44. Rotina.

559 62 7
                                    

Abri os olhos e no segundo seguinte bufei por Nova Iorque estar chovendo de novo. Levanto com cuidado para não acordar Zabdiel, mesmo sabendo que ele precisará acordar nos próximos quinze minutos.

Ele sempre bate na tecla que mesmo que seja três minutos até o despertador tocar, ele vai querer dormir esses três minutos. Imagino que quinze minutos para ele tenha um peso muito maior.

Lembro disso e sorrio olhando-o dormir serenamente.

Vou até a janela do quarto e abro uma fresta minúscula apenas para comprovar o que eu já sabia: a chuva não tinha parado. Inclusive, estava mais forte e ainda ventava. Ótimo dia para começar o plantão oito da manhã.

Em silêncio, pego meu celular de cima do criado mudo e abro a porta do quarto, seguindo em direção ao banheiro para tomar banho, só assim conseguiria acordar totalmente e me preparar para o trabalho.

Abro o chuveiro antes de tirar a roupa e deixo assim só por um minuto para que o banheiro ficasse coberto pelo mormaço da água quente. Checo meu celular e confirmo que ainda tenho quarenta minutos até precisar sair e ir de metrô até o hospital.

Zabdiel está indo ao estúdio todos os dias da semana na parte da manhã, mas seus horários são mais tardes do que os meus e, mesmo ele se oferecendo, não acho justo acorda-lo antes e fazê-lo dirigir na chuva só para me levar ao trabalho sendo que muitas vezes ele só volta para casa depois das dez da noite e realmente cada minuto a mais na cama faz toda a diferença.

Resolvo não lavar o cabelo e ir trabalhar de rabo de cavalo. Depois do banho, me enrolo na toalha e saio do banheiro fazendo os barulhos normais visto que Zabdiel já teria que estar acordado. Mas, conhecendo ele do jeito que eu, sabia que ele ainda estava na cama.

Abri a porta do quarto e não a fechei, fazendo com que a claridade entrasse no cômodo. Deixo o celular na ponta da cama e ele se acende, mostrando as horas. Zabdiel tinha que ter acordado há cinco minutos atrás.

Deixo que ele continue dormindo e abro a porta do guarda roupa, pegando o cabide com as roupas que tinha separado na noite anterior. Visto a calça jeans, uma blusa de manga comprida e deixo para colocar o sobretudo quando sair de casa.

Zabdiel roda na cama e enterra o rosto no travesseiro, mas ainda não levanta.

Depois de eu estar completamente vestida e já ter colocado até a sapatilha, ele finalmente se levanta e arrasta seu corpo até o meu, dando um beijo no meu pescoço e sussurrando "bom dia". Digo o mesmo e depois de vê-lo ir ao banheiro, abro as cortinas do quarto e bufo mais uma vez pela chuva ainda estar lá.

Vou até a cozinha e ouço o barulho do chuveiro ligado, Zabdiel também estava tomando banho. Coloco dois pães na torradeira e começo a pegar mais alguns itens para o café da manhã como geleias, queijo branco, mel, iogurte e suco. Ligo a cafeteira e pego as xícaras também.

Zabdiel e eu tentamos ter uma rotina pelo menos matutina e encontramos o café da manhã como uma boa escolha para isso. Nossos horários não coincidem todos os dias, mas pelo menos cinco vezes na semana dá certo.

O seu banho é bem rápido, então menos de dez minutos depois vejo Zabdiel saindo do quarto já vestido e secando o cabelo com a toalha.

— Bom dia, amor. — falo, vendo ele sair do banheiro e vir até a cozinha.

— Bom dia, bela. — me deu outro beijo, agora na bochecha — Dormiu bem?

— Dormi, e você? A dor de cabeça melhorou?

— Melhorou. — respondeu enquanto pegava os pães na torradeira e colocava no prato — Mesmo achando que hoje vou chegar com dor de cabeça de novo.

AmnesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora