CAPÍTULO 15: Trabalho de história

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                                         SOPHIA

ERA SÁBADO E EU ESTAVA na casa de Amber. De todos os dias da semana ela tinha escolhido logo o sábado para fazer o trabalho de história - eu mereço.

─ Não pode falar assim. ─ a garota me interrompeu pela milésima vez, enquanto eu lia a minha parte em voz alta.

─ Por quê não?

─ Você fala muito devagar. Desse jeito iremos levar doze segundos de pessoa por pessoa. ─ Amber começou a andar de um lado para o outro e apontou para Ana Luíza - uma garota baixinha, negra, de óculos quadrados e cabelos cacheados. ─ Você agora fica com a primeira fala.

─ Você contou os segundos de fala por fala? ─ murmurei, me surpreendendo.

─ Ela é paranóica. ─ Gabriela se virou para mim.

─ Alguém tem que garantir o nosso A+. E se isso me faz ser paranóica, então eu sou paranóica. ─ retrucou, enquanto explicava as falas para Ana Luiza e Marie.

Gabriela e eu nos encaramos, rindo baixinho logo depois.

─ Eu não quero ficar com a fala dela. ─ Ana Luiza resmungou, cruzando os braços e juro, Amber soltou um grunhido que parecia de um animal.

─ Por que nada da certo na minha vida?!

As meninas sentaram no sofá da casa de Amber e aproveitaram o momento de frustração da garota para beliscarem os cookies que a mãe dela tinha deixado em cima da banquinha. 

─ Amber, calma. ─ eu disse. Se soubesse que fosse todo esse estresse, nem teria aceitado participar do grupo. ─ É só um trabalho.

─ É o meu futuro!

─ Ela quer entrar em Harvard. ─ Marie explicou, de boca cheia.

─ Sim, por isso, todos os meus trabalhos tem que alcançar a nota máxima. ─ Amber pegou os papéis da mesa e começou a entregar a cada uma. ─ Então, vocês não podem descansar. Vamos, todas começando do início.

Consegui escutar um coral de chiados e resmungos, enquanto as meninas voltavam a se concentrar em suas falas. Suspirei e me obriguei a tentar falar mais rápido, se é que isso era possível.

─ Isso, perfeito! ─ depois de algumas boas horas repetindo e refazendo o trabalho, finalmente terminamos. ─ Estudem bastante hoje à noite porque na apresentação não quero ninguém colando no papel.

─ Eu não. ─ Ana Luíza discordou e todas nós rimos. ─ Vou é maratonar Gossip Girl.

─ Oh, Deus. Faça algo de útil na sua vida pelo menos uma vez. ─ Amber revirou os olhos, abrindo a porta e expulsando Ana Luiza e Gabriela.

Marie e eu estávamos esperando nossas mães. Com sorte, senhorita Isabel não demorará muito - eu espero.

O clima estava silencioso e constrangedor, quando Amber resolveu quebrá-lo:

─ Ok. Não sabemos se o trabalho está realmente bom. Precisamos de uma segunda opinião.

─ Mas já ensaiamos mais de quatorze vezes...! ─ Marie reclamou e eu suspirei, cruzando os braços.

─ Não precisamos ensaiar mais, esperem... ─ ela saiu em direção à outro cômodo e nós duas ficamos ali, aguardando.

Logo, ela retorna com a mãe dela - que cumprimenta a gente com um sorriso. Amber pega o trabalho em folha e entrega para a mãe, que lê com atenção e elogia.

─ Está ótimo!

─ Ah, você é minha mãe. É claro que vai dizer que está ótimo. ─ Amber colocou as mãos no rosto.

─ Não é por isso. ─ a mãe dela riu. ─ Está muito bem feito.

─ Não, não. Tem que estar perfeito. Olha, mãe, não é assim que se educa uma criança. ─ enquanto falava mais uma vez, sua mãe se sentou no sofá ao meu lado. ─ Não pode deixar sua filha com um senso falso de orgulho, porque no mundo real, em Harvard, ninguém vai me mimar.

Depois da pausa dramática que Amber deu, escutei Marie ao meu lado prender a risada. A mãe dela concordou em silêncio, olhou para mim e Marie, e disse:

─ Vocês querem mais cookies?

Nós concordamos animadas e Amber se sentou no sofá, parecendo ter sido finalmente ignorada e derrotada. Amém.

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