Os minutos que passamos no carro pareceu como se fossem horas. Nicolas e Clarisse ainda trocavam farpas de vez em quando e isso estava corroendo minha paciência.
_Você pode até ir com a gente, mas vai descer antes de chegarmos lá._ Nicolas falou para a Clarisse.
_Dá para calar a boca?_ Clarisse falou de forma rude para o Nicolas._ Por acaso vai me jogar da porra desse carro? Eu vou resgatar a Luísa e ponto final.
_Quer brincar de heroína, Clarisse? Eu estou falando que isso é arriscado, não só para você, mas para todos nós. Já basta a loucura desse Vicente de querer tirar a vida do seu irmão, se ainda levarmos você conosco é mais um alvo na mira._ eu concordei com ele, mas não falei nada. Pelo que eu conheço a Clarisse não adianta proibir ela de nada.
_O louco que contratou VOCÊ para matar meu irmão. Agora vem querer dar uma de protetor para o meu lado? Vai se foder!_ Clarisse jogou o corpo no assento do carro com uma força exagerada. Estávamos todos nervosos pelo jeito.
_ Quantas vezes eu vou precisar dizer que eu não vou matar ninguém, sua teimosa? É difícil para você confiar em mim?
_É claro que sim. Qual motivos você me deu para eu confiar em você? Nenhum. Enquanto você conheceu tudo sobre mim, eu não tive nada de você._ soltei um suspiro ao ver que eu estava diante de uma grande "lavagem de roupas sujas"._ Você se aproximou, fingiu gostar de mim para quê? Para matar o meu irmão.
_Eu nunca te enganei sobre eu não ser bom para você. Eu não sou nenhum herói, Clarisse. Mas, eu também não sou uma máquina exterminadora sem coração, tá bom?_ Nicolas bradou e eu já estava quase para gritar com os dois e tomar a direção antes que Nicolas acertasse um poste durante a discussão.
_Não parece, sabia? Você pouco se importou com os meus sentimentos, agora vem querer parecer preocupado com a minha segurança._ Clarisse fez uma pausa e respirou._ eu prefiro morrer a ter que deixar o Ruan sozinho com você. Quem me garante que isso não é uma armadilha para você matar ele realmente?
Nicolas jogou os ombros como se estivesse cansado e não respondeu mais nada, parecendo magoado. Ele fechou a cara em uma carranca séria e olhou no retrovisor. Vi que tinha um carro seguindo a gente pela rua e eu lancei um olhar questionador para ele.
_Meu colega policial. Eles não vieram em carro de polícia para não fazer alarme._ fiquei mais aliviado. Eu não queria nada que colocasse a vida da Luísa em perigo e chegar até o local combinado com luzes de sirenes era pedir que o louco do Vicente sumisse com ela de vez.
Meu celular tocou me tirando dos meus pensamentos, era o número da mãe de Luísa. Eu não estava emocionalmente preparado para falar com ela, mas atendi mesmo assim tentando passar o máximo de calma.
_ Oi, dona Letícia.
_Ruan, que historia é essa que sequestraram minha filha? Me diz que não é verdade, por favor._ respirei fundo antes de confirmar, eu também não queria que fosse verdade.
_Sinto muito, mas é verdade. A Luísa está com o Vicente, ele sequestrou ela depois de desmaiar a Elisa._ escutei a voz alterada do pai da Luísa no fundo e eles trocaram algumas palavras.
_Onde vocês estão? Nos vamos até vocês. Eu sabia que tinha alguma coisa errada, eu sabia._ a voz dela estava chorosa e eu precisava reunir forças para controla-los, eles não poderiam vir até o resgate.
_Vocês não podem vir até a gente. Tranquilizem-se! Estamos com apoio policial e eu prometo que logo vou salvar a Luísa. Fiquem na casa de vocês, é para onde eu vou levar a Luísa se..._ um nó se formou em minha garganta e eu não consegui concluir a frase, eu precisava mentalizar que a Luísa estava bem.
_Estamos indo para o hospital ver a Elisa. Ao que parece foi só um susto mesmo assim vamos para lá. Me liga, por favor, com qualquer notícia._ tirei mais uma preocupação das costas, eu tive medo que Elisa perdesse o bebê.
