20.

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Tadeu e eu tivemos uma conversa maravilhosa. Fazia tempo que eu não via ele. Nós fomos amigos na faculdade e acabamos perdendo contato depois de formados. Encontra-lo hoje me deu um ânimo, pois eu estava sem amigos. Minha única amiga, ultimamente, era a Elisa.

Fui para casa me arrumar e quando entrei no quarto percebi meu tablet fora do lugar. Eu jurava que eu tinha deixado ele em cima da escrivaninha, agora estava em cima da cama.

Resolvi ignorar. Estou com a cabeça tão perdida que devo ter pego ele de novo e deixado em qualquer lugar. Me arrumei e desci para a portaria esperando o Tadeu chegar.

O carro parou em frente ao prédio e Tadeu saiu dele com um homem que quase fez meu queixo cair. O marido de Tadeu era quase uma muralha de tão enorme. Tinha o cabelo cortado bem baixo, quase careca e o corpo super malhado.

_Luísa, querida, chegamos._ Tadeu me deu um abraço e me puxou próximo do homem gigante._Amor, essa é Luísa. Luísa, esse é o homem da minha vida, Henrique.

O olhar de Henrique amoleceu para o Tadeu.

_Olá, Luísa. O Tadeu não parou de falar de você um minuto sequer._ ele disse com a sua voz grossa e eu ri.

_Olá, Henrique. Prazer.

_Bom. Agora que vocês se conhecem, vamos que eu quero beber alguns drinks._ Tadeu puxou o homem dele para o carro, mas antes abriu a porta para mim.

Durante o percurso fomos conversando e Henrique mostrou que o jeito Durão era apenas uma capa, já que era policial. Mas, no fundo, era todo sentimental com Tadeu. Eu devo imaginar que deve ser muito difícil para os dois manter seu relacionamento para todos saberem porque vivemos numa sociedade de merda que ama impor padrões.

O amor entre os dois chegava a ser palpável e, de alguma forma, isso me fez sentir saudade de Ruan. Queria te-lo aqui comigo e cobri-lo de beijos. Sim, eu fiquei toda boba pelo amor dos dois.

Quando chegamos no bar avistei o cantor no palco e Clarisse estava sentada num banco como se estivesse esperando sua vez de fazer o show.
Os olhos dela iluminaram-se quando me viu e logo em seguida fez uma carranca procurando por Ruan.

Deixei o casal numa mesa e fui falar com ela.

_Boa noite, Clarisse._ cumprimentei.

_Boa noite. É bom ver você aqui, Luísa._ ela disse e fez um bico._ Cadê meu irmão?

_Ele foi viajar a trabalho. Hoje eu trouxe um casal de amigos para conhecer o local._ apontei para a mesa.

_Que ótimo. Vou cantar depois e eles podem escolher uma música se quiserem._ ela apontou para uma cadeira. _Senta aqui comigo.

_Claro, direi a eles._ sentei na cadeira

_Fico feliz que você e Ruan tenham se acertado._ ela disse depois de um tempo._ Confesso que antes eu não gostava de você._ ela sorriu e eu ri também._ Mas, depois que eu vi que ele estava feliz, eu fiquei feliz também.

_Acho que ele deve ter te contado tudo._ falei me referindo ao que motivou eu ter deixado ele e ela concordou acenando a cabeça._ Então, eu também não gostava de você._ caímos no riso outra vez. Era fácil conversar com ela.

_Quer tomar alguma coisa?_ ela perguntou.

_Ah, não! Só vim porque meu amigo insistiu._ ela ficou olhando sério para a mesa dos dois e eu virei para olhar também. Tinha um homem com o mesmo corte de cabelo de Henrique conversando com ele._ Não vou demorar aqui pois eu tenho trabalho amanhã._ ela concordou, mas não tirava os olhos da mesa.

Continuamos conversando alguns minutos e Clarisse me mostrou ser uma pessoa muito alegre. Em poucos minutos já estávamos bem entrosadas na conversa. Era fácil gostar dela.

