Havia uma loja gigantesca de maquiagens que pareceu o lugar mais seguro e também o mais próximo para me esconder até a chegada de Tom Flanangan. Me mantive escondida atrás das prateleiras, olhando para as portas automáticas que me permitiam visualizar a rua e calçadas movimentas. Em nenhum momento desgrudei meus olhos de lá, temendo que a qualquer momento o segurança de Sebastian Johnson surgisse e me arrancasse à força de volta para a empresa.
Eu nunca sabia lidar com Sebastian Johnson e ele muito menos comigo. Nós sempre teríamos essas divergências e era insano cogitar na ideia de que ele fazia parte dos sete clichês.
Mas o que eu considerava pior era o quão fácil para ele era fingir diante das câmeras e de outras pessoas o nosso relacionamento. Suas atitudes eram completamente diferentes, assim como seu olhar. Eu ainda não conseguia tirar da cabeça seu gesto ao tocar meu rosto, principalmente os toques de nossas mãos enquanto ele me confortava para ficar tranquila. O mais surpreendente ainda havia sido ele ter me chamado de meu amor... Dava pra acreditar?! Meu amor! Que maluquice!
Entretanto, eu deveria lembrar que Sebastian Johnson era bom mantendo o fingimento. Ele conseguia enganar a todos e talvez também estivesse enganando a mim... Não! Eu estava me deixando ser enganada sem necessidade! Eu já tinha conhecido seu lado real e rude, sem as máscaras da atuação. Ele pouco se importava comigo, além de somente não gostar de perder a oportunidade de tentar me controlar, mas eu jamais o permitiria fazer isso. Ele não era nada meu e não havia nada que nos unia além de um contrato, por quatro meses. Assim que esse tempo acabasse eu voltaria a ter minha total liberdade, mas por enquanto parecia mesmo que eu estava em liberdade condicional, presa a um homem que eu abominava e sempre sendo lembrada como sua namorada — que eu não era! Certamente se eu tivesse a opção de escolher, Sebastian Johnson jamais seria o tipo de cara que eu namoraria!
Contudo, o pensamento incomodo me provocou. Assim que notei um carro familiar estacionando diante da loja de maquiagem, relembrei que eu também pensava o mesmo sobre Tom Flanagan. Que eu o considerava abominável, um patife completo... Mas agora ele estava ali, vindo para me salvar, com suas atitudes completamente diferentes, gentis e adoráveis... Ele tinha mudado... Mas até quando permaneceria assim? Meu corpo estremeceu ao pensar nisso, mas empurrei os tolos pensamentos para o fundo da minha mente e disfarçadamente — ou tentando parecer natural — caminhei para as portas automáticas da loja e segui para fora.
Meu celular começou a tocar e vi o nome de Tom brilhando no visor da tela. Fui em direção ao carro, abri a porta e adentrei. Eu deveria ter agido mais conscientemente e não ter entrado em um carro sem saber quem era o motorista, mas para minha sorte se tratava do chef de cozinha.
Ele abriu um sorriso logo ao me ver e se inclinou para me beijar, mas recordei da maldita foto tirada de nós dois em um momento como aquele. Toquei suavemente seu ombro, o impedindo de se aproximar.
— O que foi? — perguntou Tom, sem entender meu gesto de impedimento.
— Eu te conto no caminho... — falei, mas percebi que não sabia para onde iríamos. — Espera, para onde vamos? Quero dizer... Você pode me levar para casa?
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Sete Clichês em Minha Vida ✓
RomanceOBRA VENCEDORA DO THE WATTYS 2021 NA CATEGORIA LITERATURA FEMININA. Melissa Fontoura sempre foi o tipo de garota sonhadora, apaixonada por livros e filmes de comédia romântica. E talvez seja esse seu maior defeito, já que sonha em viver romances pel...