Capítulo 11

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Bradley

Já era quase de manhã e eu ainda não conseguia dormir, não parava de pensar em tudo o que estava a acontecer. Acho que não vou aguentar esta situação por muito mais tempo. Há anos que tomo conta dela da melhor maneira que consigo, e agora sinto que tudo o que tentei fazer não valeu a pena. Sempre a tratei como uma irmã mais nova, mas no fundo sempre quis mais que isto, gosto dela mais do que isso. Já me doía vê-la apenas nas férias de verão, quanto mais quando ela veio para Austrália estudar. A nossa relação nunca mais foi a mesma, e isso só me fez perceber que afinal ela não era apenas a minha prima, a minha irmã, a minha melhor amiga. Finalmente tive a certeza de que o que sentia por ela não era apenas afeto por ser da família. Afinal, descobri que queria dela muito mais do que tinha.

Estar no quarto ao lado dela enquanto ela dormia com os meus amigos fazia-me pensar nas últimas férias que ela tinha passado em minha casa. Nas férias em que eu soube que iria ser muito mais complicado voltar a vê-la, devido à distância. Enquanto divagava, relembrei tudo na minha mente.

- Tu O QUÊ?! – olhei para ela e não quis acreditar.

- Sim, ouviste bem! Vou estudar para Austrália, finalmente! – ela sorriu-me, radiante.

- Mas tu és menor, podes ir sozinha?

- Vou ficar na casa de uma tia que lá tenho, da parte do meu pai. O único senão é que vou deixar de vir aqui com tanta frequência. Vais ter de começar a ser tu a visitar-me, priminho. – e encostou a sua cabeça à minha.

Estávamos na praia, a ver o pôr do sol. As cores e os aromas enchiam o ar como se dançassem juntos. Olhei para ela e apertei-lhe a mão, que estava entrelaçada à minha.

- Prometes que não me esqueces? – olhei para ela.

Ela levantou a olhar para mim e sorriu.

- Achas que eu alguma vez irei esquecer quem tu és? Não poderia ter melhor pessoa na minha vida que tu. Tu é que vais logo arranjar uma gatona aí qualquer e vais esquecer-te aqui da prima que te atura sempre que tens um desgosto amoroso com rabos de saia.

Ri-me e olhei-a nos olhos.

- Até parece! Promete-me de verdade que não te esqueces de tudo o que passámos juntos. Promete-me que não nos vamos afastar e que continuaremos a ser inseparáveis como sempre fomos?

- Tom, eu prometo, juro, tudo o que tu quiseres! É impossível eu esquecer-me de ti. Estás na minha cabeça e no meu sangue. Sabes que és como um irmão mais velho para mim. - pôs-se à minha frente sentada em cima das suas pernas, com os braços nos meus joelhos, e olhou-me nos olhos - Nunca na vida me irei esquecer de ti, só se tiver amnésia!

Ri-me e dei-lhe uma festinha na cara, afastando-lhe uma madeixa de cabelo dos olhos.

- Se alguma vez tiveres amnésia eu vou lá e prego-te um beijo, vais ver que te lembras logo de mim.

Desta vez foi a vez dela de se rir.

- És o mais parvo, a tua sorte é que eu gosto muito de ti! - e levantou-se, estendendo-me a mão.

Afastei as pernas e voltei a puxá-la, fazendo-a cair de joelhos a poucos centímetros de mim. Ela ia para contestar mas, antes dela o fazer, dei-lhe um beijo suave nos lábios, colocando a mão na sua face.

- Tu não gostas muito de mim, tu amas-me. - olhei-a nos olhos.

Ela olhou para o chão deixando escapar um pequeno sorriso tímido, ficando com as faces coradas.

Amnesia {portuguese}Onde histórias criam vida. Descubra agora