1. Noite de Blackout.

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Enquanto estava no ensino médio minha época favorita do ano era as aguardadas férias de julho

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Enquanto estava no ensino médio minha época favorita do ano era as aguardadas férias de julho. Eu sempre comemorei aqueles trinta dias rodeada de amigos na praia, no cinema e em casa lendo um bom livro porque enquanto todos reclamavam em suas redes sociais sobre a saudade da escola, eu só queria um tempo para ficar longe da parte toxica que admitindo ou não, a escola nós traz. Durante um logo tempo acreditei que o fim do ensino médio traria uma sensação de liberdade, uma vida adulta confortável e talvez até mesmo um amor daqueles de filme, a verdade é que eu acreditava que por ser inteligente conseguiria grandes coisas no início da minha vida adulta, ingenuidade minha acreditar nisso.

A verdade que os adultos esquecem de contar a seus adolescentes e que a partir do momento em que eles retiram a farda escolar a vida adulta começa e ela não te acolhe, ela te bate. Esqueceram de mencionar que teremos que lutar uns contra os outros em vestibulares, vagas da faculdade e vagas de emprego em que você nunca parece qualificado o bastante e no fim acaba um emprego meio expediente a qual você não se sente totalmente feliz e com diversas contas vermelhas para pagar da faculdade acumuladas, sem mencionar que conviver com os amigos se torna quase impossível.

A vida adulta e como um imenso misto de sensações acumulados que vão do cansaço até a solidão que traz quando você caminha com medo pelas ruas escuras após um longo dia de trabalho, e é naquele momento que você sabe que no fim do dia, você só tem a si mesmo e precisa se cuidar. Quando as aulas acabaram eu sabia que iria sentir falta, mas foi só ficando longe de todas aquelas pessoas que percebi que muitas vezes as amizades escolares nascem para que um ajude o outro a se manter vivo dentro daquela hierárquica desigual, um apoio o outro e no fim cada um segue um caminho e as vezes um desconhece o outro tão rápido e de forma tão fácil que me pergunto se as pessoas sentem falta da escola ou das amizades temporárias que criaram para sobreviver ao fatídico ensino médio.

Após o fim da adolescência percebi que nada seria conquistado de forma fácil, não quando se tem vinte anos e enxerga a vida como se tudo fosse um livro da Rainbow Rowell. Talvez ter ficado tanto tempo dentro da minha própria bolha me escondendo dos demais adolescentes tenha me feito um pouco cega para o mundo real, a verdade e que ando pelas ruas tentando encontrar minha própria historia, seja de amor ou de amor próprio, contando que seja a minha historia.

- Ei você, tudo bem? - A voz de Alexia soou do meu lado me fez despertar e encara-lá.

Assenti receosa.

Passei os olhos ao meu redor sentindo meu estomago revirar de nervoso já que mesmo após um ano morando em São Paulo, eu ainda costumava observar de forma minuciosa cada local a onde ia, era como se estivesse tentando me acostumar a morar em um ambiente totalmente diferente da minha realidade. Eu me sentia uma formiguinha no meio de tantos prédios, pessoas apressadas, nervosas e serias. Eu me sentia na escola novamente, me sentia invisível e dessa vez nem eu mesma me enxergava.

Para uma garota que nunca havia nem sequer entrado em um metro antes, nos últimos dias era o que eu mais havia feito. Encarei a garota ao meu lado que mordia um donnut caramelizado de forma selvagem e apressada o que me fazia gargalhar, Alexia é minha amiga há seis anos e ainda me surpreendo todos os dias com ela, me surpreendo com a forma como ela esta sempre tentando reinventar as próprias manias como se já não fosse diferente o bastante. De todas as minhas amigas, Alexia era a mais inteligente, aplicada e esforçada por estar sempre tentando criar mil faces dela mesmo o que as vezes se tornava complicado já que a garota estava matriculada em pelo menos sete cursos só no último mês, mas não a culpo por diferentemente de mim, esta saindo da própria bolha.

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