CAPÍTULO 43: Tipo Bonnie & Clyde

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Eu nunca vou olhar para trás
Eu nunca vou desistir
Não, não me acorde agora
Este vai ser o melhor dia da minha vida
|Best day of my life - American Authors

                                         SOPHIA

Acordei sonolenta e desconfortável no banco da frente do carro. Fragmentos do dia anterior passando pela minha mente me davam dor de cabeça.

Ele estava certo. Daniel sempre esteve certo. E eu boba, não quis acreditar, achando que o meu pai era melhor e diferente que o dele.

Tudo oque eu queria agora era ligar para a minha mãe e chorar. Chorar muito.

E então, comecei a escutar um barulho de alarme de carro. Não estava muito alto porém estava muito desconfortável. Olhei para trás e percebi que Daniel já tinha acordado e não estava aqui dentro. Franzi a testa e me esforcei para sair de dentro daquele automóvel.

Dei de cara com a pracinha em que tinha estacionado o carro. Era uma rua depois da casa do meu pai, onde também estava vindo o som irritante. Olhei para as ruas e não vi nenhum sinal de Daniel. Resolvi seguir o alarme.

Quando comecei a andar, percebi que o alarme dava para a própria casa do meu pai. Hesitante, me aproximei, sentindo as batidas do meu coração a cem.

Foi aí que vi Daniel.

Ele estava agitado, andando rápido e com o cabelo pingando com algumas gotas de suor. Quando cheguei mais perto, percebi que ele estava segurando um pedaço de madeira, usando-o para bater e amassar o carro... do meu pai.

─ O que você está fazendo?! ─ corri preocupada até ele ─ Para com isso. Meu deus, Daniel!

─ Sai de perto. ─ respondeu ofegante ─ Tem pedaço de vidro voando.

E então ele bateu o pedaço de madeira contra o carro com força e eu fechei os olhos, impulsionada pelo susto e barulho.

─ Daniel, por quê tá fazendo isso?! ─ gritei, agoniada. Ele estava acabando com o carro. ─ Para! Você vai se machuc...

─ Eles não podem simplesmente ter um filho e depois abandoná-los como se nunca existissem! ─ foi a única coisa que respondeu. Ele estava nervoso.

E então, janela da casa do meu pai se abre revelando a namorada dele com um semblante sonolento. Logo depois, ele aparece ao seu lado e sem entender oque está acontecendo com seu carro, grita:

─ Oque você tá fazendo com o meu carro, garoto?! ─ gritou tão alto assim como desapareceu rápido.

Daniel largou a madeira no chão e saiu rápido. Eu comecei a correr, chegando primeiro em direção ao carro e entrando e o ligando rápido. Daniel estava demorando. Por causa da sua prótese, ele não podia correr.

Logo, vejo ele mancando até o carro. Na maior velocidade que consegue.

─ ...eu vou chamar a polícia! ─ escutei meu pai logo atrás desistir, ofegante, colocando as mãos no joelho. 

Assim que Daniel abre a porta e senta no banco, eu piso no acelerador. Dirijo tão rápido e ao mesmo tempo nervosa que me sinto dentro do filme Thelma & Louise, ou então, Bonnie & Clyde - e por julgar pelo final, resolvo estacionar e recuperar o fôlego da pequena adrenalina.

─ Então é agora que nós voltamos para casa antes da polícia vir atrás de mim? ─ escutei Daniel perguntar e não resisti, comecei a rir.

Minha risada foi alta e acho que foi por isso que Daniel começou a rir também. Nunca imaginaria que ele faria alguma coisa daquelas.

─ Mas sério... a gente vai voltar?

O observei devagar. Apesar de ontem, a viagem tinha sido boa para ele. Para nós dois. Espairecer. E aposto que o acontecimento não só de hoje, mas também dos outros dias, nunca sairão da minha cabeça, ou da dele. Tínhamos criado memórias.

─ Ainda não. ─ respondi. Eu tinha uma ideia incrível.

─ Ainda não? ─ franziu as sobrancelhas.

─ Ainda não.

Ele manteve sua expressão confusa e perguntou onde iríamos. Não quis contar e avisei que era surpresa. O destino em que eu queria levá-lo ficava há poucos quilômetros de Chicago, onde estávamos.

─ Eu odeio surpresas. ─ avisou.

─ Essa você vai gostar. ─ tenho certeza.

Ele deu de ombros e encarou suas mãos vermelhas, de tanta força que tinha feito para acabar com o carro do meu pai. Suspirei, sorrindo para mim mesma. Olhei para o meu pulso, para pequena e recente tatuagem.

─ Acho que vou abandonar a escrita e me focar apenas nas viagens. ─ revelei, quando me veio a ideia.

─ É? Por quê?

─ Eu só queria ser escritora pro causa do meu pai. ─ confessei algo que fui descobrir ontem, depois de vagar muito em meus pensamentos ─ Não acho que seja realmente o certo para mim.

─ Bom, eu só consigo te ver viajando de lugar em lugar.

Sorri.

─ É isso que eu quero fazer.

Daniel encostou a cabeça no vidro e acho que cochilou por um bom tempo. Ele despertou logo na chegada do nosso destino, que eu iria surpreendê-lo.

─ Bem na hora. ─ eu disse, quando se espreguiçou.

─ Chegamos?

─ Sim. Agora olha onde você está ─ apontei com a cabeça e ele se virou, em direção à vista do enorme campus e de um prédio grande.

Não acredito... ─ sussurrou e eu acabei escutando. ─ Não acredito que a gente está na...

─ Universidade de Wisconsin.

#
3 capítulos
para o fim!
vocês estão
preparados?

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