_Eu prometo que vocês serão os primeiros a quem vou contatar._ prometi com a voz firme.
Assim que desliguei a chamada, Nicolas parou o carro.
_ O local é aquele ali._ ele apontou a frente para a grande empresa que alugava jatos para viagens._ No térreo tem um estacionamento e lá é o ponto de encontro. Vou precisar que você e Clarisse saiam do carro e fiquem aqui.
_Eu vou até lá._ Nicolas me olhou e por fim assentiu.
_Vamos sair do carro, precisamos falar com os policiais._ ele falou e abriu a porta do carro, saindo para fora.
Observei três policiais fardados saírem do carro e Nicolas cumprimentou cada um deles, mas começou a conversar com o maior que mais parecia uma muralha.
_Henrique, esse é o Ruan namorado da Luísa, que foi sequestrada.
Cumprimentei ele e ele começou a falar sobre todos os cuidados que deveríamos ter como não sair do carro e deixar que eles agissem. Também disseram que seria necessário comparecer a delegacia para prestar depoimento depois do resgate.
_Ruan, vocês vão no carro de Henrique e eu vou sozinho no seu. Eu preciso averiguar onde está o carro de Vicente, se a Luísa vai estar com ele antes de agirmos.
Concordei e entrei no banco traseiro do carro do policial. Antes que Clarisse entrasse, Nicolas puxou ela para um abraço e sussurrou umas palavras no ouvido dela. Ela entrou sentando-se ao meu lado e eu passei o braço pelo ombro dela.
_Vai dar tudo certo._ ela falou baixinho para mim e eu concordei.
Entramos no estacionamento e ficamos a uma distância do carro em que Nicolas estava. Ele saiu do carro e ficou encostado com as mãos dentro da jaqueta.
Depois de uns minutos, um carro preto passou pelo estacionamento e parou, a porta abriu e Vicente saiu de lá com uma arma na mão apontada para o Nicolas. Vi Clarisse colocar a mão na boca e meu corpo estava em alerta, pronto para saltar do carro.
Eles trocaram algumas palavras e Nicolas apontou para a mala do meu carro como se ele fosse mostrar alguma coisa. Ele fez um sinal discreto e golpeou o Vicente fazendo a arma que ele tinha ser lançada no chão.
Os policiais saíram imediatamente do carro e eu segui eles sem pensar duas vezes. Corri para o carro do vicente, abri a porta e vi Luísa jogada sobre o banco desacordada.
Puxei ela para o meu colo desesperado que algo ruim tivesse acontecido, procurei sinais de corte ou sangue pelo corpo mas não vi nada além de um machucado no pulso do braço direito.
_Ela deve está dopada._ Nicolas falou ao meu lado._ Daqui a pouco ela acorda.
Carreguei Luísa para o meu carro e vi Clarisse com uma arma na mão apontada para o Nicolas.
_Clarisse, para com isso._ andei até ela._ Ele nos ajudou.
_Eu sei que ele ajudou._ ela falou com os olhos cheios de lágrimas.
_Clarisse, eu..._ Nicolas começou a falar e ela o interrompeu.
_Cala a boca. Nunca mais se aproxima de mim. Não pense que só porque nos ajudou que eu vou perdoar você._ ele caminhou até ela e encostou o peito na mira da arma.
_Você nunca mais vai me ver, Clarisse. Eu prometo.
Um dos policiais tirou a arma da mão da minha prima e eu fiz ela entrar no meu carro. Deixei a Luísa no colo de Clarisse e voltei para falar com o Nicolas.
_Eu quero agradecer pela sua ajuda._ puxei um cartão com o meu número do bolso e entreguei a ele. Ele acenou com a cabeça, mas não falou nada._ Me procura.
Fui até o meu carro depois que o policial me passou algumas instruções e vi Clarisse chorando abraçada a Luísa que estava deitada no colo dela. Eu teria que conversar com ela depois, agora eu teria que levar Luísa até um hospital para saber se estava tudo bem.
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DE VOLTA PARA MIM. (CONCLUÍDO)
RomansApós uma decepção traumática quando Luísa ainda era apenas uma adolescente, seu coração fechou-se para o amor. Oito anos depois, o destino lhe prega uma peça colocando-a cara a cara com seu amor do passado, abalando as estruturas da mocinha. Será q...