Ficar presa em casa durante todo o verão estava sendo uma tortura. Depois do inconveniente causado por mim na colação de grau, papai e mamãe me colocaram de castigo. Ou seja, passava grande parte do meu dia transitando pela casa, fazendo as obrigações impostas e me distraindo com qualquer coisa durante o tempo livre. A maior tortura não era nem ficar presa em casa, mas sim estar impossibilitada de me encontrar com os meus amigos.
Eu via Will pela janela vez ou outra, em que nos cumprimentávamos com um aceno e seguíamos com nossas vidas. Eu ficava me questionando como estava sendo as férias deles, certamente se preparando para a nova jornada que iniciariam em suas vidas.
Eu encontrava-me feliz pelo sucesso de meus amigos, mas sabia que minha antiga companheira retornaria: a solidão. Estava começando a lidar com ela nos dias em que passava enfurnada em casa. O problema de estar constantemente sozinha era ter que suportar os diversos pensamentos que rondavam minha mente. Eu continuava com grande expectativa, aguardando as respostas das universidades em que me inscrevi, ansiando por ser aprovada e finalmente poder ir viver minha própria jornada.
Contudo, o tempo passou, e observei da janela o carteiro passar todos os dias, imaginando que em algum momento faria uma entrega no meu endereço. Observei, em um desses dias, William recebendo uma carta. Do gramado da sua casa ele a abriu, explanando nervosismo e expectativa, e lendo o conteúdo. Eu nunca vi meu amigo tão feliz, que logo saiu correndo para dentro de casa para contar a boa novidade aos pais. Eu sabia quem era o remetente da carta e o que tinha em seu conteúdo. Will havia sido aprovado para ingressar na Universidade de Columbia.
E em um desses dias meus dois amigos surgiram em minha casa, vindo justamente dar essa notícia. Não com a finalidade de jogar na minha cara que tinham passado em uma universidade, mas saber se eu tinha conseguido o mesmo feito. A resposta era óbvia: não, eu não tinha conseguido.
Somente mamãe estava em casa e percebendo que meus únicos dois amigos estavam ali para me ver, permitiu que eu saísse para conversar com eles.
Nós três fomos nos sentar na calçada diante da minha residência, para jogar conversa fora. Ambos já vieram com a novidade para cima de mim, que os parabenizei de bom grado, orgulhosa de Lilly e Will.
— Dá pra acreditar que eu e Will vamos estudar na mesma universidade? Talvez possamos até fazer algumas matérias juntos — comentava Lilly, que também tinha conseguido sua aprovação na Universidade de Columbia.
Obviamente minha amiga estava mais feliz do que qualquer outra pessoa, pelo simples fato de permanecer próxima de Will. Meu amigo, por outro lado, não tinha pensado dessa maneira. Acreditei que seria bom para eles já terem um rosto amigo quando fossem para um lugar completamente diferente, para trazer algum conforto. E seria bom, pois sem mim por perto, talvez eles se aproximassem mais do que bons amigos. Eu sabia que era o desejo de Elizabeth depois de todos aqueles anos suprindo sentimentos por William em segredo.
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Sete Clichês em Minha Vida ✓
RomansaOBRA VENCEDORA DO THE WATTYS 2021 NA CATEGORIA LITERATURA FEMININA. Melissa Fontoura sempre foi o tipo de garota sonhadora, apaixonada por livros e filmes de comédia romântica. E talvez seja esse seu maior defeito, já que sonha em viver romances pel...