Eu detesto café, tanto o cheiro forte quanto o gosto amargo.
Eu poderia não me agradar com o gosto do café, mas já havia me acostumado com o cheiro forte e dominante do café com leite e creme caramelizado que buscava todas as tardes ao mesmo horário na esquina do escritório. Carregar os quatro copos de café por toda a rua extensa da avenida paulista além de ser um exercício para minhas finas e sedentárias pernas poderia dizer que até já se tornou uma atividade rotineira e gostosa de se fazer.
Mesmo que eu nunca sequer tenha provado o gosto de café em dezenove anos de vida admirar seu cheiro se tornou um habito de minhas tardes de sol quando minha maior distração enquanto andava até o prédio era observar os desenhos que assombras formavam pelo chão de pedra que normalmente estava sujo e cheio de frases de reflexão escritas na madrugada pelos artistas desconhecidos que tanto enaltecemos no Instagram após um dia triste em que sua frase acaba fazendo parte.
Há alguns meses atrás em meu primeiro dia no escritório tive que aprender alguns hábitos esdrúxulos da meu chefe que de imediato não imaginei que o constante e exorbitante vicio por café estivesse neles, ele me enojou por alguns instantes quando me recusei a provar seu café para testa se estava no grau certo em que ela gostava que era morno e amargo, mas logo depois resmungou que eu era uma cri tura estranho por não gostar de cafeina.
Mesmo sem nunca ter tomado nem sequer um gole de café tomei para mim mesma que não gostava e continuo com essa hipótese que de certa forma parece meio ridícula mais totalmente minha, eu até pensei em pôr o café em minha lista mental de coisas que eu não queria fazer até o fim de minha vida mais desistir ao perceber que já havia feito metade dessas coisas, como estar em uma relação abusiva, usar o signo de alguém como desculpa para fugir, fica totalmente bêbada, deixar Jasmin me usar como cobaia de acupuntura após sua aula de três horas pela internet e principalmente me submeter a tudo pela minha profissão.
-Aqui, quatro cafés com leite e creme caramelizado. - Estiquei o braço pondo os cafés no carrinho de entregas de papeis e lanches, o garoto exibiu um sorriso aberto e galanteador.
Para alguns o cargo de entregar papeis e lanches para o chefe e os funcionários parecia fácil e básico, mas o senhor Gouveia sempre encontrava algum defeito no menino do carrinho então toda semana eu conheci um garoto diferente e depois desconhecia de forma automática. Todos eles tinha expressão de tédio e postura curvada como quem diz que não desejaria está ali, diferente do garoto negro de olhos escuros e bonitos a minha frente que exibia uma postura correta e um sorriso aberto.
-Oi, eu sou Kairos, Kairos Bustamente. - O garoto se apresentou. - O garoto do carrinho. - Ele disse animada como se estivesse a ler meus pensamentos.
-Olha Kairos, você e o primeiro garoto do carrinho animado com esse emprego. - Disse obvia o fazendo rir.
-Eu sou o garoto do carrinho por enquanto, quem sabe amanha eu não um dos jogadores do tornados. - Ele disse confiante me fazendo assentir.
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Enlace | Concluída.
Teen FictionLivro concluído | Em revisão. Isabela definitivamente não é mais uma das suas amadas protagonistas de filmes clichê. Após o fim do ensino médio a garota se muda para uma nova cidade para tentar viver o sonho de morar com as melhores amigas virtuais...