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O jantar foi constrangedor

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O jantar foi constrangedor. Só não ficou em total silêncio porque o senhor Hall fazia questão de iniciar um assunto. Fiquei satisfeita por ele não aparentar estar abalado com o ocorrido. Contudo, a sra. Hall parecia perdida em pensamentos. Comecei a me questionar o que passava em sua cabeça.

Volta e meia nossos olhares se cruzavam. Um sorriso tímido brotava em seu rosto, como se o que tivesse em mente fosse interessante. Inevitavelmente o desconforto foi subindo pelo meu pescoço, junto com várias teorias. Não queria que ela ficasse magoada comigo, tendo a ideia de que estava me aproveitando de seu único filho. Seria terrível dar essa impressão aos meus falsos sogros. Conhecíamo-nos há poucas horas e mesmo assim já gostava muito deles.

Decidi bancar a boa nora, mesmo não sendo a verdadeira, e ajudei a sra. Hall a tirar a mesa e levar os pratos para lavar. Alex e o pai decidiram se afastar para uma conversa e eu tive a impressão de que seria o assunto, ou o nosso relacionamento. Nora jogou o resto da comida na lixeira enquanto me prontifiquei a lavar os pratos. Havia retirado à tira de elástico e colocaria somente quando fossemos sair. Não estava sentindo as dores no punho como antes, somente tomava um medicamento quando sentia desconforto. De qualquer forma, fiz o que tinha mais talento na vida. Lavar pratos.

Ela fez o papel secá-los e guardá-los. O silêncio foi nosso amigo durante longos minutos. Eu queria poder dizer que o ocorrido que ela havia visto não era exatamente o que estava imaginando. Dizer que Alex e eu decidimos esperar. Seria uma mentira, mas talvez a confortasse. Para alguns pais era difícil saber que seu filho fazia sexo. Eu compreendia essa situação, já que jamais gostaria que minha mãe soubesse sobre isso. Era muito particular, contudo, ser pego em um momento como fomos vistos transmitia a ideia errada. Fiquei aliviada quando ela decidiu falar algo.

— Posso te fazer uma pergunta? — A voz suave da sra. Hall veio até meus ouvidos. Atentei-me ao que ela iria dizer, confirmando com um aceno de cabeça. Esperava que não fosse sobre o que estávamos fazendo no quarto — bem que eu queria que fosse algo do tipo, mas infelizmente não havia sido —, mas se fosse, gostaria de esclarecer sobre o assunto. — Sei que posso aparentar estar sendo muito intrometida, mas estou completamente feliz em saber que Alexander esteja namorando uma garota como você. Muito bonita, inteligente, educada... — Observei a mãe de Alex, um pouco receosa por todos os elogios. — Mas você já planeja ter filhos?

Sorte a minha não ter engasgado naquele momento. Não sabia se a sra. Hall seria capaz de me acudir, mas também não desejava — talvez um pouco — que Alex tentasse fazer a manobra de Heimlich outra vez. Não tive a oportunidade de responder — provavelmente porque não tinha respostas —, já que Nora continuou a tagarelar.

— Sabe, sei que você é muito jovem para pensar sobre isso, mas é algo inevitável quando se está em um relacionamento. Na verdade, eu engravidei bem jovem, mas porque queria. Meu sonho sempre foi ser mãe, era algo que eu idealizava, mas agora... — Ela soltou um suspiro dramático e continuou: — Meu sonho é ser avó.

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