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Não houve sonhos, somente uma escuridão inquietante e um peso enorme sobre meu peito

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Não houve sonhos, somente uma escuridão inquietante e um peso enorme sobre meu peito. Tive a sensação que fiquei daquela forma durante muito tempo. Em alguns momentos eu tentava fugir daquela prisão infindável, mas não tinha nada para me ajudar a escapar. Não havia formas, silhuetas, sons, nem mesmo algo palpável. Haviam sensações, mas essas sensações eram difíceis de serem descritas.

Aos poucos fui vencendo uma luta que nem sabia que era capaz de ganhar. Aquela sensação era familiar. A de voltar a consciência. Todavia, ela era dolorosa. Mas havia uma parte específica que doía mais que as outras.

Mesmo sem abrir os olhos, me debati no sono, buscando acordar e suplicar para que a dor acabasse. Doía muito! Não era como da última vez. Só que pior do que a ideia da dor, era como tinha causado aqueles ferimentos. Mas pior do que o ferimento e sua causa, era saber quantas pessoas tinham se machucado por mim. Ou por estar próximo demais a mim.

Tentei gritar, suplicar para que me ajudassem. Sabia que havia alguém perto de mim, mas essa pessoa parecia incapaz de ouvir meus pedidos. Até que ouvi algo.

Shhh! Fique calma, meu amor! — Era a voz de alguém! E eu conhecia aquela voz...

Foi quando finalmente consegui abrir meus olhos e um grito estrangulado saiu dos meus lábios, como se estivesse preso ali há muito tempo.

Tentei me movimentar, mas mãos fortes me impossibilitaram. Respirei profundamente, sentindo o ar invadindo meus pulmões, como se também há muito tempo não respirasse. Aquela lufada de ar fez meu corpo doer, especialmente a região da barriga.

Procurei por ajuda. Procurei pela pessoa que me dizia palavras tranquilas, para principalmente me ajudar.

Quando meus olhos se adaptaram ao ambiente, visualizei familiares olhos verdes. Eles me encaravam com ternura, preocupação e, acima de tudo, amor. Os olhos de mamãe, reconheci imediatamente.

Minha mãe! Minha mãe estava ali, diante de mim, a poucos centímetros de distância. Senti seu cheiro, o mesmo perfume desde a última vez que recebi o afago de seus braços. A mesma sensação que suas mãos causavam quando acariciavam meus cabelos.

Mamãe me acalmou com seus toques, sussurrando em meu ouvido a mesma frase, várias vezes: está tudo bem.

Eu acreditei nela. Acreditei, porque mamãe me transmitiu a confiança certa, mesmo que houvessem diversos medos rondando meu corpo, minha mente, me atraindo em direção a um buraco profundo. Um buraco que eu tinha conseguido escapar uma vez, mas temia voltar. Se eu voltasse, talvez não tivesse a sorte de conseguir fugir novamente.

Estar consciente era saber do impacto de informações, sentimentos e dores que me atingiriam. Quis voltar a dormir, mas ainda queria me deliciar com o carinho de mamãe.

Porém, depois de me sentir mais calma, estranhei sua presença ali. Onde estávamos? Por que ela estava ali?

— Mamãe?! — chamei-a, desejando formular alguma pergunta, para conseguir me nortear melhor.

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