• IRA • 9

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Totalmente embriagado pelo aroma de morangos e damascos frescos, cerrei os olhos e esperei por seu toque. O bom calor de seus lábios se aproximava dos meus, tinha uma sensação única e sua respiração permanecia calma.

— Enfia na tua cabeça que eu nunca serei o seu ômega! - Sua voz doce saiu quase em um gemido.

Ao ouvir sua fala carregando tanto escárnio, meu lobo rosnou enfurecido com tamanho atrevimento do ômega. Jimin era sinônimo de teimosia e falta de disciplina, o tipo que irrita profundamente. Quieto e perplexo, fiquei ali petrificado ao centro do salão digerindo o que tinha acabado de acontecer. Notei que estava sozinho assim que sai do transe por meio do estrondo que madeira da porta causou quando Jimin saiu.

— Que merda acabou de acontecer? - Xinguei em voz alta estupefato. - Tomei um fora?

Quem aquele ômega pensa que é? O dia todo me fez queimar os nervos com sua deselegância e falta de postura diante a minha presença conversando com diversos alfas, os tocando e sorrindo aos mesmos. Ele não entendeu ainda que me pertence e a partir de hoje não tem mais o direito de sair por aí se envolvendo com pessoas nas quais eu desconheço. Jimin sem marca e aliança me preocupa muito, um minuto que saio de perto os abutres aparecem para tentar ganhar sua atenção. Raça repugnante.

— Ei, ranzinza! Está bem? - Meu irmão Hoseok me chamou assim que adentrou o cômodo.

— Eu vou acabar com aquele ômega. - Meus olhos fixavam o chão em puro ódio.

— Tudo bem, Sr. Ira! Vamos voltar para casa.

Então Hoseok pegou meu braço e me levou para a carruagem, visto que o meu estado não era um dos melhores. Viajamos de volta pra a Colônia do Fogo e não consegui pensar em nada durante toda a jornada que não fosse aquele ômega insolente, Park Jimin.

— Você está fissurado. - Exclamou Hoseok. - Não para de pensar nele, isso é preocupante.

— Estou irritado com ele. - Rebati furioso. - Pensa que pode fazer o que bem entende.

— Mas ele pode! - Ele ria em deboche. - Você está o importunando demais, deixe-o em paz.

— Eu tento deixá-lo, mas o tempo de um piscar de olhos é suficiente para que surja alguém que dê em cima dele. Não vou permitir que ninguém se aproxime até marca-lo.

— Credo, você é possessivo demais. - Meu irmão me olhava torto. - Não é dessa forma que você irá conquista-lo.

— Não somos iguais e você sabe muito bem o que me diferencia dos outros. - Fitei raivoso o ruivo.

— Como quiser, ranzinza.

O que disse a ele o fez desistir de conversar comigo, revirou os olhos e passou a admirar a paisagem da entrada da Colônia do Fogo. Sua paciência era admirável, ainda tinha minhas dúvidas sobre como ele ainda insistia entrar em uma discussão comigo. Agradeço por ser meu irmão, mesmo que seja adotivo.

Jeon Hoseok na verdade não saiu do mesmo ventre que eu, ele foi adotado pelo rei Katsuo enquanto lutava no Japão contra a Coréia. Foi encontrado nos destroços chorando e procurando por algum sinal de ajuda. Infelizmente os pais de Hoseok foram mortos pelos soldados do Japão e o coração do rei estilhaçou ao ver um garotinho de apenas 2 anos de idade implorando por sua vida em meio os tiros e sangue. Sendo assim, Katsuo trouxe Hoseok para o castelo, prometeu que cuidaria como se fosse seu filho e jurou fazer dele um guerreiro, assim como ele foi naquele dia na guerra.

— Está parecendo uma de suas telas. - Hoseok disse simplista e indicou para fora da janela. - Você bem que poderia pintar esse céu para mim.

Amava incondicionalmente meu irmão e como o mais velho exerceu um excelente trabalho em me cuidar, por isso faria qualquer coisa por ele.

