Danger

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A cada passo desajeitado que o monstro dava em minha direção, era eu tentando me soltar, em vão. Meus olhos iam de encontro com a garota que teve a cabeça devorada até a criatura que a devorou. Ali seria meu fim, e nada e nem ninguém iria fazer algo contra isso.

Eu nunca mais iria ver o Carl.

Eu estava presa naquela cama, eu não ia conseguir me soltar sozinha. O errante continuava vindo até mim, quando ele estava menos de meio metro, eu fechei meus olhos e virei o rosto, esperando a dor vir e em seguida a minha morte.

Mas ela não veio, pelo contrário, ouvi um barulho de um corpo cair no chão, alguém tinha acabado de me salvar. Abri meus olhos lentamente torcendo pra que o monstro tivesse morrido, e sim, ele estava no chão. Lester tinha acertado sua cabeça com um machado, me salvando.
Pela primeira vez, eu agradecia ao homem.

— Não é dessa maneira que isso funciona. - Lester disse olhando para o cadáver na maca ao meu lado.

— Como isso entrou aqui? - Perguntei.

— Provavelmente pelas portas do fundo, alguém deixou aberta. - Ele respondeu.

— O que está acontecendo? - Perguntei.

— Os errantes conseguiram derrubar a porta da sala que eles estavam.

— Espera, vocês tem uma sala com mortos vivos?

— Para experiências. - Lester falou.

— Vocês são loucos. Quantos errantes tinham? - Perguntei.

— Vinte e dois. Mas já mataram todos.

Lester pegou no meu braço e praticamente me puxou de volta a sala onde Daisy e os outros estavam.

— Você fica ai, você ta mal pelo o que acabou de ver. - Lester disse. — Então, você ai. - Ele apontou para Emília. — Você vem comigo. E você também. - Lester falou sobre o homem que estava sentado.

O homem levantou e saiu da sala, com certeza ele queria agir com honra em seus últimos momentos, Emília abraçou Cally e se despediu de mim e de Daisy com o olhar, um olhar totalmente assustado.
Lester fechou a porta, e Cally correu até mim;

— Como? Como você não morreu? - Ela perguntou.

— Um errante entrou no quarto que a gente tava e comeu a cabeça daquela mulher na minha frente, ele desistiu de fazer o experimento comigo por enquanto.

— Lester não faria isso, ele deve querer que você viva. - Cally disse desconfiada.

— Eliza... - Daisy se aproximou. — Eu sei como a gente pode sair daqui.

— Como?

— Enquanto você tava lá, eu disse que precisava urgentemente ir ao banheiro, esse homem que fica de vigia ai na frente me levou ate um banheiro... - Daisy explicava. — Mas, no caminho, uma sala estava sendo aberta por um dos homens que trabalham aqui, eu consegui ver o que tinha lá dentro, tinham dinamites, granadas, armas, balas... Eliza, a gente pode invadir lá e conseguir sair daqui.

— Daisy, isso é perigoso.

— Perigoso é não tentar. Querida, a gente participou da guerra dos salvadores, a gente consegue o que quiser. - Daisy sorriu.

🍂

Daisy e Cally estavam dormindo, eu não consegui dormir, não conseguia parar de pensar naquela mulher sendo devorada daquela maneira por aquela criatura. E também não parava de pensar no plano que Daisy queria criar para a gente pegar as armas e acabar com esse lugar.
Eu quero sair daqui mais que qualquer outra coisa, mas se a gente explodir esse lugar, crianças vão morrer. Mas eu quero voltar pra casa.

— Daisy? - Chamei-a. — Daisy?

— Hum... - Ela disse sem abrir os olhos.

— Sobre o plano.

Falei e ela despertou, sentando do meu lado. Cally também acordou.

— Existe uma sala com errantes aqui dentro... eles guardam os experimentos que dão errado, isso é assustador. - Expliquei.

O plano era o seguinte; Cally ia fingir estar com uma dor e começar a gritar, o homem que vigia nossa porta entraria e tentaria ajudá-la, quando, nós acertariamos a cabeça dele o fazendo desmaiar. Uma de nós iria enganar o "cientista" que fica na sala das experiências malucas, levando ele a algum lugar, as outras duas entrava e pegava um errante, o levando até o vigia da sala de armamentos, o vigia iria se distrair com o errante, dai a gente agia, matando o vigia de alguma maneira. Entramos na sala, pegamos armas, dinamites, granadas e matamos todos aqui dentro, nos encontramos e vamos embora.

— Por mim, a gente agia agora, muita gente está dormindo e talvez a gente consiga ir pegar as armas na hora que os vigias estão trocando de turno. - Cally falou levantando.

— Por mim tudo bem. - Daisy concordou levantando. — Eliza?

— Sim. - Levantei também. — Vamos voltar pra casa.

🍂

— Socorro! - Daisy gritou. — Alguém ajuda.

Cally começou a "gemer de dor", deitada no chão com a mão na barriga. Eu comecei a bater na porta, e o cara que vigiava entrou, com uma cara nada boa.

— O que foi? - Ele disse indo ajudar Cally.

Com apenas um movimento, Daisy subiu nas costas dele e o derrubou no chão, segurando um de seus braços, Cally levantou e segurou o outro. Subi em cima dele sufocando seu pescoço.
Ele tentava levantar, comecei a bater sua cabeça no chão, quando enxerguei uma poça de sangue aumentar no chão embaixo da cabeça dele.

— Você matou ele. - Cally disse. — Legal.

— A gente precisa ir. - Falei.

Saímos e observamos o corredor quase totalmente escuro. Daisy foi seduzir o cientista tarado enquanto nós esperamos eles irem para outro lugar.
Cally e eu entramos na sala, e fomos direto ver se já tinham colocado os corpos lá, torcendo que eles já tivessem virado errantes. Pra nossa sorte e azar deles, um dos dois corpos, já tinha acordado, ele estava com cordas nos braços.

Eu e Cally tentamos levantar ele sem fazer tanto barulho, mas estávamos com medo de que ele nos mordesse.

— Isso é pesado, merda. - Cally falou sobre o peso do morto.

— Toma cuidado pra ele não te morder. - Falei. — Aqui tem um saco, segura ele.

Cally continuou segurando o errante e eu peguei um saco que tinha do lado, colocando na cabeça dele.

Daisy surgiu na porta, respirando ofegante.

— Eu... eu o matei... - Daisy disse se referindo ao cientista maluco.

— Pra onde ele te levou? - Cally perguntou.

— Ele queria transar comigo... e antes que essa merda acontecesse, eu o enforquei...ele vai virar a qualquer momento.

— Vamos? - Perguntei. — Tudo pronto aqui.

As duas assentiram, e eu e Daisy saímos na frente, carregando o errante com o saco na cabeça. Cally estava atrás, até ouvimos um grito abafado dela, quando olhamos, Cally tinha caído no chão com a outra errante - que tinha acordado agora - em cima dela.

— Segura. - Falei e Daisy segurou o errante que nós estávamos.

Fui até Cally, matei o caminhante que estava em cima dela com pancadas na parede. Mas quando olhei pra Cally, ela estava com a mão no pescoço, e ele sangrava muito.

— Ai meu Deus. - Daisy falou com a mão na boca.

— Segura ele! - Falei.

Daisy voltou a segurar o errante com as duas mãos.

— Tudo bem... tudo bem... - Cally tentava sorrir. — A gente pode mudar o plano agora.

— O que?

— Isso aqui vai virar um massacre...

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