Undecided Heart

Blackout

Teríamos 2 dias até o show que eles fariam na capital e no dia seguinte seria a festa. Eu não queria imaginar o quão ruim seria passar todos esses dias com Yenny sendo que ela deixou claro que eu não era bem-vinda.

- Chris, eu acho melhor eu não ficar aqui – digo quando ele volta do banho e me encontra sentada na cama – Eu vi um hostel ali no caminho, é bem perto daqui.

- Nada disso, foi só um mal-entendido Maya.

- Não foi Chris, desculpa dizer mas a sua mãe não me quer aqui – solto de uma vez.

- Você deve ter entendido errado, minha mãe não tem nada contra você – ele se senta ao meu lado – Você vai ver depois, agora vamos comer no restaurante do meu pai.

Saímos e eu continuava temerosa, mas no restaurante do senhor Leonardo consigo relaxar. Ele nos esperava com um banquete e seus dois filhos pequenos logo cercam Chris e a mim. Depois que terminamos de comer, me junto a meia irmã de Chris e começo a desenhar.

Nem vejo o tempo passar e só percebo o quão tarde era quando Christopher me puxa para ir embora. Voltamos para sua casa e sua avó está na sala assistindo tv, ela me mostra o programa que fazia sucesso no Equador e vendo que estava tudo bem, Chris sai para conversar com sua equipe.

- Devem ter se divertido muito no restaurante, já que chegaram tão tarde – Yenny diz aparecendo na sala.

- Nem vimos o tempo passar, as crianças tomaram toda nossa atenção – respondo tentando ser simpática.
- Chris já foi dormir?

- Não, está resolvendo algo com a banda.

- Yenny...- dona Piedade a encara, mas Yenny a ignora.

- Só quero que fique bem claro que essa é minha casa, meu filho pode estar cego de paixão mas meus olhos estão bem abertos – ela se aproxima de mim.

- Eu fiz alguma coisa para a senhora desconfiar de mim?

- Eu sei de toda a história, sei de como você estava desesperada para namorar alguém da banda então atirou para todos os lados.

- Eu não fiz isso, jamais brincaria com o sentimento de ninguém – tento me defender.

- Mas você fez e não gosto nem de imaginar do que seria capaz – sua voz é quase um sussurro – Não se atreva a magoar meu filho.

- Eu não...

- Tudo bem por aqui? – Christopher aparece.

- Claro filho, só estava desejando boa noite – ela levanta e o abraça. Eu sigo no meu lugar até ele se aproximar.

- Vamos dormir também? Amanhã tenho vários lugares para te levar – eu assinto, incapaz de dizer uma palavra – Boa noite vó.

Seguimos para o quarto e eu troco de roupa rapidamente, me colocando embaixo do lençol e virando para o lado da parede. Sinto os braços de Christopher ao meu redor e tento relaxar até pegar no sono.
...

Os dois dias que passamos em Loja ocorrem sem mais incidentes desagradáveis. Nós ficamos a maior parte do tempo fora de casa, com os amigos de Chris e conhecendo cada pedaço da cidade.

Eu me sentia melhor, todos me tratavam bem com a exceção da minha sogra mas eu não desistia tão fácil e ia provar que amava o filho dela e que não queria nenhum sentimento ruim entre nós.

Estávamos no caminho para o Quito e Chris aproveitava para dormir no meu ombro enquanto eu ensaiava o que falar na sua festa.

Quando chegamos, vamos para o hotel e lá encontramos os outros quatro no meio de uma bagunça.

- Fomos no shopping acredita? – Joel comenta – Conseguimos caminhar tranquilos por uma hora até nos encontrarem.

- Mas o mais importante é que já temos as roupas para a festa de amanhã – Erick diz mostrando suas peças.

- Já estão mais adiantados do que eu – dou risada.

- A diferença é que você pode usar um saco plástico e Chris ainda vai te achar a mais linda da festa – Rich responde – Nós temos que nos esforçar para chamar atenção das gatinhas.

- Essa frase foi péssima – rio ainda mais – E vocês não precisam se esforçar jamais.

Eles me agradecem e começam a se auto elogiar. Reviro os olhos e fico apenas dando risada até Clara nos chamar.

Vamos até o local do show e eu acompanho a passagem de som, eles se divertem muito e isso me faz extremamente feliz. Dava para ver o quanto eles eram como uma família e eu torcia para que nunca percam isso.

Depois do ensaio, ganhamos um lanche leve e vejo a família de Christopher chegar. Yenny me ignora mas dona Piedade se senta ao meu lado e conversa comigo.

Sigo com elas até o local onde os convidados pela banda e equipe ficariam enquanto os meninos terminam de se preparar para o show.

Converso com Ágatha para passar o tempo até o show começar, com a promessa de mandar vários vídeos.

O show é incrível e eu nunca me cansava de ver eles ao vivo. O público dá um show a parte e posso ver o sorriso largo de Christopher durante toda apresentação.

- É sempre uma honra cantar na minha terra. Vocês fazem nossa jornada cada vez melhor, obrigado Equador – ele diz e um barulho ensurdecedor segue após suas palavras.

Quando enfim termina a apresentação, voltamos para o backstage e encontramos os cinco suados mas ainda com disposição para cantar e dançar.

Dou risada e vou parabenizá-los. Primeiro Chris e depois vou seguindo um por um até chegar no Joel. Ele me abraça sem ressentimentos e conta que quase escorregou no palco.

- Nem deu para perceber, fica tranquilo – dou risada e ele suspira.

- Ainda bem – ele sorri e se afasta.

Quando me viro, vejo Yenny me encarar. Ela vem até mim discretamente.

- Você não se atreva a pisar na minha casa de novo, eu quero você longe do meu filho – ela diz furiosa.

- Dona Yenny, eu não estava fazendo nada de errado, só cumprimentei o Joel – me defendo.

- Isso aparentemente, mas eu sei que é só uma estratégia para levá-lo para sua cama.

- Pode parando, que a senhora está me ofendendo – respondo indignada – Você não tem nenhum direito de falar assim comigo.

- Mas eu posso e eu vou afastar meu filho de você – ela ameaça – Pode dar adeus ao seu golpe ridículo.

Não tenho a oportunidade de responder pois Chris surge puxando sua mãe e vó para uma foto e ela sorri triunfante, fazendo ele se virar para ela e não conseguir falar comigo.

Saio de lá para tomar um pouco de ar e nem me dou conta que sigo caminhando até o lado de fora do estacionamento.

Lágrimas atrapalham minha visão e eu escuto um barulho se aproximar, uma luz forte e depois tudo fica preto.