04_Ruan.

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Quando Leandro me procurou meses atrás para começarmos uma sociedade de advogados, pensei imediatamente na sua irmã.

Quando éramos apenas garotos, Luísa foi meu primeiro amor. Éramos muito amigos no começo, mas eu sustentava um amor platonico por ela. Até que um dia tive a oportunidade de tornar meu desejo realidade.

Minha sorte não durou muito, pois os pais dela resolveram se mudar de Santos. Luísa propôs que terminássemos, mas conversamos e prometemos que íamos manter aquele namoro. Adolescentes são muito iludidos.

Eu era apenas um adolescente achando que ficaria com ela para sempre. Sim, eu era diferente dos outros rapazes. Na minha idade, era comum que os rapazes pegassem as meninas só por pegar. Eu até entendia isso, mas a Luísa não era para ser tratada desse jeito.

Na tarde anterior a mudança deles, Luísa se entregou para mim. Lembro disso como se fosse hoje. Ela toda nervosa e com vergonha do seu corpo que eu achava lindo e me segurava para não ficar babando.

Nessa mesma noite, quando eu deixei a Luísa no portão da sua casa, Clarisse apareceu em casa chorando e dizendo que tinha brigado com a mãe e não tinha para onde ir. Minha prima tinha apenas 17 anos e era sobrinha do filho da puta que minha mãe dizia que era meu pai.

Como ela não tinha culpa da porra do tio que tinha, imaginei que sua mãe fosse da mesma espécie e deixei que ela dormisse em casa sem minha mãe saber.

Eu conhecia meu pai biológico só de vista. Ele nunca me assumiu como filho e eu não o considerava como pai. Minha família era apenas minha mãe e só. Foi ela quem passou por inúmeros empregos para me manter e eu conseguiria me formar para dar um bem estar a ela. Era minha promessa!

Já no outro dia pela manhã, juntei o cobertor do chão que improvisei como cama porque deixei que Clarisse dormisse na minha cama e fui para o banheiro tomar um banho.

Quando eu desci para a sala, minha mãe estava parada em frente a porta mexendo em um vaso de plantas. Ela não tinha ido trabalhar hoje.

_Bom dia, mãe. Vai precisar de mim para alguma coisa? Eu tenho que ir na casa da Luísa.

_Bom dia. Ela esteve aqui agora pouco, mas voltou antes de falar com você. Saiu apressada.

Pensei se a viagem tinha sido antes do esperado. Meu coração começou a bater rápido e eu estava pronto para sair correndo para a casa da Luísa, mas minha mãe me interrompeu.

_Ruan, quem é que está no seu quarto? Eu vi você dormindo no chão e alguém na cama.

Suspirei. Minha mãe não ia gostar de saber que eu tinha uma Montenegro aqui em casa. Minha mãe queria distancia dos Montenegros assim como eu, mas eu não poderia deixar uma menina que não tem culpa da família que nasceu na rua correndo perigo.

_ É a Clarisse, minha prima._ eu disse baixinho pedindo que minha mãe não surtasse.

_O que ela faz aqui?_ ela disse claramente irritada, mas não alterou o tom da voz.

_Ela apareceu ontem a noite desolada me pedindo um lugar para ficar senão iria dormir na rua porque brigou com a mãe. Ela não tem culpa da família que tem.

_Eu sei que não tem. Mas, a mãe dela pode vir fazer o inferno e dizer que estamos manipulando ela, Ruan._ ela disse começando a andar nervosa.

_Ela não vai ficar aqui. Vai acordar e cair fora. Vou pedir que não diga que veio para cá. Tá bom?

Minha mãe assentiu, mas estava estressada.

_Vá ver Luísa. Ela disse que os pais sairiam após o almoço.

DE VOLTA PARA MIM. (CONCLUÍDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora