CAP XII - Posso me acostumar com isso.

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Congelei quando me dei conta da figura parada com as mãos no bolso e um gorro amarelo em sua cabeça.

Meu primeiro pensamento foi em não abrir a porta e fingir que a casa estava vazia, porém ele pareceu perceber a demora em abrir e bateu duas vezes na porta.

Por que ele queria me ver? Por que queria falar comigo? Minha primeira e única resposta foi ele ter descoberto toda a mentira e querer tirar satisfação, afinal era sobre ele e a vida dele.

— Madison, eu sei que você está do outro lado da porta — Ele disse. Me assustei ao ouvir tais palavras. Sua voz já não estava mais tão rouca quando o dia em que acordou do coma.

— O que você quer? — Respondi sem dosar as palavras.

— Se você abrir a porta, eu posso te explicar.

Permaneci mais alguns segundos sem dizer nada. Me estiquei novamente para olhar pelo olho mágico e lá estava ele, no mesmo lugar desde que olhei pela primeira vez. Foi então que entendi que ele não iria embora antes de conversar comigo. Ou seja lá o que ele quisesse fazer.

Destranquei a porta e abri uma fresta da mesma, apenas colocando meu rosto para fora. Meu coração acelerou assim que eu o vi por completo já que fazia tempo desde o hospital. Comecei a analisa-lo, foi inevitável.

Zabdiel estava com uma calça preta de moletom com alguns detalhes em dourado, logo percebi que deveria ser de alguma marca famosa. Por cima, um moletom branco de um tecido que eu não faço a minima ideia qual ser e uma camiseta colorida por baixo. Tudo isso, combinado com um tênis também preto e a touca amarela.

Foi então que meus olhos finalmente encontraram com os dele, que estavam fixos aos meus também. Não entendi essa troca de olhares, mas ficamos assim por alguns minutos.

— Posso? — Ele colocou a mão na porta, mas sem a empurrar.

Dei alguns passos para trás e então Zabdiel entrou, fechando a porta com cautela. Depois, ficou parado em minha frente. Foi quando me dei conta que era a primeira vez que ficamos assim, já que eu só tinha o visto deitado ou sentado em uma cama de hospital.

— Você quer alguma coisa? — O silêncio estava começando a ficar incômodo — Água? Suco?

— Água.

Me virei para ir até a cozinha, mas antes que eu pudesse dar um passo se quer, senti Zabdiel me segurando pela mão e puxando meu corpo para trás, fazendo com que eu me chocasse com o dele. Me virei e percebi que Zabdiel estava perto, muito perto. Por ele ser mais alto, minha cabeça estava batendo em seu peitoral.

Levantei minha cabeça e olhei para ele, que colocou suas mãos gentilmente na minha cintura, me trazendo mais para perto — se isso fosse possível. Sentia a respiração pesada de Zabdiel e ele certamente sentia a minha também. Minhas mãos estavam pousadas em seu peitoral e antes de eu tentar formular uma frase, senti seu rosto aproximando-se do meu, uma de suas mãos saíram da minha cintura indo direto para o meu rosto. Seu polegar fazia carinho em minha bochecha e eu sorri com a ternura do seu toque, logo após fechei os olhos e esperei o que estava por vir.

Senti os lábios quentes de Zabdiel tocarem os meus e depois de um longo selinho, ele pediu profundidade ao beijo e eu cedi. Não era um beijo agitado e sim lento, como se estivéssemos descobrindo o que funcionava para nós dois. Minhas mãos subiram para o pescoço de Zabdiel e as dele já estavam emaranhadas em meu cabelo. Arrepiava com cada toque dele e vez ou outra Zabdiel sorria entre nosso beijo.

Terminamos o beijo com rápidos selinhos, um em seguida do outro. Quando abri os olhos, encontrei Zabdiel ainda com os dele fechados e foi impossível não sorrir ao ver o garoto de um metro e oitenta com os olhos fechados parecendo uma criança de cinco anos.

Bastou alguns segundos para que ele os abrisse também. Ficamos na mesma posição e eu não sabia como perguntar o que diabos tinha acabado de acontecer.

— Posso me acostumar com isso — Ele quebrou o silêncio, me dando um último selinho e se sentando no sofá que estava a poucos metros de distância.

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