21.

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A noite foi péssima para mim, pois eu fiquei com aquela sensação esquisita no peito. Não acredito que passar dias sem dormir aqui sozinha faria eu achar a casa tão estranha.

Levantei e fui tomar um banho quando ainda nem tinha amanhecido. A sensação de está sendo observada havia passado, mas eu ainda me sentia estranha, vazia.

Sequei meus cabelos e enrolei as pontas. Fiz uma maquiagem leve e escolhi um vestido verde militar de botões na frente.Coloquei uma sandália de salto preta e a bolsa.

Desci para a portaria do prédio, cumprimentei os funcionários e fui para a rua. O calor dos primeiros raios de sol aqueceram minha pele e os aromas doces das padarias invadiram meu olfato fazendo meu estômago roncar, pois eu havia esquecido de tomar café da manhã.

Passei em uma padaria, comprei meu café da manhã, peguei um táxi e fui para a ALBUQUERQUE dar segmento a campanha de bebidas.

A equipe era muito competente e por isso os trabalhos já estavam bem encaminhados e não demoraria para que eu entregasse para o Chavier para ser divulgado. Isso me lembrou que eu ainda tinha que decidir em trabalhar para o Chavier ou arriscar abrir minha própria agência com o Tadeu.

Deixei a empresa de Chavier logo após as quatro da tarde e fui para a LAM resolver a questão da próxima reunião para apresentar o trabalho da campanha.

Quando cheguei, procurei por Leandro mas a secretária dele disse que ele havia saído para uma reunião, então fui até a sala de Elisa. Ela estava conversando com a sua secretária quando eu cheguei e me cumprimentou com um beijo no rosto.

_Entra, Luísa. Tenho tanto para te falar._ eu também tinha. Ainda não tinha tido a oportunidade de cumprimentar ela pela gravidez e eu estava louca para enche-la de perguntas.

Entramos e sentamos no sofá da sala dela.

_Antes de tudo, parabéns._ eu disse com um enorme sorriso no rosto e Elisa levou a mão até o ventre._ Eu vou ser a titia mais feliz do mundo. Quero fazer parte de tudo, já estás avisada.

_Com certeza, Luísa. Eu vou precisar muito da sua ajuda._ ela fez uma pausa e continuou._ eu aceitei o pedido casamento.

_Que ótimo!_ dei um gritinho abafado e dei um abraço nela._ Como vai ser o casamento? Quando vai ser a festa?_ enchi ela de perguntas e Elisa apenas sorriu da minha afobação.

_Não queremos um casamento muito grande, será algo mais reservado para família e amigos._ era bem o estilo de Elisa mesmo, mas confesso que eu já estava empolgada esperando uma super festa._ vai ser o mais rápido possível, pois eu quero casar antes de ter o bebê. Depois que nascer, vai ser difícil conciliar trabalho, filho e festa de casamento.

_Claro, com certeza. Então, eu estou intimada a ajudar você nos preparativos?

_Sem dúvidas._ Eu já estava imaginando a compra dos vestidos e provas de doces. Sempre gostei de festas de casamento, só não me imaginava sendo a noiva de uma. Mas agora a ideia de entrar em um jardim cheio de flores brancas com o Ruan em um terno me esperando no altar parecia muito boa e eu soltei um suspiro. Elisa olhou para mim como se quisesse ver meus pensamentos._ E você e Ruan como estão?

Deixei uma respiração pesada sair quando a cena do restaurante voltou a minha mente. Eu estava morta de saudade dele, mesmo que eu tenha passado somente uma noite longe, mas eu também ainda estava magoada. Não tanto, mas estava.

_ Tivemos um desentendimento ontem por causa de uma vaca que apareceu dando em cima dele na minha frente._ Elisa arregalou os olhos._ Para piorar, foi em um restaurante que a proprietária era a mulher que ele já teve algum tipo de rolo._ contei tudo para a Elisa como aconteceu e como eu estava me sentindo.

_Eu teria dado na cara dele, Luísa. Eu te entendo, se Leandro fizesse isso comigo eu... Quero nem imaginar._ ela sorriu e pegou minha mão._ Mas, eu tenho certeza, pelo que eu conheço do Ruan, que ele não fez por mal.

_Ele disse que vai lá no restaurante por causa do amigo que é chef e eu nem tenho nada a ver com os rolos antigos dele, mas me deu um ciúme tão grande quando aquela mulher se insinuou para ele dizendo que estava com saudade._ apertei o punho como se eu fosse dar um murro em algum lugar.

_ Sabe, Luísa. Eu sou a pessoa mais complicada no quesito relacionamento para te aconselhar, mas eu vou ser bem sincera com você. Dias atrás quando Ruan pediu minha ajuda para levar você para a boate para que ele pudesse conversar com você._ lembrei do dia que Ruan me levou para o bar e me pediu em namoro depois de falar coisas tão lindas para mim._ Eu só o ajudei porque eu tenho certeza que ele te ama, Luísa. E olha para você, linda, elegante, inteligente, dona de sí... Ele só tem olhos para você, querida.

Auto confiança nunca foi o meu forte, então fiquei analisando as palavras de Elisa. Conversamos mais sobre seu casamento e a gravidez. Nos despedimos e antes que eu saísse da sala ela chamou minha atenção.

_Luísa, pensa no que eu te falei, tá bom? Não afasta o Ruan da tua vida, ele só quer te conquistar, mas as vezes acabamos metendo os pés pelas mãos, é normal._ assenti com um sorriso e saí.

Eu ia sair do prédio e ir para casa, mas senti vontade de ir até o escritório de Ruan. Fui pelo corredor que levava a sala dele e vi uma morena alta discutindo com a secretária de Ruan.

A mulher me parecia familiar, mas não sabia de onde eu tinha visto ela, além disso, ela tinha alguns traços que me lembravam da Clarisse como os olhos, a cor morena da pele e os cabelos pretos. Mas, as semelhanças acabavam por aí pois essa era mais alta e mais magra que Clarisse, além de que parecia ser muito arrogante.

_Senhorita, eu já disse que o Sr Marques não se encontra._ a secretária falou enquanto ajeitava nervosa os óculos.

_Posso ajudar?_ perguntei e ajeitei a postura para encarar a encrenqueira. Ela me olhou e pareceu me reconhecer, embora eu não fizesse ideia de quem era ela.

_Ah! Você serve. Sou Viviane Montenegro._ ela deu a mão para me cumprimentar e eu ignorei. Pelo nome eu lembrei que se tratava da modelo que eu vi na foto com o Vicente e pelo sobrenome eu sabia que ela era parente de Clarisse. Ela puxou a mão._ Quero que dê um recado meu para o meu querido primo. Manda ele dizer a minha irmãzinha que ela fique longe da herança que mamãe nos deixou.

Então, era essa a irmã de Clarisse. Encarei a morena e tive pena de Clarisse. Não é a toa que Ruan sempre quis distancia da família do pai e agora vendo esse ser nojento na minha frente eu fiquei feliz que Clarisse tivesse pelo menos o Ruan como família.

_Viviane, eu não sou correio. Porque você não procura sua irmã? Aliás, se o assunto é herança, é dela também não é?_ falei com uma calma incrível, mas no fundo eu estava destilando meu veneno na modelo porque eu não fui com a cara dela. Clarisse deve ter comido o pão que o diabo amassou na mão da mãe e da irmã, julgando pela arrogância da mulher.

_Porque eu sei que é Ruan que cuida dos interesses da minha irmãzinha. Afinal, ela é uma mosca morta e não sabe se virar sozinha._ eu nem tinha muita proximidade com Clarisse mas senti meu sangue ferver quando a nojenta proferiu aquelas palavras.

_ Vai embora, Viviane. Você está perdendo seu tempo aqui. Ruan não está e se estivesse, com certeza não atenderia você._ ela me deu um olhar cheio de ira e saiu, mas antes parou na minha frente numa tentativa errada de fazer ciúmes.

_Ah, Luísa! Eu estou amando sair com o Vicente._ eu gargalhei.

_Ótimo! Fico feliz, de verdade. O que você acha de ficar com ele para você? Tem meu apoio total._ ela percebeu que eu não estava nem aí para o Vicente e que sua provocação não teve o efeito que planejou e saiu pisando pelo corredor.

Eu com a secretaria caímos na gargalhada. A menina era nojenta! Coitada da Clarisse por ter que lidar com uma família assim.

DE VOLTA PARA MIM. (CONCLUÍDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora