Trinta e Cinco

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Austin Letter

Se eu estava nervosa?

Sim, talvez muito.

Se eu queria ir embora?

Definitivamente.

Me distraio brincando com os anéis postos em meus dedos enquanto aguardava no sofá. Ela não havia chegado ainda, mas eu esperava ansiosamente a pedido de meu pai.

Não demorando muito, a porta se abre e a imagem da minha mãe com varias sacolas em suas mãos aparece em meu campo de visão.

Me levanto para cumprimenta-la e cerro meu punho ao lado do meu corpo me segurando.

— Você veio...— ela larga as sacolas em cima da mesa e abre um sorriso vindo em minha direção me dar um beijo.

— Oi. — digo recuando um pouco de seu afeto, e logo me sento novamente.

— Quer alguma coisa? Posso preparar algo pra você se quiser. — ela diz ainda de pé, sorrindo nervosamente.

Levo meu olhar até o dela sem acreditar, sua íris reluzia esperança e isso, de certa forma, me deixava incomoda. Meu pai estava logo atrás dela, ele me observava por cima de seu ombro com um sorriso no rosto.

— Eu avisei.

Reviro meus olhos para ele e logo volto a encarar minha mãe.

— Enfim, diga o que você quer para que eu possa voltar ao trabalho e que você possa voltar a seus afazeres. — digo a ela  cruzando meus braços na altura de meu peito.

Suas feições pesam, seu sorriso se desfaz e ela se senta ao meu lado no sofá.

— Como você já deve saber, estou fazendo terapia.— ela começa, sem se enrolar muito e indo direto ao assunto.

Assinto com a cabeça e ela continua.

— Fiz 5 sessões já, e uau, aquilo realmente está me ajudando. E claro, alguns remédios também. — sorri sem graça e volta a falar. — Eu to tentando mudar filha, de verdade.

Ela chega mais perto de mim e pega minhas mãos cobrindo-as com as suas.

Ela morde seu lábio inferior.

— Eu sei que eu não fui a melhor mãe do mundo, errei com você muitas vezes. Mas eu simplesmente não consigo mais me manter afastada, e sei que se você fez isso foi porque eu passei dos limites.

Tiro minhas mãos da dela em movimentos lentos, depois as guardo em meu colo.

— O que você quer dizer com isso? — limpo minha garganta pois minha voz falha ao dizer essas palavras.

Ela respira fundo.

— Queria pedir perdão, por tudo que eu já te fiz passar. — ela sorri abertamente pra mim. — Volta pra casa filha.

Minha visão começa a ficar turva, me seguro para não deixar as lágrimas escaparem.

Ela tenta encostar em mim com mas eu recuo confusa.

— O que... É uma armadilha, é isso? — solto uma risada irônica. — Estão sem dinheiro e querem que eu pague o aluguel?

Seus olhos ficam molhados e algumas lágrimas solitárias escorrem.

— Não filha, eu juro. Eu estou trabalhando  agora e seu pai também. Não precisamos do seu dinheiro. Apenas queremos você.

Minhas mãos começam a tremer.

— Não sei se posso fazer isso. Você matou sua filha, você desrespeitou Henry e você me deu tantos tapas. Você sabe como me fez sentir? Ter que ficar indo de casa em casa sem rumo? — as lágrimas já não estavam mais escondias, estavam distribuídas pela minha bochecha. — Eu tive que ir na casa de estranhos porque era minha única saída. Meredith e Henry me ajudaram muito nisso. Britannie não era estranha, mas teve que abrir mão de mais uma boca para alimentar.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora