CAPITULO 01: Bem vinda a Minnesota

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SOPHIA

     QUANDO EU ERA PEQUENA, meu sonho era ser astronauta. Imagina que estranho, uma garotinha de sete anos rodopiando pela casa com um capacete de moto na cabeça. Essa ideia desapareceu assim que eu bati de frente com a parede e cai dura no chão com aquela armadura pesada.

É, não foi muito legal.

Quando eu fiz dez anos, depois de ganhar um avião rosa da Barbie, decidi que queria ser aeromoça. E a medida de que eu fui crescendo, esse sonho também foi desaparecendo.

Uma coisa eu tinha certeza: eu amava viajar. Tanto no sentido literal quanto no mundo da lua.

Mas agora que eu realmente tinha viajado, sem passagem de volta para onde eu vivi durante todo os meus 17 anos, não parecia tão encantador assim.

─ Vamos lá, Soph! ─ minha mãe exclama sentada ao meu lado no banco do carro. ─ Está em uma cidade nova, indo para uma escola nova... tem a chance de recomeçar.

Desvio o olhar dela para o grande prédio escolar a alguns metros na minha frente.

─ Você pode ser popular... ─ piscou os olhos pra mim de uma forma sugestiva. Ela estava mais agitada e ansiosa do que eu, parecia uma criança - oque não era muita surpresa, ela sempre foi assim.

─ Eu não quero ser popular. ─ encostei minha cabeça no banco, em contestação. 

─ E o que você quer?

─ Quero ser a garota invisível, que ninguém conhece. E que quando perguntarem: "quem é ela?" Vão responder "não sei, só uma garota invisível que ninguém conhece".

─ Você quer ser invisível?

E então nós duas rimos. Rir foi bom naquele momento, aliviou o nervosismo.

─ Ei, vai ficar tudo bem.

─ Não sei oque fazer. ─ confessei.

Essa mudança estava sendo mais difícil do que eu pensei. Minha vida toda eu sempre quis me mudar da cidade tediosa de Albuquerque e agora que eu finalmente tinha conseguido, estava com medo de encarar a minha nova realidade.

─ Só seja você mesma e as pessoas vão gostar.

─ É mais fácil na teoria do que na pratica. ─ resmunguei.

─ Relaxa, filha. Depois da tempestade vem a nuvem. ─ franziu as sobrancelhas de propósito. ─ Não, espera... acho que isso tá errado.

─ É o arco-íris. ─ respondi, abrindo a porta do carro e tendo coragem para sair. ─ Depois da tempestade vem o arco-íris.

─ Isso! ─ sorriu, se encostando na janela. ─ Boa sorte, eu te amo e todos que estão aí são menos inteligentes que você.

Eu soltei um risinho.

─ Tchau, também te amo.

─ Ah, espera!

Me virei para encara-la novamente, com a esperança de que ela me colocasse dentro do carro e a gente voltasse de novo para casa.

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