CAPÍTULO 45: Ligue para seu héroi

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Amigos apenas dormem em camas separadas
E os amigos não me tratam como você trata
Eu sei que há um limite para tudo
Mas meus amigos não me amam como você
|Friends - Ed Sheeran

                                         SOPHIA

Fui presa. Eu e Daniel fomos presos. Não acredito que nós estávamos realmente em uma delegacia, encurralados e... presos.

─ Poderia ser pior. ─ Daniel diz ao meu lado. Sei que isso não é oque ele acha, talvez só tenha dito para tentar me acalmar, coisa que falhou completamente.

E é incrível o quanto ele está sentado e calmo no banco dentro da mesma espécie de gaiola - ou cela minúscula - que eu.

─ Poxa, Daniel. ─ resmunguei ─ Nossas mães vão nos matar...

Observei ele suspirar e dar de ombros.

─ É... talvez.

Me rendo e vou sentar ao seu lado, derrotada pelo cansaço. Encostei minha cabeça em seu ombro e senti ele agarrar a minha mão.

─ Mas foi divertido... ─ declarou ─ Toda a nossa viagem de três dias e as nossas pequenas aventuras, e imprevistos e até mesmo as decepções.

Não pude evitar de soltar um riso murcho.

─ É... foi divertido.

Houve um breve silêncio entre nós. Com a cabeça no seu ombro e perto do seu peito, consegui sentir sua respiração.

─ Sinto muito pelo seu pai... ─ disse ─ E sinto muito por estar falando agora. Sei que deveria ter dito antes mas...

─ Tá tudo bem ─ o interrompi ─ Não faz mal.

─ No meio disso tudo, eu percebi uma coisa... ─ revelou e eu me estiquei para ver seu rosto ─ Nós temos uma coisa particular em comum.

─ O quê?

─ Queremos ser amados pelo que somos.

─ É. ─ concordei, abrindo um sorriso ─ E você é.

─ Você também.

Ele apertou minha mão com força, como se pudesse congelar o tempo e nos deixasse li, naquele momento para sempre.

E depois de muitos minutos um encostado no outro, eu consigo ver um policial no canto da sala onde estávamos.

─ Daniel... ─ balancei a apontei para o homem fardado ─ Eu vi nos filmes, acho que a gente tem direito a uma ligação. Vai falar com ele!

─ Eu?

─ É, você.

─ Eu não. ─ negou ─ Não vou falar com ele...

Eu entendia que ele estava com medo. Mas depois de passar por tantas situações durante a nossa viagem, ele não podia mais se reprimir.

─ Você sabe que eu não consigo.

─ Não, eu sabia que você não conseguia antes. ─ reformulei a frase ─ Agora você pode.

─ Não, não posso. ─ persistiu ─ Não vou falar com ele.

Suspirei e cruzei os braços.

─ Se eu for falar com ele, você vai ficar assistindo sozinho aí no fundo, como se estivesse vendo TV.

Observei Daniel resmungar e se levantar do banco. Eu sorri, me sentindo orgulhosa. Ele andou até o máximo que a grade nos prendia e chamou o policial, que no iniciou tentou ignorar mas por sermos de menores, voltou logo para ver oque queríamos.

─ Um telefonema. ─ escutei Daniel pedir.

─ Só um. ─ o homem repetiu, abrindo a porta daquela cela em que estávamos. ─ E apenas um de vocês.

Daniel olhou para mim e disse que era melhor eu ir. Nervosa, eu acompanhei o policial até uma cabine minúscula mas cheia de outros policiais. Ele pegou um telefone de fio e me esticou.

Hesitante, coloquei o número da minha mãe e começou a discar. Logo, escuto sua voz do outro lado.

─ Mãe, sou eu.

Há um burburinho na linha e logo depois eu escuto ela perguntar agoniada:

─ Onde você está? Oque...

─ Eu estou bem. ─ tentei acalma-la.

─ Onde você se meteu, Sophia? Me deixou apenas um bilhete dizendo que voltaria em dois dias! E hoje fazem três! ─ começou a falar e senti que iria começar a chorar a qualquer momento ─ Você é tudo oque eu tenho, sua maluca!

─ Mãe, fique calma. ─ pedi novamente.

─ Estou calma. Porque está me pedindo para ficar calma?

─ Porque preciso de dizer uma coisa...

Escutei ela suspirar e esperar pela minha resposta.

─ Eu meio que estou... presa.

─ O quê? Você foi presa?

─ Sim. ─ fiz careta. Basicamente eu só fiz fugir com o culpado, mas ela não precisava ficar sabendo disso.

─ O que você fez?

─ Vandalismo.

─ Meu Deus, quando eu disse que queria que você fosse mais rebelde não era isso que eu tava falando... ─ escutei ela rir de nervoso ─ Na verdade era, mas não sabia que iria levar tão a sério.

─ Mãe!

─ Tudo bem, desculpe. Me passe o endereço da delegacia que você está e não saia daí que eu estou indo de buscar.

─ Ok. ─ senti meu coração mais leve ─ Eu te amo.

─ Eu também te amo, garota rebelde. Não saia daí.

─ Certo. E mãe, tem mais um detalhe... ─ eu já tinha mentido e escondido tantas coisas da dona Isabel que não queria continuar com esses hábitos.

─ Qual?

─ O Daniel está aqui comigo.

─ Eu sei.

─ Sabe? ─ franzi as sobrancelhas ─ Como você sabe?

─ No mesmo dia em que vocês escaparam a mãe dele ligou perguntando se você sabia alguma coisa. ─ respondeu e eu sorri ─ E a única coisa que eu fiz foi dizer que não e ligar os pontinhos.

Ela era incrível.

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