Madness

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Dois dias depois:

Acordei com o barulho da porta abrindo, olhei para os lados e todos também estavam acordando. Lester entrou na sala, olhou diretamente pra mim e pediu pra que eu seguisse ele. Provavelmente, agora eu estava ferrada por querer ajudar aquela mulher que deve ta morta nesse momento. Carl sempre dizia que eu deveria parar de me arriscar para tentar salvar as pessoas.

— Ta sorrindo pôr que? - Lester perguntou.

— O que? Ahn... - Eu estava sorrindo por ter lembrado de Carl, não tinha percebido. — Por nada. - Respondi.

Continuamos o caminho, até eu interromper o silêncio.

— Lester? - Falei.

— Oi... espera, como você sabe meu nome?

— Seu colega falou quando vocês sequestraram eu e minha amiga. Por que vocês estão fazendo isso?

— Eu não quero fazer isso, mas eu preciso. Agora, sem mais perguntas.

Continuamos, até uma criança correr em direção a Lester e o abraçar.

— Papai! - Ela praticamente gritou.

— Filha... você não deveria está aqui, é sério, volte. - Ele falou apontando para uma porta.

— Eu quero brincar, papai. - Ela disse.

— Depois, agora volte para a sua mãe, por favor. - Ele deu um beijo na testa dela e ela correu atravessando a porta.

— Agora eu entendi... você tem que fazer isso pra sua mulher e sua filha ter onde morar, acertei?

— Cala a boca. Vamos, me siga.

— Você vai me matar? - Perguntei.

Lester não respondeu, continuamos até entrarmos em uma sala.
A sala deveria ser a mesma que Daisy estava antes. Tinham duas macas, soros, amostras de sangue, equipamentos médicos...

— Já volto.

Lester saiu da sala, me deixando sozinha.
Minutos depois, ele voltou com a mesma garota que tiraram lá da sala que estávamos. Ela parecia bem melhor.

— O que vai acontecer aqui? - Perguntei.

— Vamos ver como o vírus vai reagir em vocês duas, como ele reage em uma pessoa saudável e uma pessoa que não come a dois dias, se ele age realmente mais rápido ou não. - Lester falou.

— Espera, isso é maluquice. - Disse.

— Eu sei. - Lester disse. — Mas não sou eu quem cria as regras. Se vocês não fizerem isso, vão morrer de uma maneira bem mais dolorosa, então acho melhor fazerem, ah, e se uma de vocês forem a cura, tem chance.

— Que cura? Isso não existe. - Falei. — Ei, você concorda com isso? - Falei para a mulher ao meu lado.

— Eu não quero morrer de uma maneira dolorosa. - Ela disse.

— Vocês todos são loucos.

Lester colocou a mulher deitada em uma das macas, ela não reclamou nem se mexeu. Ele veio em minha direção para me colocar na maca também.
Me afastei e gritei para que ele saísse de perto de mim, até que tudo começou a ficar em câmera lenta depois de uma dor na minha cabeça, me virei de vagar e vi uma injeção em meu braço e que tinha um outro homem atrás de mim, e tudo ficou escuro.

🍂

Acordei e tentei me mexer, sem sucesso, pois minhas mãos estavam amarradas na maca. Olhei para o lado, só estava a louca na outra maca, olhando para o teto. Percebi que tinha uma porta do lado dela, entreaberta, mas ignorei logo em seguida, tentando me soltar.

— Cadê aquele maluco?

— Ele foi buscar nossa passagem. - Ela respondeu.

— O vírus? - Perguntei.

— Exatamente.

— Você tem noção do que ta acontecendo, hippie maluca? A gente vai morrer!!! - Gritei.

— Eu sei.

Ela respondeu e eu me virei para ela, vendo ela sorrir, confesso que no momento a raiva subiu e eu falei o que não deveria;

— Você quer morrer? Ok, eu também quero que você morra. Mas eu não quero morrer!!! - Gritei novamente, eu não queria que ela morresse, eu só falei por falar, pois a raiva tomou conta de mim.

Continuei olhando pra ela, até começar a ouvir gritos do lado de fora,a porta ao lado dela se abriu, achei que era o cientista maluco, vulgo Lester, entrando, mas isso conseguiu ficar pior. Um errante tinha acabado de entrar, com certeza ele morreu a pouco tempo, e algo acontecia lá fora.

— Meu Deus, o que... a gente vai morrer mesmo. - A mulher ao meu lado começou tentar se soltar, sem sucesso. Agora ela tinha dado conta do que estava acontecendo.

Eu tentei ficar calma, sem falar nada, talvez o errante não vinhesse até mim, que merda, óbvio que ele vai vir.

— Sai!!! Sai, não!!!
Ela começou a gritar e o errante ia se aproximando dela, cada vez mais, até cravar os dentes no seu rosto.

Meu coração começou a disparar enquanto a garota ao meu lado gritava conforme o errante mordia a cabeça dela, ele estava tão distraído com ela que não percebeu que eu tentava me soltar daquela maca.

Aquela peça de horror se desenrolou bem ao meu lado e eu não fui capaz de fazer nada. Eu estava presa numa cama de hospital, não iria conseguir sair dali nem por milagre, provavelmente seria meu fim. Eu gritei para que alguém pudesse entrar ali e me salvar, como se alguém realmente estivesse preocupada com quem estava aqui nessa sala. Mas a criatura que se recheava com o cérebro da outra garota, parou no instante e veio em minha direção. Eu nunca tive tanto medo de um caminhante, como nesse momento.

A ideia de morrer ali era tão terrível, mas por dentro eu sabia que não tinha mais salvação e provavelmente eu iria sofrer bastante antes de morrer.

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