Capítulo 22

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Acordei com Luke a mexer-me nos cabelos.

- Bom dia princesa linda. - sorriu-me e beijou-me.

- Bom dia bom dia, que felicidade logo de manhã!

- Acordar contigo ao lado não é motivo de felicidade que chegue para ti?

Confesso que derreti logo. Luke sentou-se na cama e encostou-me ao seu peito.

- Dormiste bem pequenina?

- Mais ou menos. - na verdade, se dormi cinco minutos já foi muito.

- Tu não paravas de te mexer, tens a certeza que dormiste alguma coisa? Estavas sempre às voltas.

- Desculpa se não dormiste por minha causa... Isto da minha mãe está-me a fazer confusão. Eu só quero que ela fique bem.

- E eu quero o mesmo amor, acredita. Não é por ela me detestar de morte que eu lhe quero mal. Muito pelo contrário, espero que ela fique bem. Gostava de conseguir fazer com que ela mudasse de ideias quanto a mim... quanto ao facto de estar sempre a dizer que sou uma má influência para ti. - disse enquanto brincava concentrado com os meus cabelos.

- Eu quero que venhas comigo quando for a hora da visita. Quero que tu fales com ela. Com calma e respeito, quero que tentes fazer com que ela entenda que tu não és a pessoa que ela pensa que és.

- Eu falo sempre com ela com calma e respeito amor, tu sabes disso. Mas eu vou tentar, espero é que ela não te faça ficar triste outra vez.

- Luke, ela está às portas da morte. Não quero é que ela fique triste, espero que ela não leve isto a mal e fique pior... Provavelmente, era melhor deixar isso para outra altura.

- Não sei amor. Não faço ideia do que é melhor. Mas sinceramente não quero que ela... enfim, saia deste mundo, sem aceitar o nosso namoro. Preciso de saber que ela pelo menos aceita, não precisa sequer fingir que gosta de mim. O teu pai nota-se que não gosta de mim mas ao menos aceita-nos.

- Ele gosta de ti. Ele já percebeu que tu és boa pessoa. Se não fosses, não estarias cá. E ela vai gostar de saber que vieste por minha causa, tenho a certeza.

- Fazemos assim. Tu entras no quarto dela e falas com ela o que queres falar. Depois dizes que eu vim e te acompanhei e que gostava de lhe dar umas palavrinhas. Depois a decisão é dela, se ela quiser falar comigo e isso, falarei com toda a calma e respeito para ver se ela de uma vez por todas percebe que eu não sou quem ela pensa que sou. Se ela não quiser falar comigo, irei esperar até ela sair do hospital e, antes de nos irmos embora, falo com ela quer ela queira quer não. Ela não pode ser assim contigo, a sério. É que uma coisa é detestar-me, outra coisa é infernizar-te a vida só porque não gosta da pessoa que tu escolheste para estar ao teu lado. Provavelmente queria alguém com fortuna como vocês, provavelmente queria que casasses com um milionário para fazer com que continuassem ricos e essas coisas. Provavelmente nem há maldade na cabeça dela, só que as pessoas com dinheiro pensam assim. Pensam que para seres feliz tens de ter dinheiro. Mas, se ela acordasse, iria perceber que nem ela é feliz com todo o dinheiro que tem, porque a felicidade vem das pequenas coisas.

- Eu sei amor, sei que tens razão. Mas vamos ter calma, por favor. Quando ela sair do hospital ainda vai estar super frágil, por isso temos de ter cuidado a falar com ela. Mas também não vou deixar o momento passar, vai ser de vez. Porque sei que quero continuar contigo e tenho cada vez mais certezas disso apesar de nunca me lembrar de nada.

- Eu lembro-me e isso basta-me para te amar cada vez mais, meu amor. E, até tu te lembrares de tudo, estarei aqui a repeti-lo sempre, as vezes que forem necessárias, para tu interiorizares e teres noção do quão importante és para mim. Agora o melhor é despacharmo-nos, que já são horas de tomar o pequeno-almoço e ir para a sala de espera do hospital esperar para falar com a tua mãe, sim?

- Sim bebé.

Deu-me um beijo leve nos lábios e levantámo-nos para irmos. Tomámos banho (juntos, mas se o meu pai soubesse matava-me) e fomos ter com todos ao andar de baixo para tomar o pequeno almoço. A minha tia estava com um ar ainda mais abatido e nervoso, sempre a olhar para as horas.

- Meninos despachem-se a comer, por favor. Quero chegar depressa.

- Nós não vamos, está bem? Vamos dar uma volta por aí. Não queremos incomodar a família e não nos iríamos sentir bem lá. Não se importa pois não? - Tristan falou por ele, James e Connor.

- Claro que não me importo meus queridos, isto é um assunto de família e sei que não seria educado da minha parte fazer-vos passar por isto. Deviam levar também o mocinho do piercing convosco.

- O meu nome é Luke, senhora. E eu sou o namorado da sua sobrinha, quero estar com ela. Se vim da Austrália para cá com ela é para estar com ela, não para ir passear. Acho muito bem que eles o façam, mas eu tenho o dever e direito de estar perto da Mafalda.

- Mas a Ana não precisa de nenhum guarda-costas, e se ela precisasse de alguma coisa tinha o meu Bradley. 

- Está a ser mesquinha. O rapaz é o namorado da minha filha, por isso é como se fizesse parte da família. Eles não namoram há meses, namoram há dois anos, por isso acho que o rapaz já está mais que integrado no seio familiar.

- Tudo bem, mas toda a gente sabe que a Sílvia o detesta. Querem-lhe provocar um AVC?

- Não se preocupe tia, a minha mãe não precisa de o ver se não quiser. E também é por isso que ele veio. Está na altura de vocês todos o integrarem na família porque estou a ficar cansada destas guerras.

- Não eras tu que estavas com amnésia? Como é que sabes das guerras então?

- Mãe, chega. - Bradley olhou para a mãe reprovando a sua triste figura e depois olhou para mim como em jeito de pedir desculpa.

- Pai, estou no carro à tua espera. - levantei-me e dirigi-me ao carro, levando Luke comigo.

- Ai esta mulher consegue ser mesmo insuportável, já sei a quem o filho sai. - Luke entrou comigo para o carro e olhei para ele com olhar de reprovação.

- Não sejas assim com o Brad, ele até ficou do nosso lado. 

- Sim, sim. Agora prepara-te que as coisas podem piorar.

Amnesia {portuguese}Onde histórias criam vida. Descubra agora