CAPÍTULO 32: A segunda briga

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DANIEL

DEPOIS QUE A COMIDA DO jantar terminou, a minha mãe foi esperta e colocou eu e a Sophia na cozinha, para lavar e enxugar os pratos.

Eu percebi ela nervosa, com medo de que a sua mentira mal feita seja descoberta enquanto as duas mães conversavam na sala.

─ Elas não vão descobrir. ─ comentei, enquanto observava Sophia molhar os pratos nervosamente e ficar olhando para trás. ─ Essa é a hora em que a minha mãe fala sobre a minha perna.

Suspirei e ela me encarou sem entender.

─ Sobre a sua perna?

─ É. ─ dei de ombros. ─ Você sabe... falar sobre o acidente e sobre a prótese.  ─ soltei uma risada fraca. ─ Por que você acha que ela me mandou vir lavar os pratos?

Sophia ficou calada e eu desejei que ela quebrasse esse silêncio desconfortável como sempre fazia antes. Engraçado porque, antes de ela chegar, eu ainda estava morrendo de raiva pelo dia anterior. Mas quando ela começou a implorar e a falar sobre seu pai, não sei... simplesmente passou.

─ O baile da escola é amanhã, né? ─ perguntei desinteressado.

─ É... ─ voltou a enxugar os pratos. ─ Mas não se preocupe, eu vou com o William.

Assim que escutei o nome do cara que veio na minha casa ontem, larguei o prato automaticamente, que caiu na pia e fez um barulho alto.

─ Cuidado... quebrou? ─ Sophia se aproximou e eu a interrompi.

─ Por que você invocou com esse William, agora? ─ perguntei e quando percebi, a minha raiva já tinha voltado. ─ Qual é a de vocês?

─ O quê?

─ O que você tem com esse cara? ─ perguntei. ─ Ele é um babaca, você não percebi isso?

─ Daniel... ele não é tão ruim assim. ─ ela me olhou. ─ Por quê? Ele te tratou mal, ontem?

Não só ontem, mas por toda a minha vida.

─ Vocês estão juntos? ─ perguntei desconfiado. ─ Você e o William?

─ O quê? Deus, não. ─ fez uma careta. ─ Aliás, quer saber? Não te interessa. Você não precisa ficar sabendo de tudo na minha vida, Daniel.

─ Eu não queria saber mesmo. ─ Muito menos sobre esse William. Não estou nem aí.

Escuto ela soltando uma gargalhada e antes de eu questionar o motivo, ela pergunta:

─ No que está pensando?

─ Em nada.

─ Eu sei que você deve estar pensando em alguma coisa.

Fiquei um momento em silêncio e me questionei se falaria com ela ou não sobre oque tinha acontecido nesses últimos dias.

─ Eu saí um dia desses.

─ De casa? ─ abriu os olhos e quase sorriu.

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