A home again

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***

— Luke, olha isso. - vou em direção a torneira e a abro . - Tem ÁGUA! - Falo agitada. — Água, Luke.
— Quem chegar por último no banheiro é a mulher do padre. - Ele diz e sobe as escadas correndo.
— Não acredito, um homem de vinte e cinco anos fazendo esse tipo de brincadeira. - Digo correndo em seguida.
— Cheguei primeiro, depois você toma.
— A não, vou olhar o resto da casa então. - Digo e ele fecha a porta.

Nós passamos por coisas horríveis, mas parece que agora teremos um lar com água, comida e cama. Logo depois de ver os cômodos da casa, eu fiquei na porta do banheiro esperando meu irmão terminar, entendo porque ele demorou, havia dias que não tomávamos banho.
— Finalmente. - Digo quando ele sai, vejo que ele ta feliz, ele também ta sentindo que isso aqui pode ser um lar.
— Sua vez, sujinha. - Ele passa a mão no meu ombro e eu entro no banheiro enquanto ele vai pra o novo quarto dele.

Me olho no espelho e entendi o que o Rick quis dizer, vi o estado que eu estava, meus cabelos estavam bagunçados e sujos, roupas rasgadas e cheias de sangue. Começo a tirar minhas roupas e entro no chuveiro, isso é ótimo, maravilhoso.

Quando acabei, fui direto ao meu novo quarto, tinham algumas roupas em cima da cama, acho que enquanto eu ou meu irmão conversávamos com a Deanna, alguém as colocaram aqui.
Coloquei as roupas, agora eu estava me sentindo muito bem. Havia um espelho no quarto, fiquei na frente dele por alguns minutos, eu estava limpa, diferente da garota que entrou no banheiro com roupas ensangüentadas, e outra coisa; eu percebi que eu cresci, quando tudo começou eu tinha onze anos, hoje tenho quinze, em partes eu estou feliz em ter, pelo menos, o meu irmão, a gente pode brigar quase sempre, mas no fundo a gente se ama. Havia um par de sapatos ao lado da cama e calcei eles, eram um pouco grande, mas era melhor que o meu tênis velho. Sai do quarto e desci as escadas para falar com Luke, ele estava fazendo algo pra gente comer, o que era surpresa, porque meu irmão não cozinhava, e se cozinhava, deveria ser horrível. Tinha um salgadinho em cima da mesa, optei por comer ele mesmo, além do mais, acho que a "gororoba" do meu irmão ia demorar ficar pronta.
Ouvimos alguém bater na porta.
— Eu vou. - Eu digo com o salgadinho na mão.
— Olá. - Uma mulher mais velha de cabelo curto fala e olha diretamente pro meu salgadinho e toma ele da minha mão, no começo eu não entendi direito. — Chega desses biscoitos, eu trouxe uma torta e bacons. Ah, meu nome é Carol. - ela completa, agora deu pra entender.
— Ah, oi. - Eu falo pegando as duas tigelas que ela me entrega. — Entre.
— Não, não precisa, eu só vim entregar isso. - Ela diz se referindo a comida que acabara de me entregar.
— Tudo bem, ah... meu nome é Eliza e aquele ali é meu irmão Luke.
— Oi Luke, sou Carol, se precisar de algo... - Ela diz colocando metade do corpo pra dentro de casa.
— Olá. Obrigado, Carol. - Meu irmão diz sorrindo.
— Bom, ja vou indo. Boa noite, Eliza.
— Boa noite, Carol.

— Eu esqueci completamente, Rick me chamou pra ir pra casa dele. - Digo ao meu irmão.
— Não chegue muito tarde. - Ele só responde isso.
— Você não quer ir?
— Não agora, to faZendo isso aqui. - ele olha pro fogão. — E to com um pouco de sono. - ele da uma sorriso.

***
Eu esqueci completamente onde é a casa de Rick Grimes, eu apenas fui andando pelas ruas de Alexandria ate achar alguém pra me dizer onde era, mas estava tão diferente de mais cedo, as pessoas já haviam entrado, deveria ser a hora que o pessoal gostava de ficar em casa, além do mais; estava frio.

Meus pensamentos foram atrapalhados quando senti alguém me agarrar por trás, me empurrando até a parede de uma das casas.

