45. Tudo o que é meu é seu.

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Meu celular apitou a última vez avisando do horário, mas como iria de carro me permiti fazer as últimas coisas com mais calma.

Como meu plantão seria de doze horas sairia apenas as oito da noite e nesse tempo temos horários de descanso, então aproveitei que iria de carro e levei um travesseiro e uma coberta pequena. Odiava os travesseiros do quarto de descanso. Peguei algumas frutas que já tinha cortado dentro da geladeira e uma garrafa de água também, joguei tudo dentro da bolsa e voltei para o quarto e peguei o sobretudo que tinha deixado em cima da cama.

Esse tempo todo Zabdiel estava esticado no sofá esperando dar o horário de pegar Christopher no médico.

Fui até ele e me sentei no sofá, arrepiando ainda mais os fios que estavam um pouco caídos. Ele fechou os olhos e quando me afastei ele bufou.

— Preciso trabalhar. — avisei o que ele já sabia — Vamos nos falando durante o dia?

Ele assentiu com a cabeça.

— Bom trabalho, Mad. A noite jantamos juntos, vou tentar sair um pouco antes do estúdio hoje.

— E sem dor de cabeça. — brinquei, já me levantando. Mesmo assim ele conseguiu me acalçar e me dar um tapa na bunda.

Dirigi por cerca de quinze minutos até chegar no hospital. O trânsito ficava pior com a chuva. Não reclamei, porque de metrô gastaria meia hora além de ter que dividir o espaço com os ratos. Ri lembrando da forma como Zabdiel falou deles.

Estacionei na área reservada a funcionários e digitei meu código na máquina do estacionamento para pegar o ticket e colocar no espelho.

Ainda chovia, mas um pouco menos, então aproveitei antes que piorasse de novo e saí logo do carro, correndo até a parte coberta. Coloquei o sobretudo, arrumei a bolsa e escondi um pouco do travesseiro e da coberta. Olhei para o céu e se não soubesse que já era quase oito da manhã diria que ainda era madrugada.

Entrei no hospital, desejei bom dia a uma das recepcionistas e fui até o elevador, seguindo para o segundo andar para checar o quadro de especialidades hoje. Como estava de plantão sabia que ficaria na área geral, mas achei melhor conferir.

Após fazer isso e realmente confirmar que estava como clinica geral, segui para o consultório que estava indicado no quadro. Guardei minhas coisas embaixo da mesa, liguei o computador, tirei meu carimbo e prancheta de dentro da bolsa. Organizei o bloco de medicamentos e o de receitas e esperei que os pacientes chegassem.

Ficando na área geral nunca sabemos como nosso dia será. Pode começar tranquilo e terminar na correria ou começar com muitos pacientes e na metade do plantão as coisas se acalmarem. Depende muito.

Não demorou muito até que uma das enfermeiras entrasse e me entregasse os prontuários. Os organizei também e me levantei, chamando o primeiro paciente.

Como disse, nunca sabemos como o plantão será e hoje em especifico começou com um paciente atrás do outro. Só tive tempo de almoçar as três da tarde quando outro plantonista chegou e despachei os poucos pacientes que ainda restavam para ele.

Almocei no refeitório do hospital mesmo, adorava a comida de lá. Peguei meu celular para responder algumas mensagens e comecei por Emma.

Emma: Não esquece de amanhã! Não pega nenhum plantão ou eu te mato.

Me: Ops... Amanhã encontraremos o vestido de noiva perfeito para você. Omg, nunca pensei que diria isso.

Depois respondi a da minha mãe.

Mom: Bom dia, coração. Que seu dia seja maravilhoso e você salve muitas vidas.

Ri baixinho da mensagem e senti a saudade apertar meu coração.

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