I remember

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Maya

Eu passei o Natal em casa, desejando que o clima natalino me ajudasse mas eu me sentia sufocada.

Foi um alívio quando tudo terminou mas eu ainda tinha visitas em casa.

- Por favor Ágatha, vamos sair hoje a noite – eu implorei assim que ela colocou os pés em casa.

- Está tão ruim assim? – ela pergunta rindo.

- Se ruim é sua tia perguntando a cada cinco minutos se eu lembrei de algo e minha prima entrando no meu quarto para só “experimentar” minhas roupas e saindo com elas pela casa – bufo – Eu preciso de ar!

- Tudo bem, nós vamos – ela se joga na minha cama – Viu que o Chris passou o Natal com o Erick? Recebi cada foto...

- Vi – respondi rindo – Esses dois definitivamente nasceram para estar na mesma banda.

- Também acho – ela me encara – Impressionante como o Chris te conquistou novamente.

- Você acha? Estou em uma confusão nos meus sentimentos além da minha cabeça.

- Acho – ela se levanta – Você deveria beija-lo. Imagina que acontece igual aos filmes e você lembra de tudo assim que o beija...seria tão romântico.

- Alô! – passo a mão na frente do seu rosto – Isso só acontece em filmes, não vai rolar.

- Mas você deveria marcar de ver ele, no ano novo talvez. Pode ser que os sentimentos volte e te ajude.

- Vou pensar nisso, mas antes – a puxo pelo braço – Vamos sair daqui.

- Vamos!

Ela pula da cama e me segue, enquanto pego minha bolsa e saímos de casa.

- Estava com vontade de sushi e sei que você também ama então, pensei em te trazer aqui – Ágatha diz e eu só assinto, concentrada em responder a mensagem de Christopher.

A sigo sem realmente ver onde estamos até chegar na mesa, parar e olhar em volta.

Eu lembrava daquele lugar. Eu havia estado ali com Christopher e na mesma noite a gente tinha se beijado.

- Ágatha...- chamo ela que já estava sentada – Eu acho que lembrei...

- Você lembrou? Você lembrou de tudo? – ela praticamente grita e me puxa para sentar.

- A gente já veio aqui antes...

- Sim, várias vezes.

- Me deixa terminar – peço enquanto as lembranças vão vindo a tona – A gente veio com os meninos, conversamos, lembro que Chris roubou minha comida e sobremesa e depois saímos só nós dois.

- E o que mais?

- Nos beijamos, pela primeira vez – sorrio – Foi aí que eu comecei a perceber o poder que esse ser que tinha na minha vida.

- Isso é fantástico Maya! Não consigo acreditar amiga – ela ri – Você tem que contar para todo mundo!

- Eu sei – praticamente pulo na cadeira – Mas queria fazer uma surpresa para Chris.

- Pode deixar comigo, já sei o que vamos fazer.
...

Ágatha cuidou de tudo. Ela falou com Erick e o convidou para passar a virada aqui no Brasil, dizendo o quanto sentia falta dele e que talvez Christopher por perto me ajudaria a lembrar de alguma coisa.

Eles não desconfiaram de nada e começamos a organizar sua vinda.

Iríamos para praia, para a mesma casa onde ele tinha feito uma surpresa para mim. Agora era minha vez de retribuir.

Christopher

Estava muito calor no Brasil, eu cheguei suando e agradeci muito quando Ágatha surgiu com uma garrafa de água gelada.

Ela diz que vamos direto para o litoral e que Maya estaria nos esperando lá, já que alguém tinha que arrumar a casa.

Sigo o caminho todo pensando em como me comportar perto dela. Será que já tínhamos intimidade suficiente para abraços e falar de tudo? Será que ela ia ficar retraída?

Quando enfim chegamos eu só queria um banho e beber a maior quantidade de líquido que eu conseguisse.

- Esqueci que a Maya me pediu para passar no mercado – Ágatha diz assim que tiramos as malas do carro – Acho melhor você ir comigo Erick, para carregar as coisas.

- Você é péssima arrumando desculpas garota – dou risada e ela mostra a língua.

Depois de colocar as malas na garagem, os dois somem em disparada e eu tenho que enfrentar tudo sozinho.

Caminho pela lateral da casa, indo para a parte de trás, onde havia a pequena piscina e tenho uma surpresa.

Havia uma colagem de fotos em formato de coração e várias mensagens em papéis coloridos espalhados pela mesa.

Quando peguei para ler, percebi que eram frases que eu ou Maya havíamos dito para o outro.

- A primeira vez que nos beijamos, foi após uma noite de sushi. Você disse que tinha comido muito e fomos dar uma volta. Eu não queria me apaixonar por você da primeira vez, eu tinha medo de não passar de mais uma na sua lista – Maya surge de dentro da casa – Mas eu estava desesperada para me apaixonar por você de novo e entender tudo o que eu sentia por você antes do acidente. Agora eu sei. Eu me lembro.

- Você lembrou? De tudo? – minha voz sai entrecortada e ela assente – Eu estou muito feliz.

A envolvo em meus braços e ela corresponde ao abraço. Minha memória mesmo que intacta não fazia jus a sensação que era tê-la assim comigo.

- Eu vou entender se nunca mais quiser me ver na sua frente – digo e me afasto.

- Christopher Vélez, eu amo você. Você é meu namorado e nós estamos juntos em qualquer situação – ela diz e segura minha mão – Mesmo as desagradáveis. Isso me lembra do seu presente atrasado de aniversário e Natal.

- Eu também tenho um para você.

- Eu primeiro – ela me entrega um envelope – Uma passagem para o Equador, para você se acertar com sua mãe pessoalmente. Eu não concordo com o que ela fez e nunca vou entender totalmente, mas ela é sua mãe e eu não vou me perdoar se vocês continuarem brigados.

- Eu não mereço você – dou um beijo em sua testa.

- Sim, você merece. Você me conquistou duas vezes – ela sorri – Agora eu quero meu presente.

- Depois desse seu, ficou até sem graça – entrego uma pequena caixa – O primeiro é uma pulseira, com algumas coisas que lembram praia porque eu te pedi em namoro duas vezes na praia, uma em Miami e outra aqui.

- É linda – seus olhos estão cheios de lágrimas.

- O segundo é um colar. Eu fiquei procurando um símbolo que fizesse sentido para nós dois e para nossa história, mas eu não encontrei – dou de ombros – Preferi um coração, pois não teria melhor forma de dizer que o meu está sempre com você. E eu tenho o mesmo colar, é minha maneira de assumir para o mundo que eu estou com você.

- Eu te amo muito – ela chora e se joga em meus braços.

- Eu te amo mais e senti sua falta.

Eu então afasto seu cabelo e suas lágrimas para enfim beija-la. Ali, tudo voltou ao normal.


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