— Você é distraída... e fraca.- Disse aquela voz, que com certeza era de Carl Grimes, parecendo satisfeito com o que tinha acabado de fazer.
— Me solta. Droga.
Eu não era distraída e nem fraca, confesso que baixei a guarda, porque eu achei que nenhum maluco ia me agarrar enquanto eu tivesse andando dentro de uma comunidade que diziam ser segura.
— Ta bom. - Carl me solta e eu me viro pra olhar pra cara dele. Ele estava com um sorriso no rosto...
— Idiota. - Digo fingindo que vou embora, ele baixa a guarda e eu rapidamente me viro, pegando a arma dele no coldre. — Você que é distraído.
— Tudo bem, você venceu, agora me da minha arma de volta. - Ele diz desmanchando aquele sorriso sínico e muito bonito dele.
— Vai ter que vir pegar. - Eu corro e ele vem atrás de mim.
— Quantos anos você tem, Eliza? - Ele diz indo atrás de mim. — Me devolve.
Depois de poucos minutos correndo e ele tentando me parar eu desisto. Como o próprio Rick disse, eu sou rápida.
-— Tudo bem, pega. - Entrego sua arma de volta, respirando ofegante.
— Infantil. - Ele diz, colocando as mãos no joelho, ficou cansado de correr atrás da distraída aqui.
— Olha só, falou o menino que veio aqui só pra me assustar e me chamar de distraída...
— E fraca. - Ele completa — Pra onde você tava indo? - Ele pergunta
— Eu estava indo perguntar aquela mulher que ta na torre de vigia onde é a casa do seu pai.
— Você ia perguntar isso pra Rosita? Do jeito que ela ta de mal humor, ela te mandaria a merda. - Ele dá uma risada.
— Acontece que eu esqueci.
— Vem, eu te levo lá. - Ele fala indo na frente.
— Pra quem nem me queria aqui, você ate que ta legal.
— Eu ainda não te quero aqui. - Ele diz sorrindo, o que me confunde, se essa frase foi seria ou não.

Carl e eu entramos em sua casa, só não imaginei que estaria tão cheia. Tinha varias pessoas conversando, mas pararam quando me viram. Carl percebeu o quão envergonhada eu tava e começou...
— Bom... essa é Eliza Dorsey, eu e meu pai encontramos ela e o irmão em uma biblioteca.
Alguns falaram "prazer em conhece-la", "como vai?", mas quem mais me chamou atenção ali foi o que só falou "iai", ele parecia um caipira durão. Um rapaz dos olhos puxados que sentava em uma poltrona sorriu pra mim, levantou, me abraçou e começou a apresentar o grupo.
— Eu sou Glenn, seja bem vinda ao grupo, Eliza. - Ele disse com um sorriso amigável. — Já conhece Rick, Carl e Carol, não é?! - Eu assenti e ele continuou. — Aquele ali, o caipira é o Daryl, Carol que você já conhece é a que está ao lado dele, ela disse que fez uma torta deliciosa pra você. Aquela é minha esposa, Maggie. - ela era realmente linda. — Aquela é Michonne, Sasha ali, Abraham sentado ali, aquele é o padre Gabriel, ali a Tara e só falta você conhecer a Rosita que ta vigiando, e o Eugene. - Ele fala e eu dou um sorriso.
— Tudo bem. - Digo ainda sorrindo.
— Falta a Judith também. - Michonne diz. — Mas ela está dormindo no momento.
— Outra hora ela conhece a Judith, que tal?! - Carl fala, mas o sorriso no seu rosto tinha mudado, parecia que ele não queria que eu conhecesse essa tal Judith.

Michonne quis, claramente, mudar de assunto, perguntou pelo meu irmão e eu expliquei que ele estava com sono, conversamos todos nós por um tempo, Glenn e Maggie me falaram como se conheceram, eu estava curiosa, parecia que eram o único casal dessa sala.
Já tava ficando tarde e eu decidi ir embora, me despedi de todos e sai...

Carl estava na varanda de sua casa, acho que ele ia sair pra algum lugar.
— Oi - Digo.
— Oi. - Ele diz mostrar nenhuma reação. E por alguns segundos ficamos em silêncio.
— Ahn... então... quem é Judith?-Digo tentando quebrar o silêncio.
— Não interessa. -Ele fala e sai andando como se eu simplesmente não estivesse ali.

— Mano... -eu digo pra mim mesma. — Esse garoto só deve ser maluco...

(...)

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