33. Por favor.

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Algumas horas se passaram desde a explicação de Matthew sobre a saúde de Zabdiel, mas ainda sim era como se eu tivesse ouvido a história há cinco minutos atrás.

Meus pais haviam ido tomar um lanche da tarde no próprio refeitório do hospital, Matthew precisou ir embora e eu fiquei sozinha no quarto. Mas não por muito tempo.

Precisava tomar um banho, para tentar renovar alguma energia que ainda restava em mim. Foi isso que eu fiz, e mesmo sabendo que poderia ser psicológico, senti que eu estava, pelo menos, um por cento mais forte para encarar tudo o que iria acontecer.

Estava com a toalha enrolada no corpo, pensando e repensando se eu colocaria a mesma roupa que estava vestindo — o vestido da formatura — ou pegaria alguma roupa no achados e perdidos quando Emma abriu a porta na velocidade de um leão, quase me matando de susto.

MADISON! — ela gritou, me abraçando e automaticamente de molhando.

Estava precisando tanto de um abraço forte, cheio de carinho e proteção, que mesmo quase sem ar, permito que ficássemos assim por algum tempo.

Pouco a pouco, ela me soltou, me encarando e prestando atenção em mim.

— Como você está?

— Na mesma. — respondi sinceramente — Ele ainda não acordou. Não sei se vai acordar.

— Claro que vai! — disse empolgadamente — Foi só um mal estar.

— Não foi só isso... — respondi contra a minha vontade. Eu literalmente não sabia lidar com esse assunto ainda.

— Não? — respondeu no mesmo segundo. O sorriso inocente saiu de seu rosto, dando lugar a uma expressão preocupada.

— Não. — abaixei a cabeça, olhando para meus próprios pés. Eu ainda estava descalça — Matthew veio aqui mais cedo e me explicou tudo.

Podia ver a confusão se conformando em sua cabeça, então tratei logo de explicar resumidamente o que aconteceu.

Emma permaneceu em silêncio, mesmo depois de eu ter dito tudo.

— Por isso não é tão simples. Ele provavelmente sentiu alguns dos sintomas, mas pensou não ser nada. Se ele tivesse me contado...

Emma me interrompeu.

— Não havia muito o que você poderia fazer, Mad. Você não pode se culpar. Nem ele tem culpa disso. Ninguém tem.

— Estava tudo tão bem, estávamos felizes. Finalmente havíamos construído uma relação sincera, com confiança e amor. — desabafei — Ou eu pensava que sim.

— Você já chegou a pensar que ele não te contou por que tinha medo da sua reação? Por que não queria estragar o namoro de vocês com algo que ele pensava não ter importância? Eu não sei como ele te esconderia isso por não confiar em você. Na verdade, foi o excesso de amor que ele sente por você que fez com que ele fizesse tudo isso.

Não precisei que Emma terminasse a fala para chorar. De repente, todas as boas lembranças de Zabdiel chegaram com força, me recordando de tudo que vivemos juntos. As discussões, as maratonas de filme, o som que ele faz quando dorme, sua risada, seus beijos e seus abraços.

Depois de alguns minutos, o choro parou. Emma ficou ao meu lado o tempo todo, fazendo carinho no meu cabelo e me aninhando em seu colo.

Só depois disso percebi que ela tinha trazido uma troca de roupas para mim. Então, depois de me vestir, resgatei a força que ainda existia e abri a porta do quarto, saindo do mesmo. Caminhei pelo corredor com Emma ao meu lado, cautelosa pelo que eu faria.

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