37. Hoy rompo la ley por ti.

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Abri a porta e chamei-os para dentro do quarto. O combinado eram entrar em dois grupos, mas nenhum médico ou enfermeira estavam ali, então todos entraram no mesmo momento.

Quando Noemi viu Zabdiel em pé, apoiando o braço na parede, o choque em seu rosto foi enorme. Mesmo sem dizer nada, sabíamos o quão feliz ela estava. Zabdiel recebeu um abraço duplo do seu pai e de sua mãe, um de cada lado. Pela sua expressão, ele estava fazendo esforço para se lembrar, mas nada vinha em sua mente. Depois, foi a vez dos meninos e Emma. Noemi e Carlos não saíram de seu lado, mas isso não impediu que um a um abraçassem Zabdiel.

No último abraço, que era de Erick, uma das enfermeiras apareceu e fez todos se retirarem do quarto. Noemi foi a última. Ela me puxou no canto do cômodo e pegou nas minhas mãos.

— Cuida dele por mim, cariño. Qualquer coisa que precisar você pode me ligar, meu celular vai estar comigo em todos os momentos.

— Claro, Noemi. Você pode aparecer em casa quando quiser também. Tenho certeza que ele logo se lembrará de todos. — respondi, tentando dar esperanças à ela.

Nos abraçamos e ela deu um último beijo em Zabdiel antes de sair.

O caminho dentro do uber foi silencioso, o que me deixava com um pé atrás, visto que antes ele estava falante e animado. Seu olhar vidrado no trajeto que o carro fazia. Entretanto, sua mão ainda estava pousada na minha perna, o que me tranquilizava um pouco.

— Chegamos. — ele me tirou do transe, apontando para o meu prédio.

Ele se lembrava até de onde eu morava. Me perguntei porque ele se lembrava de tudo em relação a mim, mas de nada das outras pessoas.

— Chegamos. — concordei, saindo do carro.

Já no meu apartamento, Zabdiel quis tomar banho para tirar o cheiro de hospital que estava no corpo. Era engraçado porque ele dizia isso desde as primeiras semanas que começamos a ficar juntos.

Enquanto ele estava no banho, arrumei a cama e separei os remédios que ele deveria tomar antes de dormir.

Sentei na cama para esperá-lo. O relógio marcava sete da noite, mas sentia que já era madrugada por causa do cansaço.

E então ele saiu do banho como em todas as outras vezes. Nada tinha mudado entre nós. A toalha enrolada na cintura, as gotas de água caindo do seu cabelo molhado, o modo como ele me olhava sorrindo... Tudo, extremamente tudo ainda era como antes.

Ele veio até mim e colou sua testa na minha. Sentia as gotas de água caírem em mim e ria disso. Sutilmente, senti o toque da sua mão em meu rosto e a próxima coisa que senti foi seus lábios nos meus. Pouco a pouco, o beijo ganhou a intensidade que sempre tivemos. Quando percebi, já estava deitada na cama com Zabdiel em cima de mim. Sua toalha tinha caído a muito tempo atrás e seu cabelo já estava quase seco, ao contrário das nossas respirações que estavam ofegantes.

— Zabdiel? — chamei enquanto tentava lembrar de todas as restrições que doutor Keneddy passou. Sentia seus beijos quentes e molhados em meu pescoço e por pouco não me deixei levar — Nós não podemos, sabe, fazer isso...

— Por que não? — me respondeu no mesmo instante, parando de me beijar.

— Durante uma semana... Você ficou desacordado por dez dias, você entende isso, né?!

— Entendo. — ele se jogou ao meu lado na cama, ergueu os braços e tapou os olhos com as mãos — Por isso mesmo. — ele riu, fazendo com que eu fizesse o mesmo. O som das nossas risadas invadiu o apartamento.

— Toma os remédios enquanto tomo banho. — falei, deixando um selinho em seus lábios e me levantando da cama.

Tomei um rápido banho porque sinceramente tudo o que eu conseguia pensar era na minha cama e em ter uma noite longa de sono.

Quando voltei, Zabdiel estava deitado e olhando para o teto. Me deitei ao seu lado, mas sem a pretenção de dormir naquele momento. Queria saber o que tanto ele pensava. Apoiei meu braço na cama e o olhei.

— Quer me contar o que você está pensando?

— Queria conseguir me lembrar de tudo. Eu até tento, estou tentando nesse exato momento, mas nada me vem na memória. E aí eu penso qual é o motivo disso estar acontecendo comigo.

— Eu fiz essas perguntas para mim mesma no hospital há alguns dias atrás e eu ainda não tenho as respostas — me arrastei pela cama até chegar perto o bastante para deitar em seu peito — Não se pressione tanto, não é sua culpa. Aliás, ninguém tem culpa de tudo o que aconteceu. Os meninos, seus pais, todos eles sabem disso. Só dê tempo ao tempo, ok? Eu vou continuar aqui com você.

— Sempre? — perguntou, fazendo carinho em meu cabelo como de costume.

— Você ainda tem dúvidas disso?

— Não. — respondeu me abraçando forte — Sei que o costume é você estar aqui por mim todo o tempo, mas quero que você entenda que eu também vou continuar com você.

— Eu nunca duvidei disso.

Estava quase pegando no sono quando ouvi Zabdiel me chamando. Acordei imediatamente, ainda estávamos na mesma posição.

— Ei, calma! — falou um pouco assustado — Está tudo bem. Só queria te perguntar uma coisa.

— Quanto tempo eu dormi?

— Acho que dez minutos.

Ri de mim mesma e deixei que ele fizesse sua pergunta.

— Por que eu não paro de cantarolar uma música?

Levantei meu corpo e apoiei meu rosto em seu peito, olhando em seus olhos. Sua pergunta inocente me fez ter esperanças que ele se lembrasse de tudo mais rápido que eu havia pensado.

— Qual música?

— Nadie tiene el control del corazón
Sabemos que en la guerra y el amor... cantou no ritmo certo da música.

— Porque é a sua a música, Zabdiel. É sua! Sua e dos meninos. Essa musica é de vocês.

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