Sete Clichês em Minha Vida ✓

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Infelizmente, havia me enganado. Observei cada funcionário indo embora e eu sendo deixada para trás. Alguns me olharam com tristeza, outros se divertiam com minha cara, e continuei a esfregar cada prato como se minha vida dependesse daquilo. E talvez dependesse.

Tinha dezenas de panelas sujas deixadas na bancada ao lado. Foquei em limpar os pratos primeiro e depois elas. A garota que também lavava as louças comigo me olhou com piedade. Ao menos ainda estava ali, tentando me ajudar. Ouvi passos se aproximando e tive certeza que era o monstro chegando.

— Vanessa, seu horário de trabalho terminou, vá para a casa — disse aquele maldito para a minha colega. Ela encolheu e assentiu, se retirando rapidamente.

Fui deixada a sós com o meu chefe. Ele aproximou e se apoiou na bancada ao meu lado. Meus olhos passaram rapidamente por ele e foram em direção ao relógio na parede. 22h15min. Como a vida era cruel, pensei. Logo hoje, em meu aniversario, estava ali esfregando panelas e machucando minhas mãos. Realmente, não era o meu dia de sorte.

— Por que não está lavando as panelas? — indagou o chef de cozinha. — Vai enrolar com elas e deixar por último, mas quando não sobrar tempo irá deixar para a garota de amanhã?

Fiquei aborrecida no mesmo instante. Como ele ousava pensar isso de mim? Quero dizer, talvez eu tenha pensado nisso, mas minha intenção inicial era lavar todas e jogar na cara dele que tinha feito todo o trabalho. Olhei para ele, encarando com raiva. Ele percebeu e abriu um sorriso cínico.

— O que foi? — questionou o sr. Flanagan, começando a se divertir com a minha cara. — Era essa sua intenção, certo? Eu acertei?

Contive a vontade de jogar o prato na cabeça dele e neguei. Não o deixaria continuar rindo de mim.

— Melissa... — Meu nome brincou em seus lábios e soou de forma diferente do habitual.

Rapidamente olhei para ele e pensei em dizer para não falar meu nome, que ele não tinha essa liberdade comigo. Mas meu nome soava tão bem naqueles lábios.

— Algum problema, chef? — questionei, obsoleta. Ele continuou a me olhar atentamente. — Não estou fazendo o meu trabalho direito? Não se preocupe, minha intenção é lavar todas essas louças ainda hoje. Mesmo que eu saia depois da meia-noite.

Ele riu. O quê?! Ele raramente ria. De fato, eu deveria ser uma grande piada para ele.

— Se sair daqui depois da meia-noite, então não terá conseguido terminar o trabalho no mesmo dia. — Tom Flanagan se afastou da bancada e pegou as luvas de borracha na outra pia. O que ele estava fazendo?!

As colocou e pegou um prato submerso na água. Eu segurei seu pulso imediatamente. Nunca havia o tocado, mesmo com as luvas de borracha entre nossas peles, o contado foi estranho. Ele arqueou a sobrancelha, atento e ao mesmo tempo surpreso.

— O que você está fazendo? — perguntei, sentindo-me ultrajada.

Outro sorriso surgiu, dessa vez não parecia estar rindo da minha cara.