Capítulo 21

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Ao chegar a Lisboa tinha o meu pai à espera no aeroporto. Veio logo abraçar-me, esmagando-me os ossos. 

- Então meu amor? Como correu a viagem?

- Normal... A mãe? Como está?

- Agora está a descansar, a hora das visitas acabou, por isso não podia ficar lá mais tempo.

Assenti e olhei para Bradley, que estava agarrado a uma senhora muito parecida com ele. Deduzi logo que fosse a minha tia e fiquei a olhar para eles. Quando se separaram , a minha tia olhou para mim e veio abraçar-me.

- Minha querida, aos anos que não te via! Como estás tu? Ainda bem que vieste, a tua mãe está a precisar muito de ti.

Olhei para ela e não disse nada. Sinceramente, não sabia bem o que dizer. Ainda estava em choque com o que estava a acontecer. Voltei a olhar para o meu pai.

-  O que disseram os médicos quanto à mãe?

- Só se saberá quando houver um coração, mas sem coração não há muitas probabilidades de ela se aguentar por muito tempo... - olhou para o chão.

- Normalmente isso não tem uma lista de espera? Não vai demorar imenso tempo? - perguntei com receio.

- Dado as circunstâncias da tua mãe, creio que ela tenha subido bastante na lista. É um caso bastante urgente. - o meu pai suspirou, e vi Luke pôr a mão por cima do ombro dele.

- A sua mulher é forte, você sabe disso. Tudo vai correr bem, há de haver um coração novo... Infelizmente todos os dias morrem imensas pessoas e para nós isso vai ser a nossa salvação. - olhou para mim e fez um sorriso encorajador.

- Claro tio, a tia safa-se! E tu mãe, tens de ter cuidado com o teu coração também porque a tia precisa que tu estejas boa e que fiques bem, sim? - Bradley sorriu para a mãe e deu-lhe um beijo na testa.

Levámos as malas de todos para a minha casa ou, devo dizer, mansão. Descobri que tinha uma casa enorme, ainda maior que a do Luke, daquelas casas que mais parecem um palácio. Percebi que, se não tivesse com amnésia, poderia conhecer aquilo tudo mas, da maneira como estava, acho que me iria perder até reaver a memória. Para dizer a verdade, não percebo porque é que as pessoas compram casas tão grandes, se maior parte das pessoas que tem dinheiro para as pagar nunca passa tempo onde vive.

O meu pai mostrou os quartos a toda a gente e mandou a empregada (sim, até empregada tinha) fazer o jantar. E, como já era de esperar, mandou-me dormir num quarto separado de Luke. 

- Pai... - chamei-o à parte quando me estava a mostrar o meu quarto.

- Diz filha.

- Eu quero que o Luke durma comigo no quarto.

- Mas...

- Tu sabes muito bem que ele em minha casa não dorme no sofá, não sabes? Afinal nós já estamos juntos há quase dois anos. Por favor, não te estou a pedir nada de exorbitante.

- Para um pai ver um rapaz dormir com a sua filha é exorbitante sim, acredita no que te digo.

- Oh pai... Não precisas de te preocupar, nós portamo-nos bem.

- Desde que o Luke não se estique.

Luke, que estava encostado à porta, olhou para nós, fazendo-me perceber o quanto estava envergonhado, o que me fez rir.

- Não se preocupe, eu irei tomar conta da sua filha e não irei fazer nada de mal. É apenas dormir.

- Acho bem que a sim seja rapaz, se não dou-te de comer as tigres.

Amnesia {portuguese}Onde histórias criam vida. Descubra agora