CAPÍTULO 33: O baile de inverno

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SOPHIA

    EU ESTAVA PRONTA PARA O BAILE. Com um vestido rodado preto e lilás, um saltinho básico e meus cabelos soltos, sendo contornados pela fita fina da máscara preta de pedrinhas roxas brilhantes - eu só estava esperando William na porta de casa.

Infelizmente, não tinha encontrado nenhuma peça de acessório vermelha - na qual William pediu - que combinasse com a minha roupa. Espero que ele entenda.

Minha mãe estava ao meu lado, mais animada do que eu - parte dessa animação tinha sido culpa das três taças de vinho que ela tinha bebido. Porque se eu pudesse, passaria a noite deitada na cama assistindo Friends.

─ Ele chegou. ─ senhorita Isabel deu um pulo do batente da varanda quando viu o carro estacionando e me olhou com expectativa. ─ Meu deus, ele parece com aquele loirinho do Backstreet Boys.

─ Não, ele não parece não. ─ discordo, fazendo uma careta enquanto observo William andar até a nossa direção.

Ele está como sempre. Um conjunto de calça e smoking estiloso, com uma echarpe e grava vermelha que definitivamente não combinavam e seu topete loiro cheio de gel.

─ Uau, você tá gata. ─ sorriu e me abraçou. ─ Você também. ─ olhou para a minha mãe e piscou.

─ E você é atrevidinho, versão nova do Nick Carter.

─ O quê? Quem é esse..?

─ Ninguém. ─ respondi, agarrando a mão dele e o puxando para o carro. ─ Vamos logo.

─ Se divirtam. ─ minha mãe gritou. ─ Tragam uns docinhos para mim.

Assim que entramos no carro, ele alisou os próprios cabelos se olhando pelo retrovisor e disparou:

─ Acho que a sua mãe gostou de mim. ─ piscou.

─ Ela está bêbada.

─ Você é engraçada. ─ William solta uma gargalhada. Eu não estava mentindo.

Ele liga o carro e da partida em direção ao colégio. O clima é constrangedor e o silêncio também. Acho que ele percebeu porque ligou o som. Imediatamente esqueci que nem todas as pessoas tinham o mesmo gosto musical que eu e minha mãe tínhamos e fiz uma careta, ao escutar alto as batidas forte de uma música estilo hip hop.

Não demorou muito para que a gente chegasse na escola. Ainda bem. William estacionou o carro e me ajudou a descer. Agarrou na minha cintura e colocou sua máscara vermelha, além de um sorriso ensaiado no rosto, se preparando para entrar.

A arrumação do salão estava lindo.

Globos de discotecas pendurados no teto, lonas coloridas cobrindo todo o espaço. A pista de dança cheia de luzes neon. Além dos diversos alunos de máscaras, que fazia a noite ficar verdadeiramente um encanto.

Eu estava tão hipnotizada que quase tropeço em um fio que estava no chão - e provavelmente deve ser do som.

─ Cuidado, cachinhos dourados. ─ William disse, e eu franzi as sobrancelhas sem entender esse novo apelido.

─ Meu cabelo é castanho. ─ retruquei. De onde ele tirava essas coisas?

Continuamos andando até chegarmos a uma mesa onde tinha alguns adolescentes do grupinho de amigos dele.

─ Vou pegar refrigerante. ─ menti.

─ Beleza, traz um pra mim. ─ Will piscou.

─ E um pra mim também, amigona! ─ um dos amigos dele pediu e eu forcei um sorriso, balançando a cabeça.

Sai daquela rodinha antes que eu tivesse que trazer a bandeija inteira e fui em direção ao salão.

Observei alguns alunos dançando agitados ao som de "Glad You Came" - clássico de música eletrônica. Depois de alguns minutos, me viro para voltar a procurar William quando vejo Amber sentada na arquibancada, sem máscara alguma e parecendo super entediada.

Como não faz nem trinta minutos que eu cheguei no baile e também estou entediada, decido ir na direção dela.

─ Amber, oi!

A garota me olha tentando adivinhar quem eu sou e para facilitar seu trabalho, tiro a máscara.

─ Ah, é você. ─ resmungou. ─ Oque veio fazer aqui?

Dei de ombros e ela continuou perguntando:

─ Ouvi dizer que veio com o William. É verdade?

─ É. ─ sentei ao seu lado. ─ Mas não estamos juntos. Ele é todo seu, se quiser.

Ela me encarou confusa e eu estiquei a minha máscara na sua direção.

─ Vai lá encontrar com ele.

─ Você acha que estamos em um filme? ─ cruzou os braços. ─ Isso não vai funcionar.

─ Ele mal reparou na minha roupa. ─ respondi. ─ É só se passar por mim.

─ Isso é sério? ─ perguntou e eu balancei a cabeça. ─ Você só pode estar brincando...

─ Então tá, se você não quer...

─ Ah não, eu quero. ─ ela tomou a máscara da minha mão e me deu a sua, de uma cor vinho escura.

Levantou determinada e foi a procura de seu príncipe não encantado, sumindo no meio dos outros adolescentes mascarados.

Depois de alguns bons minutos sentada e encarando o chão, sem nada do que fazer, levantei e comecei a andar. Fui em direção à bandeija de doces quando um William agitado corre na minha direção. Ao mesmo tempo, estou longe da pista de dança mas começo a escutar a melodia de uma música boa, que eu já devo ter escutado antes, na caixa de som.

─ Ei, você deu a sua máscara para a Amber? Porque ela acabou de se passar por você e...

─ Agora não, William. ─ digo, tentando desviar dele e me concentrar na música.

─ Tudo bem... bom, quer dar uma volta?

─ Não. Pra quê tudo isso? Você nem gosta de mim, para começar.

─ Gosto sim.

─ Não gosta não. ─ retruquei, tentando chegar até a pista de dança, para descobrir qual é a musica familiar que está tocando. ─ Você só tem essa necessidade de provar que eu sairia com você. E isso... não é gostar de alguém.

Chego a pista de dança e consigo ouvir claramente a música familiar que eu jurei já ter escutado antes.

I See You.
E logo depois, parece mentira mas é real, eu o vejo.

I See You  Onde histórias criam vida. Descubra agora