CAP XXXI - Vamos beber um pouco.

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No próximo dia...

A ideia de ir a uma festa da faculdade com Zabdiel estava me deixando nervosa. Não por causa de Zabdiel, e sim pelo que vai acontecer nela. É sempre a mesma coisa. As pessoas ficam bêbadas e uma coragem absurda surge, fazendo com que as coisas saiam do controle.

As festas costumavam começar bem tarde, por volta das onze horas, por isso combinei com Zabdiel as dez e meia. A fraternidade — onde a festa seria — ficava um pouco afastada da cidade, por causa das festas frequentes e da música alta. Sabia disso porque Matthew morava ali.

Emma tinha saído para jantar com Joel e tinha me dito que provavelmente dormiria no hotel com ele. Nada de novo. Até tentei pedir para que ela me ajudasse com a roupa, mas ela saiu quando eu ainda estava no banho.

Abri meu guarda roupa e depois de vestir pelo menos três roupas diferentes, desisti de tentar procurar algo ali. Fui até o quarto de Emma e abri seu armário. Sabia que ela não ficaria brava.

Na verdade, até ficaria orgulhosa pois sempre dizia que eu deveria usar um dos seus vestidos. Eu sempre negava por acha-los curto demais, já que Emma é mais alta que eu. Mas hoje resolvi experimentar um deles.

Peguei o primeiro que vi. Ele era justo e preto, e não tão curto quando pensei. Olhei no espelho e gostei do que vi. Voltei para o meu quarto e peguei uma camisa jeans. A amarrei na cintura e vesti um coturno com salto grosso porque sabia que não iria sentar durante a noite. Deixei meu cabelo liso e amarrei uma bandana vermelha que Zabdiel tinha esquecido há alguns dias no meu quarto. Fiz uma maquiagem mais pesada, com os olhos marcados e batom vermelho. Fazia tempo que não me arrumava assim.

Estava passando perfume quando ouvi o barulho da campainha.

— Está aberta! — Gritei do quarto.

Ouvi a porta se abrindo e passos de Zabdiel até meu quarto. Estava de costas, mas sabia que ele estava me observando. Sentia seu olhar percorrendo meu corpo, dos pés à cabeça. Sabia exatamente qual sorriso estava em seu rosto também. E saber de tudo isso só me dava a certeza de que eu já tinha me apaixonado por ele.

— Vai ficar me encarando? — Falei me virando para ele e me dando conta de quem iria encarar agora seria eu.

Zabdiel estava com uma calça jeans justa e preta, com rasgos no joelho. Uma camiseta — também preta — com alguns furos propositais. Tinha uma bandana amarrada no braço e um boné na cabeça. Ele conseguia ficar melhor a cada dia que passava. Sentia o cheiro de seu perfume exalando o quarto. 

— Vai ficar me encarando? — Repetiu o que eu tinha dito. Assenti com a cabeça e ele caminhou até mim. — Você está linda.

— Você também não está nada mal.

Dei um passo para frente e entrelacei meus braços em seu pescoço. Zabdiel colou sua testa a minha e ficamos nos entreolhando silenciosamente. Não era estranho e muito menos constrangedor. Era o nosso silêncio e isso era especial para nós. Não demorou muito para que ele colasse seus lábios nos meus, iniciando um beijo calmo e cheio de sentimento. Sua mão estava travada em meu rosto e a outra em minha cintura. Trocaria qualquer festa para ficar ali com ele. Terminamos o beijo com selinhos e quando olhei tive uma crise de riso.

— O que foi, engraçadinha? — Perguntou sem entender. Não respondi, apenas apontei para o espelho e ele se virou para olhar — Eu estou parecendo um palhaço e a culpa é sua. Mas talvez você também queira se olhar no espelho.

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