23. Saltos voadores.

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Os filmes relatam que terapia para problemas como ansiedade , depressão, anorexia e outros são  tratados em uma roda de cadeiras prateadas onde uns escutam os outros e seguram o choro preso na garganta

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Os filmes relatam que terapia para problemas como ansiedade , depressão, anorexia e outros são  tratados em uma roda de cadeiras prateadas onde uns escutam os outros e seguram o choro preso na garganta. Seus problemas são resolvidos em grupo, suas mágoas são consolados por pessoas que vivem as mesmas coisas e você consegue até se sentir menos sozinha, mesmo que a ansiedade grite que você é sozinha. A terapia te faz achar que o ar que ela te rouba, o chão que ela te tira, o sufoco que ela te dá, um dia teremos de volta.

A terapia e quase que um grupo de amigos com problemas iguais querendo esquecer um pouco deles enquanto fala sobre eles. Metade de nós está aqui porque os pais obrigam, os amigos acharam mais prudentes, os médicos recomendaram e bom, eu estou aqui porque talvez precise aprender a lidar comigo mesma. Me encontro sentada em uma cadeira de metal prateada revestida com fitas de plastico sintético azuis e ao meu lado está Alexia que segura em minha mão e Ant que crava as unhas curtas em meu joelho coberto por uma saia jeans de botões, ele está mais nervoso que eu por essa quinta sessão. 

Meus olhos castanhos vão de encontro com um pequeno palanque montado para que todos possam ir na frente e se apresentarem, diferente dos filmes não estamos em um circulo, estamos em fileiras retas em organizadas encarando um ponto fixo onde vemos uma garota de cabelos cacheados loiros contar sobre sua ultima crise e como aquilo foi forte e pessoal para ela, e mordo a linguá ao perceber que não quero contar sobre minhas crises. A garota loira chora e sorri ao dizer o quanto se sente forte e eu me sinto menos, menos forte e menos corajosa.

Talvez eu seja menos que todos. A isabela de dezesseis anos sonha em ser escritora, sonha em se apaixonar e sonhava em se sentir livre, mas a isabela de vinte e um tem medo de tudo isso.

A voz de um garoto de olhos verdes que agora subia no palanque rasgou meus pensamentos e eu o encarei escutando atentamente suas palavras.

-Quando se vive com algo dentro de você que pode te tirar o ar a qualquer momento, você vive com medo. Medo de viver e medo de desejar ser livre, eu tenho medo e sei que vocês tem medo, mas a liberdade e linda e precisamos deixa-la fazer parte de nós. - Sua voz era culta e rouca. - Em três minutos iremos sair daqui repassando tudo sobre o que conversamos e não é hora de só dizer que não queremos ser reféns, provém para si mesma que não são reféns.

Anthony apertou sua mão ao redor do meu joelho e Alexia entrelaçou seus dedos aos meus, ele estavam me dando apoio.

As pessoas levantavam e aplaudiram,  senti meu ar faltar me fazendo sair de perto dos outros pacientes alcançando a porta, o barulho bagunçava meus sentidos. Me sentei em uma praça em frente ao lugar em que eu estava vendo Alexia e Anthony brigando por alguma bobagem.

Eu queria não perder o ar com tanta facilidade, mas amotoado de pessoas agitadas me fazia ficar confuso e infelizmente eu não consegui a pensar direito perto de multidões. Talvez por isso me sentisse tão desconfortável em shows e bares lotados, todos dizem que devemos estar entre as pessoas, mais as vezes estar longe delas também é bom.

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