Eu nunca vou olhar para trás
Eu nunca vou desistir
Não, não me acorde agora
Este vai ser o melhor dia da minha vida
|Best day of my life - American AuthorsSOPHIA
Acordei sonolenta e desconfortável no banco da frente do carro. Fragmentos do dia anterior passando pela minha mente me davam dor de cabeça.
Ele estava certo. Daniel sempre esteve certo. E eu boba, não quis acreditar, achando que o meu pai era melhor e diferente que o dele.
Tudo oque eu queria agora era ligar para a minha mãe e chorar. Chorar muito.
E então, comecei a escutar um barulho de alarme de carro. Não estava muito alto porém estava muito desconfortável. Olhei para trás e percebi que Daniel já tinha acordado e não estava aqui dentro. Franzi a testa e me esforcei para sair de dentro daquele automóvel.
Dei de cara com a pracinha em que tinha estacionado o carro. Era uma rua depois da casa do meu pai, onde também estava vindo o som irritante. Olhei para as ruas e não vi nenhum sinal de Daniel. Resolvi seguir o alarme.
Quando comecei a andar, percebi que o alarme dava para a própria casa do meu pai. Hesitante, me aproximei, sentindo as batidas do meu coração a cem.
Foi aí que vi Daniel.
Ele estava agitado, andando rápido e com o cabelo pingando com algumas gotas de suor. Quando cheguei mais perto, percebi que ele estava segurando um pedaço de madeira, usando-o para bater e amassar o carro... do meu pai.
─ O que você está fazendo?! ─ corri preocupada até ele ─ Para com isso. Meu deus, Daniel!
─ Sai de perto. ─ respondeu ofegante ─ Tem pedaço de vidro voando.
E então ele bateu o pedaço de madeira contra o carro com força e eu fechei os olhos, impulsionada pelo susto e barulho.
─ Daniel, por quê tá fazendo isso?! ─ gritei, agoniada. Ele estava acabando com o carro. ─ Para! Você vai se machuc...
─ Eles não podem simplesmente ter um filho e depois abandoná-los como se nunca existissem! ─ foi a única coisa que respondeu. Ele estava nervoso.
E então, janela da casa do meu pai se abre revelando a namorada dele com um semblante sonolento. Logo depois, ele aparece ao seu lado e sem entender oque está acontecendo com seu carro, grita:
─ Oque você tá fazendo com o meu carro, garoto?! ─ gritou tão alto assim como desapareceu rápido.
Daniel largou a madeira no chão e saiu rápido. Eu comecei a correr, chegando primeiro em direção ao carro e entrando e o ligando rápido. Daniel estava demorando. Por causa da sua prótese, ele não podia correr.
Logo, vejo ele mancando até o carro. Na maior velocidade que consegue.
─ ...eu vou chamar a polícia! ─ escutei meu pai logo atrás desistir, ofegante, colocando as mãos no joelho.
Assim que Daniel abre a porta e senta no banco, eu piso no acelerador. Dirijo tão rápido e ao mesmo tempo nervosa que me sinto dentro do filme Thelma & Louise, ou então, Bonnie & Clyde - e por julgar pelo final, resolvo estacionar e recuperar o fôlego da pequena adrenalina.
─ Então é agora que nós voltamos para casa antes da polícia vir atrás de mim? ─ escutei Daniel perguntar e não resisti, comecei a rir.
Minha risada foi alta e acho que foi por isso que Daniel começou a rir também. Nunca imaginaria que ele faria alguma coisa daquelas.
─ Mas sério... a gente vai voltar?
O observei devagar. Apesar de ontem, a viagem tinha sido boa para ele. Para nós dois. Espairecer. E aposto que o acontecimento não só de hoje, mas também dos outros dias, nunca sairão da minha cabeça, ou da dele. Tínhamos criado memórias.
─ Ainda não. ─ respondi. Eu tinha uma ideia incrível.
─ Ainda não? ─ franziu as sobrancelhas.
─ Ainda não.
Ele manteve sua expressão confusa e perguntou onde iríamos. Não quis contar e avisei que era surpresa. O destino em que eu queria levá-lo ficava há poucos quilômetros de Chicago, onde estávamos.
─ Eu odeio surpresas. ─ avisou.
─ Essa você vai gostar. ─ tenho certeza.Ele deu de ombros e encarou suas mãos vermelhas, de tanta força que tinha feito para acabar com o carro do meu pai. Suspirei, sorrindo para mim mesma. Olhei para o meu pulso, para pequena e recente tatuagem.
─ Acho que vou abandonar a escrita e me focar apenas nas viagens. ─ revelei, quando me veio a ideia.
─ É? Por quê?
─ Eu só queria ser escritora pro causa do meu pai. ─ confessei algo que fui descobrir ontem, depois de vagar muito em meus pensamentos ─ Não acho que seja realmente o certo para mim.
─ Bom, eu só consigo te ver viajando de lugar em lugar.
Sorri.
─ É isso que eu quero fazer.
Daniel encostou a cabeça no vidro e acho que cochilou por um bom tempo. Ele despertou logo na chegada do nosso destino, que eu iria surpreendê-lo.
─ Bem na hora. ─ eu disse, quando se espreguiçou.
─ Chegamos?
─ Sim. Agora olha onde você está ─ apontei com a cabeça e ele se virou, em direção à vista do enorme campus e de um prédio grande.
─ Não acredito... ─ sussurrou e eu acabei escutando. ─ Não acredito que a gente está na...
─ Universidade de Wisconsin.
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3 capítulos
para o fim!
vocês estão
preparados?
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I See You
Teen FictionDaniel tem uma fobia que o impede de sair de casa e Sophia precisa de dinheiro para encontrar o pai que não vê a 6 anos. O destino dos dois se cruzam quando Soph começa a dar aulas particulares ao Dan, e juntos, desenvolvem uma amizade fiel e compa...