Meus sonhos foram anuviados. Tinham formas, mas não rostos. Ou ao menos não se tratavam de rostos conhecidos.
Sonhei com muitas coisas diferentes, mas o único sonho que me marcou foi o pior deles. Sonhei que corria desesperadamente. Dava passos largos na corrida, com rapidez e agilidade, até o momento que cansei de correr. Alguém me perseguia, obviamente. E eu fugia da silhueta do homem.
Até o momento que caí em exaustão. Enquanto caía ao chão, o homem que me perseguia veio em minha direção. Ele estendeu suas grandes mãos para me pegar, até que minha cabeça bateu com força contra o chão.
Senti a mesma dor do impacto da minha cabeça ao chão. Parecia que estava sentindo a mesma coisa. Mas uma parte minha sabia que aquilo era só uma lembrança distante que viera à tona.
Porém, o que me assustou mais foi o som forte da minha cabeça contra o chão. Soou como um bam bam bam, como quando alguém bate na porta.
Aquele som me acordou, até perceber que ele não acontecia por causa do impacto de minha cabeça ao chão, mas porque alguém batia desesperadamente a porta. Na porta do meu quarto, mais especificamente.
— Melissa?! Melissa?! Você está aí? Por favor, abra a porta! — suplicou Lilly, preocupada, do outro lado da porta fechada.
Fiquei aliviada por saber que era ela ali, e que o sonho não era real — mesmo parecendo muito.
Levantei-me da cama, um pouco zonza, e destranquei a porta. Lilly imediatamente atravessou o batente e colocou as mãos em meus braços, o rosto em uma careta de aflição, completamente tomado pela preocupação.
— O que foi?! — perguntei, a voz soando baixa, um pouco áspera.
— O que foi?! — ela repetiu, falando alto. — Meli, você sabia que quase me matou de preocupação? Meu chefe ligou para mim apenas para que eu o ajudasse a encontrá-la, acredita nisso?!
Engoli em seco ao perceber que Sebastian tinha recorrido a Elizabeth para saber meu paradeiro.
— Eu estava em casa o tempo todo — falei, como se não fosse grande coisa.
— Bom, agora eu sei disso! Mas pode explicar o motivo? Você não deveria estar trabalhando?
Me afastei do toque de Lilly e retornei para a cama, encolhendo-me sobre os lençóis desarrumados.
— Me demiti — soltei, sem justificar.
Lilly arregalou os olhos, chocada pela minha confissão.
— Por quê? — perguntou, ainda incapaz de acreditar.
— Eu não quero voltar mais para lá. Cansei de trabalhar no restaurante. — Obviamente aquilo era mais uma de minhas várias mentiras. Adicionei aquela à coleção grande que já tinha.
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Sete Clichês em Minha Vida ✓
RomansaOBRA VENCEDORA DO THE WATTYS 2021 NA CATEGORIA LITERATURA FEMININA. Melissa Fontoura sempre foi o tipo de garota sonhadora, apaixonada por livros e filmes de comédia romântica. E talvez seja esse seu maior defeito, já que sonha em viver romances pel...