Elizabeth partiu de volta para a empresa após o almoço. Ainda parecia ligeiramente incomodada como ficou após Grace ter tocado em um assunto sensível para nós duas: primeiro amor.
Eu e minha colega de trabalho retornamos para os nossos afazeres e esse assunto não foi tocado novamente para a minha felicidade. Tivemos um bom almoço, mesmo que volta e meia os meus pensamentos levavam a Lee e meus olhos procuravam com anseio Tom Flanagan.
Gostaria de dizer que o dia passou rapidamente, mas quando se estava em um dia não muito bom, com sua própria mente te traindo a cada cinco minutos, o tempo não passa tão rápido.
Quando deu o fatídico horário em que eu poderia finalmente sair do trabalho, foi um alívio. Entretanto, isso só fez com que eu recordasse do encontro com Alex. Percebi que não poderia perder tempo e cumprir com a promessa que fiz: eu estaria tão bonita quanto no dia que fui ao baile beneficente com... Você sabe quem.
Me despedi de Grace, dizendo que infelizmente tinha um compromisso importante após o trabalho e que não poderia faltar. Ela aceitou, dessa vez menos pesarosa após nosso almoço. Segui pela calçada, indo em direção à estação de metrô para pegar o trem que me levaria de volta ao Brooklyn. Até comecei a sonhar acordada imaginando para onde Alex me levaria em nosso encontro. Ao cinema? Um restaurante? Um museu? Eu não fazia ideia, mas desde que estivesse em sua companhia, certamente seria bom.
Eu gostaria de dizer que peguei o trem as 5h30min de volta para o Brooklyn, que cheguei em casa a tempo de me arrumar adequadamente e fui ao encontro maravilhoso com Alex. Mas as coisas não aconteceram necessariamente nessa ordem. Houve um empecilho, o qual não esperava.
Antes de chegar à estação, um grupo de garotas adolescentes passaram diante de mim na calçada. Elas pareciam animadas para algo, senão extasiadas. Eu consideraria algo normal de se ver, já que eram adolescentes curtindo um dia após a escola, mas não. Não era algo normal, pelo menos pra mim. Não quando percebi que elas carregavam faixas, cartazes e bandeiras consigo e cantavam em uníssono canções — desconhecidas por mim, claro. Mas o que me chamou a atenção não foi toda essa animação, e sim como o destino estava mais uma vez brincando comigo.
Com o meu olhar apurado reconheci o nome do grupo musical MONSTER em uma das faixas. O mesmo que estava sendo entrevistado no programa de televisão. Assim como o rosto estampado do rapaz de cabelos azuis em uma das bandeiras. O rapaz que eu achei por um instante que se tratava Lee.
Meus pés travaram, impossibilitando-me de dar o passo seguinte em direção à escadaria que me levaria a estação de metrô. Continuei observando o pequeno grupo de jovens até perdê-las de vista quando viraram e desapareceram pela esquina. Naquele momento eu estava em um dilema. Descer as escadas e pegar o metrô de volta para casa ou... Ou seguir aquele grupo de garotas em direção a qualquer lugar que estivessem indo?
Eu tinha um encontro com Alex e não poderia decepcioná-lo mais uma vez, como já tinha feito ao deixá-lo sozinho na Filadélfia. Mas havia passado oito anos e após esse longo tempo eu tinha a oportunidade de finalmente descobrir o que tinha acontecido. Se o que imaginei tinha se tornado real. Eu estava em meus vinte segundos de coragem e, antes que percebesse, comecei a seguir pelo mesmo caminho que as jovens passaram.
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Sete Clichês em Minha Vida ✓
Storie d'amoreOBRA VENCEDORA DO THE WATTYS 2021 NA CATEGORIA LITERATURA FEMININA. Melissa Fontoura sempre foi o tipo de garota sonhadora, apaixonada por livros e filmes de comédia romântica. E talvez seja esse seu maior defeito, já que sonha em viver romances pel...