Vi também que ela hora ou outra olhava para o homem que falou com Henrique e que estava sentado sozinho. Me perguntei se eles se conheciam ou se ela ficou encantada com ele porque bonito ele era. Correção: ele é um maldito bofe escândalo, como diria o Tadeu.

_Tenho que ir agora._ Ela falou e se levantou._ foi ótimo conversar com você.

_O prazer foi meu. Vamos marcar alguma coisa qualquer dia desses.

_Claro! Assim que quiser._ ela deu mais uma olhada no cara, subiu no palco e começou a cantar uma música da Sia. A música ficava linda na voz dela.

Eu já estava curiosa para saber quem era aquele homem. Levantei da mesa e fui até Tadeu e Henrique passando próximo dele.
Ele também era musculoso dava para perceber, embora estivesse vestido com roupas de manga comprida. Além do corte de cabelo, tinha a mesma cara de mau. Só que o semblante dele era diferente, possuía uma aura misteriosa.
Percebi que ele também estava olhando para Clarisse, mas não era como se ele conhecesse ela.

Quando passei perto dele, ele me encarou com os olhos azuis como se estivesse me estudando. Um arrepio passou por mim. Ele me deu medo.
Fiquei preocupada com Clarisse, pois eu vi que ela ficou interessada nele. Sério isso? Eu estava querendo proteger a menina? Sim, eu estava, mas não tinha nada que eu pudesse fazer a não ser interrogar o Henrique sobre esse cara.

Cheguei na mesa dos dois e sentei junto com eles.

_E aí, estão gostando?_ perguntei.

_Claro! Como eu não conheci esse lugar antes? Ouve a voz dessa mulher! Esplêndido_ Tadeu falou animado.

_Ela disse que pode pedir música.

_Ah! Vou agora mesmo._ ele deu um beijo no Henrique e saiu.

Fiquei calada no começo mas resolvi indagar.

_Henrique._ ele me olhou._ Quem é aquele cara? Fiquei com impressão de conhecer ele de algum lugar._ disfarcei.

_Ah! O Nicolas? Foi parceiro de trabalho meu. Ele também era policial, mas deixou anos atrás._ fiquei ainda mais agoniada. O que será que aconteceu para ele deixar o posto?

_Devo ter me enganado, então._ eu olhei para ele e vi que ele ainda tinha os olhos sobre a Clarisse._ Acho que ele está afim da minha cunhada.

_Formam um belo casal, não acha?_ Henrique falou como se não visse problema no colega. Preferi deixar minha paranoia de lado. Se eu tivesse conhecido Henrique em outra situação ele teria me dado medo, então, eu estava agindo da mesma forma com o colega dele.

Tadeu voltou e eu me despedi deles dizendo que eu tinha que dormir porque estava cansada. Na verdade, ficar aqui sem Ruan era difícil. Eu já tinha esquecido um pouco o incidente de hoje.

Fui para casa, tomei um banho e me joguei na cama só de calcinha e blusa. Rolei de um lado para o outro sem conseguir dormir, eu só sentia frio.

Levantei da cama e vesti um pijama. Voltei e continuei sem sono. A cama parecia vazia. Me dei conta que eu estava viciada em dormir com o Ruan e agora sem ele aqui parecia estranho. Coloquei alguns travesseiros como se fosse o corpo dele e abracei.

Uma mensagem chegou no meu celular.

Ruan: Está acordada?

Luísa: estou. Não consigo pegar no sono.

Ruan: Nem eu. Sinto sua falta aqui.

Luísa: Eu também. Volta logo.

Ruan: Se tudo ocorrer bem por aqui, voltarei amanhã. Dorme bem, meu amor.

Luísa: Você também, baby.  :*

Acordei pela madrugada com sede. Levantei me sentindo estranha, parecia como se alguém estivesse me observando. Atribui minha loucura ao cansaço, voltei para cama e fechei os olhos. Mas, o incomodo ainda estava lá.

DE VOLTA PARA MIM. (CONCLUÍDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora