Capítulo 33

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O despertador tocou e a minha vontade era de o atirar ao chão. Mas não o fiz, porque sabia que tinha mesmo de me levantar, apetecesse ou não.

Espreguicei-me ainda na cama e comecei a contar até três, tentando mandar embora toda a preguiça que me consumia.

- Um... Dois... Três. - destapei-me e levantei-me de um salto, o que me fez ter de me agarrar à cabeça, quando uma tontura enorme me deixou zonza.

- Credo. - resmunguei entre dentes para mim própria, à medida que me arrastava para o chuveiro.

Tomei um duche rápido e despachei-me o mais depressa possível, mas sempre com a moleza atrás. Sentei-me à mesa da cozinha a comer cereais, distraída nos meus pensamentos, quando o meu telemóvel, que estava pousado à minha frente, vibrou, sinalizando uma mensagem.

Estiquei o braço para o apanhar e puxei-o para mim, pondo-o quase em cima dos olhos para ler a mensagem.

Primuxa, vais ter de aturar aqui os primos durante um grande tempinho! Chegamos às 15 e estaremos à tua espera. Beijocas do primo mais lindo de sempre, Tris.

Ri-me perante a parvoíce deste rapaz. Com ele era tudo fácil, tudo a rir. Suspirei profundamente e fui buscar a mochila rezando para que o dia passasse a correr para eu os poder ter de novo perto de mim. Precisava de alegria na minha vida.

Apanhei o autocarro que me deixava à porta da escola e pus os meus fones, ouvindo as músicas que tinha no meu telemóvel. Enquanto me sentava no banco da camioneta, um rapaz com uma voz doce cantava-me ao ouvido.

Para onde vais agora

Se tudo é perfeito?

Todas as peças encaixam

Aqui no meu peito

Não quero esperar

Que me venhas procurar

És tudo o que eu mais quero

Não te posso perder

És quem me dá o tom

Tu fazes de mim quem sou

Fechei os olhos, sustendo a respiração. Aquela música dizia-me qualquer coisa, fazia-me lembrar alguma coisa.

Fechei os olhos ainda com mais força.

Um palco pequeno, com quatro rapazes a cantar em pé, e eu estava no meio do público com uma rapariga loira e Brad, enquanto nos abanávamos de um lado para o outro com isqueiros na mão. Brad lançou-me um olhar que muito dizia, e eu sorri olhando para os pés. Ouvi a rapariga rir-se e, quando olhei para ela, piscou-me o olho e falou-me ao ouvido.

- Não sejas assim Maffs, tu sabes que gostas dele. E ele de ti, por isso não percas a oportunidade de ter quem queres ter. 

Voltei a olhar para Brad, que me fitava com um meio sorriso e o seu olhar expressivo. Aproximou-se de mim e envolveu a minha cintura com as suas mãos quentes.

E os rapazes continuavam a cantar.

Contigo

É simples

É fácil

De te amar

Contigo

O tempo nem parece passar

Os seus lábios quentes foram premidos contra os meus, mexendo-se em sintonia. O tempo tinha parado, mas eles continuavam a cantar.

Amnesia {portuguese}Onde histórias criam vida. Descubra agora