Nos dias que se seguem digo para mim mesma que não devo mais pensar em Lucas, que preciso apagar qualquer resquício dele dentro da minha cabeça e do meu coração. Mas o simples fato de ter de repetir isso com tanta frequência faz com que Lucas seja a lembrança mais aguda dentro de mim. Mais do que minha família, meu reino e muito mais do que meu noivo.No dia seguinte, meu baú com todos os meus pertences me é entregue e aquilo me traz algum alívio. Até me sinto disposta a perdoar Maxine pela sua brincadeira de péssimo gosto, mas ela nunca mais apareceu em meu quarto para pedir desculpas e durante as refeições ela age como se nada nunca tivesse acontecido.
Nos próximos quatro dias me concentro em encontrar qualquer mínima qualidade em Nicolai, qualquer minúsculo fragmento positivo para que eu possa me agarrar a isso com todas as minhas forças. Mas a verdade é que não passamos muito tempo juntos. Nicolai está sempre tendo aulas de política, geografia, história ou treinamentos de espadas e arquearia.
Posso dizer a seu favor que sempre que termina suas obrigações, ele bate na porta no meu quarto e me convida para um passeio antes do jantar. Gosto do fato de que ele sempre se refira a isso como um convite e não uma ordem. Mas não gosto das coisas que ele fala durante os tais passeios. Como ele se gaba sempre de tudo a seu respeito, como não perde a chance de diminuir qualquer nobre que cruze o nosso caminho, cochichando qualquer fofoca sobre ele.
E só na noite do nosso quarto passeio que ele interrompe sua falação sem fim e me encara, como se só então tivesse se dado conta da minha presença.
– Por que você nunca fala? – ele pergunta.
Fico um pouco abobada com aquela indagação. Não falo porque não tenho vontade de lhe contar nada, eu penso. Mas não posso dizer isso.
– Porque gosto de ouvir você – respondo, como uma perfeita idiota.
Seus olhos azuis ficam me encarando como se ele estivesse tentando farejar a mentira por trás de meus lábios. Então ele volta a pegar em meu braço e voltamos a andar.
– Me fale do seu reino. Me disseram que lá tudo é coberto de neve. O que é isso?
Não consigo segurar uma gargalhada. Minha primeira, em dias. Nicolai me olha espantado.
– Nunca tinha ouvido sua risada.
– Me desculpe.
– Não é pra se desculpar. Eu gostei. É a primeira coisa sincera que vi em você.
Sinto meu rosto ficar vermelho. Tenho sido sempre agradável e educada com Nicolai, mas não sei mentir. Meus sentimentos atuais por ele eram alguma coisa entre a indiferença e o desinteresse, mas nunca quis que ele sentisse isso. Não queria feri-lo, só não estava pronta ainda para ser tão falsa a ponto de forçar risadas e sorrisos.
Para mudar de assunto começo a lhe explicar o que é a neve e ele parece fascinado.
– Quero ir a Yas um dia – ele sentencia quando eu termino.
– Você quer mesmo? – pergunto intrigada.
– Sim – ele responde com sinceridade – Claro, por que não? Assim que nós nos casarmos e meu pai e seu tio assinarem os termos para o fim da guerra, nós iremos. Eu e você.
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas diante daquela proposta feita com tanta franqueza e que significa tanto para mim. Pego em suas mãos e dou um beijo em seus dedos, cheia de gratidão. Quando voltamos a caminhar ele passa seu braço em torno da minha cintura, trazendo meu corpo para mais junto do seu e eu não me afasto.
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Próximo capítulo: 25 de fevereiro
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Princesa de Dois Reinos [CONCLUÍDO]
Teen FictionPara quem ama "A Seleção"! A princesa Kaya sempre achou que por ser apenas sobrinha do rei - e ainda por cima uma mulher - poderia levar uma vida reservada e sem grandes responsabilidades. Mas ela estava errada. Quando o rei tem a chance de encerrar...