CAPÍTULO 25: Tia Matilda

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                                         SOPHIA

A IRMÃ DE JÚNIOR, O QUASE namorado rejeitado da minha mãe, morreu de ataque do coração, nessa madrugada passada.

Depois da ligação dramática que mamãe recebeu ontem à noite, ela me obrigou a vestir uma roupa decente e ir junto com ela até a casa dele, consolá-lo. Oque me impressionou muito, já que ela tinha dito que não tinha gostado dele e que tinha sido um dos piores encontros de toda a sua vida.

Passei a madrugada lá. Sentada no sofá observando o senhor Júnior chorar no ombro da minha mãe e falar o quanto a sua irmã era querida e amada. Tinha sido um péssimo jeito de conhecer o quase namorado da minha mãe.

Depois de um bom tempo brigando com o sono, finalmente a minha mãe e eu voltamos para a casa. Eu literalmente nem tirei a roupa do corpo e desmaiei em cima da cama. Minutos depois, a senhorita Isabel aparece no quarto me acordando novamente.

─ É sábado... ─ resmungo.

─ Eu sei, mas temos um enterro para ir.

─ Eu não posso ficar? ─ tento criar forças para levantar mas estava muito cansada.

─ Não mesmo. A irmã do meu homem morreu e eu odeio enterros. ─ ela respondeu. ─ Você vai para me fazer companhia. Solidariedade, filhota.

─ Oh, Deus. ─ me abrigo a abrir os olhos com dificuldade.

─ É, clame por ele. ─ disse, saindo da porta do meu quarto e gritando para que eu me vista de preto.

Não demoro muito para escolher uma combinação de roupa escura. Quando chego na sala, observo a minha passando maquiagem escura nos olhos, e logo uma sombra embaixo dos olhos.

─ O que você tá fazendo?

─ Isso minha querida, se chama maquiagem de disfarce. Preciso parecer triste.

─ A sua quase cunhada morreu, você não está triste o suficiente?

─ Eu nem a conhecia e já fiquei sabendo que ela era terrível. ─ respondeu. ─ Talvez tenha sido um livramento.

─ Que horror. Mais respeito senhorita Isabel. ─ a repreendi.

Nós saímos e fomos em direção ao carro. Minha mãe colocou "I Want In That Way" dos Backstreet Boys para tocar no rádio e o caminho todo até o cemitério foi mais rápido.

De fora, conseguimos ver o local praticamente vazio. Só tinham dois carros estacionados, contando com o nosso.

─ Estamos adiantadas? ─ perguntei.

─ Não mesmo. ─ olhou para o seu relógio. ─ Eu ainda fiz questão de atrasar doze minutos.

Trocamos olhares desconfiados e então caminhamos para dentro do cemitério. Assim que entramos, conseguimos ver Júnior numa roda com poucas pessoas ao redor de um caixão branco.

─ Ei... ─ minha mãe é a primeira que vai falar com ele. Depois de um bom tempo agarrados, pude abraçar Júnior e dizer que sinto muito. Acho que ele acabou babando a o meu cabelo.

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