48. Chá de camomila ou vodka?

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— Senhora Malvidick, por favor passe no ambulatório e entregue essa receita a eles. Fornecemos esse medicamento aqui no próprio hospital e a senhora consegue economizar um bom dinheiro com ele. — terminei de falar enquanto carimbava e assinava embaixo do mesmo no receituário.

Ela se levantou, agradeceu mais de dez vezes e saiu do consultório com um sorriso no rosto.

São dias como esse que me lembram o motivo de ter escolhido Medicina.

Como ela foi minha última paciente com prontuário e já eram pouco mais da oito da noite comecei a guardar minhas coisas e desligar o computador.

Com Zabdiel fora tenho pego plantões de doze horas praticamente todos os dias. Me ajuda a manter minha mente ocupada e consigo ganhar mais dinheiro e experiência, unindo o útil com o necessário.

Saí do hospital e peguei um táxi direto para o apartamento de Joel. Prometi a Emma que jantaria lá pelo menos uma vez na semana e estava cumprindo o que tinha dito. Semana passava jantamos nós quatro, mas como os garotos estão viajando seríamos só nós duas.

Cheguei trinta minutos depois por causa do trânsito e também porque o apartamento de Joel era do outro lado da cidade. No elevador, chequei meu celular pela milésia vez no dia e bufei por não ter nenhuma mensagem de Zabdiel ali.

Já faziam dois dias da sua viagem e ele só respondeu minha mensagem quando perguntei se ele tinha chego bem no México. A resposta "sim". Quis mandar uma mensagem xingando-o de todos os nomes possíveis, mas apenas ignorei como ele vinha fazendo.

— Madison?

Pisquei duas vezes e não entendi como já tinha parado na frente da porta do apartamento. Estava tão avoada que nem reparei que tinha chego.

— Oi, oi! — falei disfarçando — Que cheiro bom, hein?!

Deixei minha bolsa em cima do sofá e me esparramei ali mesmo. De canto, vi Emma fechando a porta e depois se sentando ao meu lado.

— Como você sabia que eu tinha chego? — perguntei curiosa porque não tinha avisado que tinha saído do hospital.

— Sabia que você sairia ás oito... Ouvi o barulho do elevador e quando abri a porta você estava perdida dentro da sua própria cabeça.

— Esses apartamentos de ricos que são um andar para cada um...

Tirei o celular do bolso e chequei ele pela última vez. Joguei-o em cima de Emma e ela se assustou. Me olhou, erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços, esperando que eu explicasse.

— Que foi?

— Você fica muito chata quando não quer me contar as coisas, sabia? — respondeu sem paciência.

Ela se levantou e foi até o mini bar na parte lateral da sala, abrindo as duas portas do gabinete e pegando dois copos e depois enchendo-os com vodka pura.

Revirei os olhos só de imaginar o gosto da vodka descendo pela minha garganta.

Emma voltou e se sentou com os dois copos na mão, esticando um deles para mim. Neguei com a cabeça, não iria beber de estômago vazio.

— Você prefere chá de camomila para te acalmar?

Sentei como uma pessoa normal no sofá e peguei o copo que ela ainda estava me dando. Talvez eu realmente precise relaxar.

Brindamos como se fosse champanhe e dei o primeiro gole, me arrependendo de ter feito isso. O lado bom da vodka é que depois dos três primeiros goles você bebe igual água. Esse é o lado ruim da vodka também.

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