CAPÍTULO 40: A primeira vez

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Quando você cair como uma estátua
Eu vou estar lá para te pegar
Colocar você em pé
|Gone, Gone, Gone - Philip Phillip

                                         DANIEL

A gasolina acabou e agora eu e Sophia estamos saindo do carro, que está no meio da pista, para tentar empurra-lo para dentro da mata.

─ Não precisa fazer isso se doer, eu consigo sozinha. ─ a garota do meu lado disse e eu revirei os olhos.

─ Você não vai empurrar esse carro sozinha, Sophia.

E então começamos, contra a vontade dela de eu participar. Mesmo com a minha prótese doendo toda vez que eu fazia força, Sophia era uma garota e - não sendo machista mas ela não tinha muita força - por isso, não podia deixar ela sozinha.

Depois de um tempo empurrando, conseguimos pegar impulso e começamos a correr. Era engraçado mas também um pouco doloroso para a minha perna.

─ Falta pouco, cavalheiro. ─ escutei Sophia dizer e começar a rir.

Eu sorri e comecei a sentir os pingos de suor da minha juba escorrer. Finalmente conseguimos, com dificuldade levar o carro até a beirada da estrada, dentro da mata não muito grande.

─ Uh. ─ suspirei, passando a barra da minha camiseta na testa, enxugando o excesso do suor. ─ E agora?

─ E agora a gente vai ter que passar a noite aqui e de manhã procurar reforço. ─ suspirou cansada, abrindo a porta do carro e entrando.

Eu a segui e depois de sentar no banco, comecei a rir. As risadas saiam involuntariamente e eu conseguia ver Sophia me encarando sem entender. Parei quando as minhas bochechas começaram a doer.

─ Por quê está rindo?

─ Porque estou me sentindo num filme.

E realmente, estava. Viajando com a garota que eu gosto para realizar o sonho dela, parando em vários locais e apreciando lugares e paisagens diferentes. Sem contar com a cena clichê em que o carro fica sem gasolina.

─ Você fez isso de propósito, não foi?

Sophia me olhou ainda sem entender e começou a rir.

─ O quê?

─ Deixa pra lá...

E então, começamos a rir novamente.

Depois de um bom tempo, ficamos sérios e nos calamos dentro do carro.

Olhei para o meu telefone e pensei em deixar uma mensagem para a minha mãe, mas acho que ela ou a Melissa já devem ter encontrado a carta que eu deixei avisando que iria viajar e pedindo umas vinte vezes desculpas.

─ Então... ─ olhei para Sophia. ─ Uma vez você me disse que queria ser escritora, mas que também queria viajar pelo mundo inteiro.

─ É verdade. ─ ela sorriu. ─ Não sabia que você lembrava.

Dei de ombros.

─ Eu lembro de muitas coisas.

Sophia sorriu e quando foi tentar ligar o rádio do carro em vão, esbarrou na gaveta do carro que acabou se abrindo e revelando cinco garrafas pequenas de bebida alcoólica.

─ O que é isso? ─ riu sem entender.

Eu peguei uma das garrafas e encarei o líquido transparente.

─ Não é de muito tempo isso daqui. ─ observei a validade, ainda válida.

Encarei Sophia com um sorriso maroto no rosto e ela me encarou com semblante engraçado e duvidoso. 

─ Eu sempre quis saber como é ficar bêbado. ─ revelei, abrindo a garrafa e a levando até meus lábios.

─ Daniel, não... você não sabe de onde isso veio.

─ Veio daqui dessa gaveta. ─ respondi e ela revirou os olhos, soltando uma risadinha logo depois.

─ Você entendeu...

─ Qual é, não vai fazer mal algum a gente beber.

Peguei outra garrafa e estiquei em sua direção.

─ Eu vou dirigir! ─ recusou.

─ O carro está sem gasolina.

Sophia me encarou hesitante e antes de pegar a garrafa, disse:

─ Só um pouquinho...

Eu ri e comecei a beber aquele líquido amargo. Tinha um gosto diferente de tudo que eu já tinha experimentado mas no final acabei gostando. Quando percebi, já tinha bebido duas garrafas inteiras e metade de outra, enquanto Sophia continuava com a mesma.

Eu e ela conversamos sobre algo que eu não consigo lembrar, e ríamos bastante. Acho que era a primeira vez dela com o contato do álcool - a minha pode se dizer que depois de tanto tempo, também era.

Quando me dei conta, estava encarando seus olhos castanhos brilhantes. Engoli seco e passei a língua pelos meus lábios, que por sinal estavam amargos e desidratados.

Sophia continuava falando sobre alguma coisa que eu não entendia e então, me aproximei dela, observando seus lábios perfeitinhos. Passei a mão pelo seu cabelo e a abracei. Escutei ela rindo e perguntando o que eu estava fazendo. Eu também não sabia. Depois, segurei seu rosto e o puxei na minha direção, para um beijo.

─ Eu gosto de você. ─ disse, meio grogue. ─ Gosto muito de você.

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