07. Nosso segredo.

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Congelei no momento em que ouvi o som da campainha. Pedi mentalmente que Matthew desse meia volta e fosse embora. Justo agora que eu e Zabdiel finalmente estamos falando sobre os reais sentimentos que ainda existem, isso acontece. Outra bomba que está prestes a estourar.

— Não vai abrir a porta? — ele perguntou indiferente, olhando para as estrelas — Pode ser a Emma.

Fiquei quieta, olhando para um ponto fixo qualquer. Estava pensando o que poderia fazer, quais eram as opções, mas no final das contas eu teria que abrir a porta de qualquer jeito.

Era Matthew. Somente ele.

— Vou, vou sim. — respondi mais para mim do que pra ele.

Passei pela porta da varanda e fui até a porta principal. Olhei para trás e Zabdiel ainda estava de costas para mim, na mesma posição de antes. Girei a maçaneta, dando de cara com um Matthew sorridente e segurando uma caixa enorme de donuts.

— Só porque eu sei que você fica uma fera quando temos que fazer esses relatórios. — falou, entregando a caixa para mim no mesmo segundo em que jogava sua mochila no chão, do lado da porta.

Seu sorriso foi embora assim que percebeu a presença de Zabdiel. Olhei para a varanda e vi como Zabdiel aparentava estar irritado, possesso de raiva. Matthew estava um pouco mais tranquilo, mas bem pouco, sabia que se um ou outro falasse um pouco mais alto uma briga iria acontecer.

— Matt está aqui porque precisamos entregar um relatório semanal do estágio. — falei olhando para a sacada — Zabdiel está aqui porque... porque... — gaguejei — Precisamos conversar.

Zabdiel já estava na sala, a poucos metros de Matthew e de mim, que ainda estávamos próximos da porta. Coloquei a caixa de donuts em cima do sofá e comecei a pensar porque sempre me meto nessas enrascadas.

— O prazo é amanhã, Mad... — Matthew começou, olhando resistente para mim — Se você quiser eu faço e amanhã nós revisamos.

Zabdiel apenas concordou com a cabeça, me fazendo rolar os olhos.

— Não, tudo bem, não é justo você fazer sozinho. Nós podemos fazer agora, com sorte não vai demorar muito.

— Tipo, agora?

— É, agora. Não vai demorar muito. — respondi tentando manter a calma, quando eu mais queria era só gritar — Você pode esperar? — falei olhando para Zabdiel.

— Normalmente demora três horas.

Olhei irritada para Matthew, que sorriu de canto em resposta.

Matthew não encarava Zabdiel, ao contrário dele, que mantinha os olhos furiosos no garoto.

— É isso ou nós não vamos conversar, não é? — concordei — Posso esperar no seu quarto?

Assenti, indo na sua frente em direção ao quarto. Ele já sabia como chegar até lá, mas mesmo assim me seguiu até chegarmos.

— Você pode assistir TV, ler um livro, hum... — olhei ao redor do cômodo para listar o que ele poderia fazer — usar o computador.

— Ei, eu sei. — falou tirando alguns fios de cabelo caídos no meu rosto — Esqueceu que passamos quase sete dias sem sair desse quarto?

Olhei para ele lembrando de tudo, automaticamente minha expressão melhorou e ficou mais leve. Fiquei na ponta dos pés e beijei o canto da sua boca, logo seus braços se entrelaçaram na minha cintura para aprofundar o beijo.

— Quanto mais rápido eu for, mais rápido eu volto...

Ele bufou, apertando mais minha cintura, e logo a soltando. Quando sai do quarto, percebi ele tirando o tênis e se deitando na cama.

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