— Assim que chegarmos, pintarei. - Um sorriso preencheu seu semblante.

Felizmente durante minha infância desenvolvi habilidades artísticas fora do comum, aquele cenário era o tipo de tela convencional que eu pintava quando não tinha o que fazer. Katsuo me obrigou a estudar toda a área de arte, foram longos anos estudando e me dedicando. Não somente arte, na verdade ele fazia questão de me transformar em um ser incrível capaz de inferiorizar o rei Park Minjung. A rivalidade entre eles alimentou toda a vontade de Katsuo em dar o melhor estudo, treino e ensino que qualquer pessoa poderia ter. E por falar no Katsuo, lembrei-me que preciso conversar com o mesmo quando chegarmos em casa.

A carruagem finalmente adentrou os portões do castelo e caminhou até a entrada principal. O cocheiro firmou os cavalos e assim paramos. Uma mão enluvada puxou a porta para que pudéssemos sair.

— Sejam bem-vindos de volta Príncipes Jungkook e Hoseok! - Ecoou a voz alegre no qual reconheceria de longe.

Hin, o mordomo. Um senhor de idade com tamanha elegância e o nosso melhor amigo. Ele viveu neste castelo quando ainda era jovem e nos viu crescer. A pessoa mais gentil que já conheci, semblante vívido que transmite felicidade por onde passa.

— Olá Hin! - Falamos em coro.

— Pelo entusiasmo estão arranjados com os melhores ômegas do reino! - Exclamou Hin com um sorriso sacana.

Eu não diria o melhor do reino.

Hoseok até que concorda, já que se deu muito bem com o seu novo marido. Agora o meu? Ele ria na cara do perigo.

— Tirei a sorte grande, Hin. Já, o meu irmãozinho nem tanto. - Apontou para mim com uma expressão esquisita. - Os nervos estão a flor da pele.

Marchamos um do lado do outro pelo jardim da entrada principal.

— Oh, interessante! Quer dizer que Jungkook arranjou alguém que diz não a ele? - A voz do velho estava brincalhona.

Ambos gargalhavam da minha cara.

— Haha. - Ri ironicamente. - Continuem rindo, agora ele é parte da família de vocês também.

— E qual é o nome do sortudo? - Hin insistia em zombar da minha cara.

— Park Jimin. - Pronunciar esse nome já me irritava.

— Casou-se com um dos Park? - Bradou muito perplexo. - Mas que honra! A família Park é uma das mais antigas das gerações. - Aquele assunto parecia interessante para ele. - Carregam lendas e tradições incríveis.

Hin empacou no meio do trajeto e começou a falar sem parar sobre a família Park e uma dezena de histórias de reino, viagens e o passado.

— Magnífico, estou ansioso para conhecê-lo. - Bateu palmas animado.

Continuamos o caminho e até que enfim chegamos ao castelo.

— Você e as suas histórias Hin. - Usei um tom cansado. - Katsuo já chegou?

— Está em seus aposentos, meu jovem. Quer que eu lhe acompanhe? - Perguntou cortês.

— Obrigado, vou sozinho até lá. Pode descansar.

Saí dali deixando os dois conversando sobre algo que me parecia ser "Park Yoongi, o noivo perfeito."

Passando pelos corredores notei que havia algo de errado com o rei e acelerei ainda mais o meu passo até seu quarto. Avistei a sua porta, entrei sem bater e o procurei com os olhos. Lá estava ele sentado em sua mesa com algumas xícaras de chá, pensativo enquanto rabiscava algo no bloco e em seguida jogava a mesma folha fora.

— Katsuo! O que houve? Consigo sentir sua tensão à metros. - Exclamei com certa preocupação.

— Nem tudo saiu como queríamos meu filho. - Sua voz saiu desapontada.

Em instantes meu corpo se enrijeceu e a mesma tensão tomou conta de mim. Fitei seu rosto cabisbaixo e então ouvi sua voz sair mais uma vez.

— Você terá que morar na Colônia das Névoas.

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INCÓGNITA • pjm✕jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora