Capítulo 10

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Ouço outra vez a máquina dos batimentos cardíacos. Detesto deja vus. Acordar outra vez num quarto de hospital e sentir de novo aquele cheiro a desinfectantes agonia-me. Nem sei bem como vim aqui parar, a última coisa de que me lembro é estar a discutir com Luke e ser levada ao colo para a cama por James, o amigo do meu primo Bradley. Provavelmente foram eles que me trouxeram para aqui, não vejo outra explicação.

Olhando à volta encontro Brad de costas para mim, com a mão entrelaçada na minha, encostado à minha maca. Luke está à sua frente a olhar para o chão com as mãos nos joelhos, sentado num sofá. Percebi que estavam a discutir, fazendo-me preferir fechar os olhos e ouvir antes que notassem que não estava a dormir.

- O que achas que tu és a mais que eu para não me deixares aproximar dela? Ela é minha namorada. - Luke estava a falar com agressividade.

- O que é que eu sou a mais que tu? Deixa-me ver... Uma boa pessoa, alguém que se preocupa com ela e lhe conta a verdade, sou o primo dela e os pais dela gostam de mim e fui eu que a trouxe para aqui. Enquanto que tu foste o causador disto. - Brad não falava com tanta agressividade, mas notava-se o seu desprezo por Luke na voz.

- E porque raio tens de te meter em assuntos onde o teu nome não é sequer chamado? Devias ter ficado no teu lugar e não voltar. A culpa dela ter ficado assim também foi tua. Afinal, ela descobriu por tua causa.

- E preferias que ela vivesse uma mentira? Achas que assim seria feliz? O que irias fazer quando ela descobrisse, Luke?

- Tu estás lá preocupado com ela, tu queres é que ela me deixe. Notícia: ela não vai ficar contigo, disso tenho a certeza.

Bradley riu-se cinicamente.

- Eu quero o bem dela, não que ela fique comigo. Ela merece ser feliz e, pelos vistos, contigo não será de certeza. Achas que uma boa pessoa trai? Aliás, achas mesmo que alguém que ama a sério trai? Nunca! - Brad elevou a voz e começou a aproximar-se de Luke, pois largou-me a mão e ouvi passos.

- Tu não te aproximes, vê lá se queres apanhar outra vez. - Luke gritou.

Nesse instante James entrou no quarto e olhou para eles.

- E se saíssem daqui os dois antes que comecem à pancada? Deviam ter respeito pela rapariga, não? Se gostam assim tanto dela deviam era estar a tentar ajudá-la e não preocupados com os vossos desentendimentos egoístas.

- Tens razão James, vou apanhar ar. - Brad saiu porta fora.

- Sai tu também, não acho que sejas a pessoa indicada para ela ver mal acorde. Ela estava a discutir contigo e pode ficar pior.

- Também tu contra mim?! - Luke exclamou - O Bradley também te fez a cabeça?

James respirou fundo, provavelmente para não perder a paciência.

- Isto nada tem a ver com o Brad. Isto tem a ver com a Mafalda. Provavelmente não seria também a minha cara que ela queria ver quando acordasse, visto que ela não me conhece de lado nenhum. Mas o Brad está alterado e ela também ficará se te vir a ti primeiro.

- Mas eu quero que ela saiba que eu estou aqui, que não desisti. Que me preocupo. - a voz de Luke mudou de agressiva para preocupada.

- Eu não duvido disso, mas dá-lhe tempo. Eu digo-lhe que cá estás e que a queres ver, mas ela é que tem de me dizer se quer ou não que a vejas. Estamos entendidos?

- Sim, tens razão. Toma conta da minha miúda. - Luke deu-me uma festinha na mão e saiu.

James aproximou-se de mim e cruzou os braços.

Amnesia {portuguese}Onde histórias criam vida. Descubra agora