08. Desabrigados.

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Cinco dias haviam se passado desde minha conversa com Zabdiel, de concordamos em manter em segredo seja lá o que temos. Não tinha contado nem para Emma e isso estava me matando. Queria muito ter uma segunda opinião sobre isso, mas fui eu quem sugeri guardar em segredo, então vou manter minha palavra.

Os meninos conseguiram alguns dias de descanso porque gravariam um clipe no próximo mês, ou seja, não teriam nenhum dia de folga. Zabdiel viajou para Porto Rico, Christopher foi para o Equador, Joel e Emma foram para Hesperia visitar a mãe dele, Erick estava com a mãe em Miami e Richard também estava em Miami, mas iria passar os dias com a filha.

Assumo que ficar com o apartamento só para mim foi bom nos dois primeiros dias, mas depois disso se tornou solitário demais. Eu chegava do estágio e não tinha com quem conversar, literalmente. Convidei Matthew para assistirmos um filme e ele disse que teria que jantar com os pais, ou seja, mais um dia em que eu ficaria sozinha.

Zabdiel e eu conversávamos por mensagens o tempo inteiro, mas é diferente do que ter uma conversa pessoalmente. Bem diferente. Nesse meio tempo ocupava minha mente com casos médicos do hospital.

Estava lendo um desses casos quando o toque do meu celular me distraiu. Levantei do chão da sala e comecei uma saga para encontra-lo. Estudar com Zabdiel me mandando mensagens o tempo todo era uma distração enorme. Encontrei o aparelho jogado em cima da minha cama. Atendi imediatamente.

"Emma?"

"Oi, Mad!", ela começou eufórica, parecia que tinha corrido uma maratona de 5 quilômetros.

"Aconteceu alguma coisa?"

"É... Bem... Aconteceu."

"Você está começando a me assustar. Fala logo!"

"Não, calma... Não é com você, nem comigo. Não diretamente. Estamos no aeroporto, chego em vinte minutos."

E desligou. Simplesmente assim. Jogou a bomba e me deixou imaginando mil coisas.

O lado bom é que ela realmente chegou vinte minutos depois. Quando abriu a porta, me encontrou parada, encostada no sofá, roendo as unhas.

— Você sabe o quanto eu odeio que me deixem curiosas e... — não consegui terminar meu pequeno surto porque uma pessoa em especial me surpreendeu — Zabdiel?

— Oi... — ele falou sem jeito.

Depois dele, veio Joel, também sem jeito. Um ponto de interrogação gigante pairou na minha cabeça. Emma veio até mim, receosa, em passos pequenos.

— Podemos conversar no quarto? — perguntou baixinho.

Olhei para os dois encostados na parede, se entreolhando, mas em total silêncio.

— Quem vocês mataram? — falei entrando em seu quarto — De verdade. O que aconteceu em Hesperia e onde você encontrou Zabdiel?

— Primeiro de tudo, desculpa por ter trazido Zabdiel aqui. Não sei como vocês estão, mas imagino que não seja muito bom.

— Como assim?

— Ué, vocês não se falaram depois daquela briga no estacionamento do hospital. Ou falaram? — ela ergueu a sobrancelha em desconfiança.

Por um segundo esqueci que Emma não sabia de nada. Quase deixei isso passar. Me recompus e fingi uma cara brava.

— É, não. Mas tudo bem, ele não vai ficar muito tempo. — lembrei do motivo dele estar aqui — Falando nisso, o que ele está fazendo aqui?

— É isso que vai ser um pouquinho difícil de explicar. — fingiu um sorriso forçado — Eu e Joel voltamos mais cedo porque tive um problema lá na agência e preciso resolver. Meu computador está no apartamento de Joel, então fomos até lá.

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