CAPÍTULO VINTE E SETE - PRINCESA JUNIPER, DE YAS

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Meus tão esperados dezesete anos chegam e passam praticamente sem serem notados. No palácio só se fala do casamento do príncipe de Yas e da princesa de Agneya e não o contrário, a princesa de Yas e o príncipe de Agneya. Nicolai me dá um cordão com um pingente de esmeralda de presente e promete que nós nos casaremos em dois meses, assim que nossos irmãos partirem e a notícia de suas bodas se tornar assunto antigo. O príncipe ainda acha que o que me aflige é o ciúme e que estou chateada por estarem roubando aquele que deveria ser o nosso momento.

Fico comovida com a atenção que Nicolai dispensa para minha suposta crise de ciúme, mas ao mesmo tempo me magoa ver que ele não consegue ler minha expressão, não consegue me compreender completamente.

Nos dias que se seguem, praticamente não vejo ou falo com meu irmão. Ele e Maxine estão totalmente imersos nos preparativos para o casamento e como nenhum de nós dois pretende mudar de opinião sobre aquele noivado, nós nos evitamos ao máximo.

Mas quando faltam apenas quatro dias para o casamento e uma carruagem velha e simples de Yas adentra os pátios do palácio de Agneya, sei que ali reside minha última chance de colocar um fim naquela união. Quando a princesa Júniper pisa pela primeira vez em no território inimigo.

Mamãe chegou.

***

Espero que minha mãe seja formalmente apresentada ao rei e a família real de Agneya, antes que eu lhe diga qualquer coisa. O rei Alev é educado e formal ao cumprimentá-la e minha mãe responde da mesma maneira. Sinto uma pontada de orgulho vendo aquela mulher séria, que faz uma reverência sem se curvar, mantendo o tempo todo sua cabeça erguida.

Ela analisa Nicolai dos pés a cabeça e posso ver como ele parece nervoso na sua presença. Acho que é a primeira vez que o vejo assim, meu príncipe sempre tão confiante e alegre. Gosto daquela sua apreensão, de ver que ele fica vulnerável porque quer causar uma boa impressão na mãe de sua noiva. Tão diferente do Nicolai que eu mesma fui apresentada, seis meses atrás.

Com Maxine, minha mãe é afetuosa, embora esse não seja seu estado natural.

– Então essa é a princesa que roubou o coração do meu filho – ela fala, deixando Maxine com o rosto vermelho de vergonha – Posso ver o que Kari viu em você.

Parece um elogio educado, mas sei o que minha mãe quis dizer. Que o que meu irmão viu foi a beleza da princesa e nada mais. Não que Maxine não tenha qualidades além da aparência, ela é realmente uma pessoa divertida e agradável – quando quer – mas minha mãe sempre lamentou como os homens podem possuir tamanho domínio sobre o mundo e se transformam em tolos diante do rosto bonito de uma mulher. Fico imaginando o que ela realmente pensa daquela união e se está decepcionada ao perceber que seu próprio filho é tão tonto quanto qualquer homem.

Finalmente ela cumprimenta Kari com dois beijos no rosto e quando chega minha vez, ela me abraça, apertado.

– Minha filha preciosa – ela fala com tanto afeto que eu sinto vontade de chorar. Só então percebo há quanto tempo estou longe dela, eu, que passei quase dezessete anos agarrada às suas saias, tentando desesperadamente absorver sua sabedoria e força.

Ela segura meu rosto entre suas mãos geladas e me encara com seus olhos tão escuros quanto o céu da meia-noite.

– Você se tornou uma mulher.

Depois disso uma criada se oferece para leva-la até seu quarto e quando ela se afasta, percebo que atrás dela seguem seis soldados de Yas, além dos outros quatro que estão espalhados pelo palácio. Aquilo me causa certo alívio, saber que minha mãe não veio sozinha e faz questão de ter nossos homens como suas sombras.

Princesa de Dois Reinos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora