Eu não merecia uma mãe como ela.

Austin teve que ir embora mas não sem antes me dar seu número de telefone.
Eu não tinha coragem de chamar ela, nesse tempo eu tinha até esquecido como usar um celular.

Talvez ela só estava brincando comigo, quem iria querer um aleijado? Um cara que precisa de uma cadeira de rodas para se locomover?

A não ser minha mãe, ninguém.

Ela é fotografa, independente, ela não precia de mais um peso em sua vida. Mas talvez eu precisasse de uma amiga, eu precisasse de outra pessoa em minha vida.

Na escuridão do meu quarto, decido chamar ela.

Era ‪terça de noite‬, a festa tinha sido no sábado. Talvez eu tenha demorado um pouco, mas mando esses pensamentos embora e chamo antes que eu possa me arrepende.

Henry:
Espero que ainda lembre de mim.

Nossa, bem original cara. Me xingo mentalmente por ser tão clichê e logo meu celular vibra.

Austin:
Como poderei esquecer o famoso Henry Holloway?

Sorrio com sua resposta.

Henry:
Imaginei que não conseguiria.

Bom, não estava sendo tão ruim afinal.

Austin:
Está sem companhia?

Rio de sua frase.

Henry:
Eu estou sempre sem companhia.

Ela demora um pouco para responder.

Austin:
Estou indo ai.

Travo com sua mensagem. Era 21 horas, por que ela viria aqui?

Estranhamente confio em sua mensagem, me arrumo na cama para poder alcançar a cadeira e sentar nela. Saio do meu quarto atravessando toda casa e chegando na porta, não demorou muito para ela bater e eu a abrir.

— Você não tem vida por acaso? —
pergunto com a testa franzida.

Ela dá de ombros.

— Tenho, mas a sua é mais interessante. — pisca para mim e adentra minha casa.

Ela estava linda, estava com uma calça jeans preta colada e uma blusinha solta nude. Seu cabelo estava solto escondendo seus ombros. Ela estava radiante.

— Observar é feio, Henry. — diz me encarando em um tom divertido.

Sorrio para ela.

— Eu aprendi com a melhor. — pisco para ela e a mesma ri tímida.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora