CAPÍTULO 05: Ajudinha do destino

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                                         SOPHIA

HOJE DE MANHÃ QUANDO acordei, senti que precisava organizar as coisas. Eu estava de bom humor e não era por causa da carta que o papai tinha me enviado - que aliás, esqueci no bolso da mochila e nem li.

Acordei mais cedo que o normal, precisava chegar cedo na escola. Provavelmente eu leria a carta lá, onde seria impossível ser descoberta pela minha mãe.

─ Ei, o que está fazendo, senhorita? ─ escutei os passos rastejados de preguiça que a minha mãe fez até chegar na porta do banheiro. ─ Por que acordou tão cedo?

─ Estou só...

─ Espera aí, você está usando maquiagem?

Ela sorriu e se aproximou, olhando o meu reflexo no espelho. Eu não respondi.

─ Isso tem haver com um rapaz? ─ soltou um gritinho. ─ Você nem me contou, tem alguém que te interessou lá? Muitos gatinhos?

─ Mãe! ─ a repreendi. ─ Não tem nenhum gatinho, a não ser o preto que eu vi perto da rodovia no caminho.

─ Há-há. Muito engraçada.

Eu sorri e tentei pensar em alguma desculpa útil para justificar a maquiagem. De jeito nenhum eu iria contar que fiquei horas acordada de madrugada, pesquisando sobre Chicago e a quantos quilômetros eram daqui de Minnesota até lá - resultando em nove horas e meia de viagem.

─ Fiquei até tarde estudando. Estou com olheiras, só isso.

─ Até parece. Você tem dezesseis anos, não fica com olheiras. ─ franziu o cenho. ─ Sua pele é como bunda de neném.

─ A sua que é como bunda de neném. ─ retruquei.

─ Tem razão, ela é mesmo. ─ alisou suas bochechas e nós duas rimos. Ela se afastou, indo em direção à outro cômodo.

Depois de terminar de esconder as olheiras, fui no meu quarto e peguei a minha mochila, verificando se a carta continuava lá. Ela estava, ainda bem. Coloquei a mochila nas costas e fui até a sala, onde gritei para onde quer que a minha mãe esteja:

─ Isabel Cameron, estou pronta!

E então, ela aparece correndo com uma combinação de roupa constrangedora. Uma blusa rosa pink - do tipo que pode deixar seus olhos ardendo - e uma saia colada no joelho, também rosa, com estampa de flores.

─ Você vai mesmo sair assim?

─ Quer que eu te leve ao colégio ou não?

Dei de ombros e sai, indo em direção ao carro. Minha mãe veio logo atrás. Todo o percurso do caminho foi tranquilo, com a senhorita Isabel narrando o seu dia de ontem, monótono no trabalho - ela era corretora de imóveis.

─ Você se lembra de quando assistíamos Procurando Nemo, e tinha uma cena que o pai do Nemo não queria deixar ele na escola porque ficaria sozinho?

─ Acho que sim, por quê?

─ Ah, bom, porque é assim que estou me sentindo.

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